Livraria Cultura

29.6.09

Cidades-sede: São Paulo

Inquestionável sua participação como cidade-sede, no entanto, questionáveis são seus projetos.
São Paulo é a cidade que tem uma vida noturna invejável, bares e clubes aos montes, um lugar onde o que você estiver com vontade de fazer, independente do dia ou da hora, sempre haverá um local para isso com qualidade. Além disso, por ser uma capital financeira, tem uma vasta rede hoteleira.
São Paulo, não será como as outras por não ter um turisto baseado em belezas naturais, por exemplo. No entanto, parece visar mais um turismo empresarial, onde a vinda de estrangeiros, ou até mesmo brasileiros, resultem em futuros negócios. São Paulo tem sim os melhores hospitais, é onde os melhores profissionais se reunem, tem as tecnologias mais avançadas (do país, pelo menos), local onde as maiores pesquisas científicas aparecem, e, sem dúvida, isso tudo é ponto a favor da cidade. Uma cidade onde há de tudo um pouco, onde a gastronomia é exemplar, onde pode achar o melhor de todas as culinárias do mundo, onde tem grandes arquiteturas, museus excepcionais (inclusive o do futebol, que é só elogios perante os maiores diretores da FIFA), onde tem características particulares, onde o contato com a arte e cultura se dá a cada esquina....
Mas agora podemos falar um pouco dos problemas. O primeiro, e maior de todos, é o trânsito!
A cidade, é, como um bom exemplo da admiração do Brasil pelos Estados Unidos, uma cidade que tem seu transporte baseado no rodoviarismo - o pior meio de transporte que se pode escolher, já que é baseado em um combustível extremamente poluente, onde gera-se congestionamento, impermeabiliza o solo, e onde sua própria prática, já se provou inviável.
Mais inviável ainda são as marginais: uma idéia infeliz de se colocar carros trafegando e impermezabilizar a área onde os rios tem para transbordar durante cheias ou chuvas mais fortes. Desde o início, foi uma idéia infeliz. Mas São Paulo não aprende, cada vez mais, canaliza rios, e aumenta faixas nas marginais. Provavelmente essa ampliação atrairá mais carros, e bateremos novamente os recordes de congestionamentos.
São Paulo, infelizmente tem poucas áreas verdes significantes, no entanto, essa Copa pode colaborar com a quantidade de área verde por habitante, e com tecnologia mais saudável para a cidade, seja no transporte, nos hábitos ou nas construções (como ajudará em todo o país).
São Paulo, na minha visão, é a que tem mais infra-estrutura adequada, no entanto, a que mais sofre pela sua própria grandiosidade. Não é um problema que não pode ser revertido, pode sim! No entanto, são necessários bons projetos, e uma dedicação grande para que os investimentos sejam feitos a tempo para a Copa.
Assim como o Rio de Janeiro e Recife, é uma cidade que sofre bastante com a violência e falta de segurança. Pode não parecer tão óbvio, mas a Copa ajudará nisso também. Isso pelo aumento de empregos, principalmente na construção civil, no emprego na rede hoteleira e hospitalar, e os indiretos: limpeza urbana, manutenção, design e comunicação, publicidade, entre outros. Isso ajuda na diminuição da violência. Pode não ser tão significativo a primeira vista, mas somado ao aumento de instrução, à paixão do brasileiro pelo futebol, à hospitalidade do brasileiro perante o turista, etc, tudo caminhará para a diminuição dos problemas. Sem contar que grandes planos de segurança serão bolados, ainda melhores que durante os Jogos Panamericanos em 2007, no Rio (que foi um paraíso).
Sobre o projeto do estádio, é um assunto sobre o qual já até me canso de estudar, nada ainda me faz acreditar que o Morumbi seja a melhor opção. É o atual melhor estádio de um clube hoje? É. Faz dele um estádio bom para a Copa? Não! O estádio do Morumbi ficará, sem dúvida, muito melhor com as reformas, mas o entorno do estádio é limitado pela intensa urbanização que teve.
O SPFC passará de o melhor estádio do Brasil, para o pior estádio da Copa se fizer somente estes investimentos.
Fica num bairro nobre da cidade, mas, apesar disso, acho que vai contra a idéia de se aproveitar investimentos para a cidade. A construção de um estádio, leva junto consigo, a necessidade de hospitais nas suas proximidades, bem como equipamentos urbanos, qualidade de telefonia e comunicação, saneamento básico, etc. Essa é a chance de se levar estes investimentos (privados de preferência) para áreas onde não há tudo isso, ou onde isso é deficiente. No Morumbi, ou levará mais investimentos ainda para a elite da sociedade, ou não levará nada pois ali já tem. De certo, parece uma escolha mais segura no que se diz respeito ao evento, mas me parece uma escolha burra.
Segunda questão é ser um clube privado. Depois da Copa, quem mais se beneficiará com todos os investimentos urbanos, seja em melhorias de ruas, equipamentos, acessibilidade, etc, será o próprio SPFC, que se tornará ainda mais discrepante em termos de infra-estrutura em comparação com outros times, resultando em mais diferenças na qualidade do futebol. Não importa se a reforma do estádio é feita pelo clube e investimento privado, mas todo o investimento público, só trará retorno ao São Paulo, que receberá cada vez mais clássicos (renda de ingressos), shows ($$$$), turismo, entre outras fontes de renda para o clube, ou seja, zero para o governo de retorno.

Deixo claro que não é uma campanha anti SPFC, muito menos pró corinthians, pois seria ainda mais utópico e completamente incoerente defender a idéia de um outro time lucrar com o pós-copa. Sem contar que Andres Sanchez já declarou que se o Corinthians vier a construir um estádio, não será para o mundial.

Agora sobre a proposta para as reformas do Morumbi (que também penso estar aquém da dignidade da cidade de São Paulo):


A questão de design é bastante de opinião. Não há certo ou errado necessariamente. Como simplesmente não gosto, vou deixar de lado por ser questionável.

A distância das arquibancadas - A maioria dos estádios está rebaixando o gramado e aproximando as arquibancadas, visando uma melhoria no conforto e visibilidade dos torcedores. Porque não aproveitar que estamos fazendo uma grande renovação no futebol, para proporcionar durante e a Copa e, principalmente, depois um bom evento? No entanto, o Morumbi não será assim. Conforme o limite máximo dado pela FIFA, 190m, o Morumbi tem 191m. É claro que esse 1 m não intereferirá na eliminação do Morumbi. No entanto, é fazer o mínimo, não? É a pior das circunstâncias (+ 1 metro) !

A FIFA exige que os estádios para a Copa, não tenham pista de atletismo, pela visibilidade. Não é a ausência das faixas que está adequado. O legal e IDEAL é ter o torcedor bem próximo ao campo, isso dá mais valor ao espetáculo! (em breve, escreverei sobre as pistas de atletismo que somem a partir do momento que eliminam elas de dentro do estádio)

Sobre o estacionamento em volta - A FIFA exige, sim, um estacionamento, e, como o Morumbi não tem um com capacidade adequada atualmente, a necessidade de um estacionamento maior é evidente. O SPFC negociou um terreno em seu entorno para isso. Até aí, ótimo! No entanto, a idéia de "um parque para a cidade" que vem junto com o estacionamento, em sua cobertura, parece ser um falso discurso. O que garante que esse "parque" não será perdido? Que não será um espaço perigoso? Que será utilizado pela sociedade? Não há programas quanto a isso e a palavra "Parque" parece ser usada como uma falsa idéia de área verde e sustentável já que seria uma Copa "verde", mas assim não é, sobre essa plataforma, há o estacionamento, portanto não é impermeável, como todo estacionamento característico de São Paulo. Enfim, meu sentimento quanto esse estacionamento parece ser uma coisa para consquistar apoiadores, puro marketing. Sob o ponto de vista de trabalho desse "parque" daria nota zero. Basta olha para o entorno do Ninho do pássaro, na China, e/ou o Allianz Arena para ver como esse parque não tem nenhum trabalho arquitetônico e de design. É puramente um espaço com as forma originais, onde se jogou algumas plantinhas para dizer que é verde, pior, jogado aleatoriamente ainda. Sem estudo algum nem mesmo de paisagismo!


Esgoto - Vi uma manchete que diz que o Morumbi depende de soluções ambientais e outra que "denuncia" que, até hoje, o estádio joga os seus dejetos de forma irregular. Bom, isso pra mim é crime já que o Morumbi é o "estádio exemplo do brasil". Enfim, não sei se é verdadeira, mas se for, já passou da hora de resolver isso, e é uma verdadeira vergonha se for verdade. Enfim, nada provado, então não é culpado.

Acessibilidade - com ou sem Copa do Mundo, a Linha Amarela do metrô já estava sendo construída. Agora, pensando que somente 50% dos torcedores que vão assistir os jogos da copa ou dos nossos próprios campeonatos utilizem o metrô no momento da saída. (50% já é um número baixo) Essa porcentagem é equivalente a 31.000 torcedores para a copa, e 33.500 depois da copa, com a capacidade aumentada. Imaginem isso em uma única estação!


Para se ter noção, na estação tietê, onde temos o maior terminal rodoviário da América Latina, num horário de pico, que é bastante ruim, há uma estimativa do metrô referente a 20.000 passageiros/hora!

Agora imaginem numa situação de show, onde a lotação do estádio é essa MAIS as pessoas que o ocupam todo o campo de jogo.

É a única estação que terá ali e nem será tão perto! Nesse ponto até mesmo o Pacaembu está melhor situado, pois tem duas estações de metrô que são mais perto ainda!
Porque não investir em transportes em massa saudáveis, integrados e eficazes? Temos tantas opções, algumas poderiam ao menos começar a ser estudadas e contruídas, angariando ainda mais investimentos privados (de preferência estrangeiros)... TRAMs, Bondes (agregando valor urbano a São Paulo, incentivando turismo e revitalizações, ainda mais do centro), VLTs, metrôs, bicicletas, ônibus movidos a hidrogênio. Muitas opções saudáveis e, mesmo assim, as grandes propostas de São Paulo se limitam a pontes, viadutos, mais faixas em marginais. Nada parece solucionar o grande problema da cidade se não atrair mais carros para essas novas passarelas automobilísticas.

Sobre a proposta interna: arquitetônica, de programação e decorativa. Acho que as três pecam...

Dentro do São Paulo há a loja que mais vende artigos esportivos da Reebok. Excelente! No entanto, é só isso que vejo de positivo. Acho que o São Paulo deveria desenvolver mais os projetos nessa questão. Não cabe um investimento tamanho, se não for programado como o estádio arrecadará verba a partir do momento em que a Copa do Mundo de 2014 acabar. Também não vale pensar em usos que poderiam sair de outros lugares para acontecer ali, mas novos usos! O Café e o restaurante são boas idéias para manter um espaço interessante. No entanto, abaixo são as fotos apresentadas pelo São Paulo e publicadas no Portal da Copa:


Agora estas abaixo são os restaurantes/bar dos dois times do Allianz arena, na alemanha, o PSV e o Bayern de Münich, extremamente bem sucedidos e que dão bons lucros e acrescentam valor aos times:


Fotos retiradas respectivamente: the sunday times, Allianz Arena Website e Flickr do usuário Daveybot
As fotos acima são do bar dentro do Allianz arena, Alemanha, com um teto personalizado. Além disso, tem um atendimento que foi muito elogiado, e um cardápio dedicado aos times residentes
Medíocre. A palavra pode parecer forte, mas é exatamente o que eu sinto quando vejo essa proposta do Morumbi. Ainda mais por se tratar de São Paulo, uma cidade onde estão os melhores profissionais do país, por estarem aqui as melhores propostas de negócios, e onde a facilidade de conseguir investimentos é até mais fácil que em outras regiões do país. Nada além de um bob's foi proposto, uma lanchonete clichê, com o mínimo a oferecer. Tem que ser criado algo como no Allianz-arena, que crie uma identidade própria, algo que marque o local como algo que tem que ser visitado. Um bom exemplo em São Paulo é o bar/restaurante e piscina vermelha do hotel unique (projeto do Ruy Ohtake, mesmo arquiteto que faz a proposta da reforma do Morumbi). É algo único!

Muitos pontos além desses devem ser trabalhados: poluição, poluição sonora, instrução de funcionários de prestação de serviços, conscientização e estímulo da cidadania.
São Paulo está um pouco atrás na corrida para ter tudo adequado e ainda superar expectativas. Principalmente porque nem o projeto do estádio foi tão bem aceito como no de outros estados.

Portanto, noto que São paulo tenha que se preparar melhor em relação aos planos gerais e às eficácias dele, para aí, então, trabalhar algo que crie uma identidade para a cidade.

Como já escrevi outro texto sobre os motivos pelos quais acho que o Morumbi não deva ser escolhido como estádio que representa São Paulo, acho que se continuar, serei muito repetitiva.


Acho muito difícil o Morumbi não ser sede, pela polêmica que geraria de ser proposta, depois retirada, e de toda a mídia que o SPFC já envolveu divulgando visita do Lula, parcerias, detalhes do projeto, palestras com o arquiteto. Enfim, apenas discordo desta ser a melhor opção. No entanto, se for mesmo escolhido o Morumbi, que se façam melhorias no que foi proposto, pois há muitos e imensos problemas.

Só para finalizar com um elogio, mencionei no post de Curitiba, mas o São Paulo tem uma visita guiada legal, que une a visita do estádio com a história do time, vídeos, entre outras coisas. A única coisa que poderia ser feita nesse âmbito, é criar ainda mais, criar pacotes para diversos tipos de interesse como escolas, terceira idade, empresas, deficientes visuais, auditivos ou físicos, pacotes para famílias, etc. Fica aí a sugestão.

*Complemento do post originalmente publicado:
A imagem acima a esquerda o bar Santo Paulo, que já tem maior identificação com o time, mas ainda assim não é memorável ou único. Simpático, no máximo. Acima a direita, uma sala vip. Legalzinha! Boa mas também não é excepcional!
Quem quiser ler mais sobre as controvérsias e outras propostas aconselho que olhem o site Portal da Copa, lá tem muitos textos e entrevistas. Vale a pena dar uma olhada.

26.6.09

A cor dos gramados


Como um intervalo para os post das cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, elaborei esse post respondendo à pergunta feita num comentário do Pedro no texto sobre BH.

Pedro me questionou sobre o possível trabalho de listras, xadrez, etc, no gramado durante a Copa de 2014, no Brasil e sobre as exigências da FIFA em relação a isso.
Como não sabia exatamente as respostas, imaginando não haver exigências específicas da FIFA e servindo somente para facilitação da arbitragem, entrei em contato com o Engenheiro Agrônomo, Artur Melo, que tem vasta experiência em campos de futebol e golf.
"Normalmente as duas cores que você vê num gramado (verde mais escuro e mais claro), sejam em faixas, xadrez, ondas ou círculos concêntricos, são dadas pelo corte com máquinas helicoidais e cuidado com a paginação visual dos responsáveis pela manutenção. Essas máquinas a um só tempo, cortam e “penteiam “ o gramado, como um “veludo de jóias”. Nós, agrônomos, regulamos a altura e freqüência de corte, bem como treinamos os operadores a cortarem em determinado sentido, orientados por linhas, fazendo os desenhos. Inclusive a diferença de cor se dá porque as folhas do gramado, cortadas e “penteadas” em sentidos contrários refletem a luz de maneira diferente, fazendo a diferença de tonalidades de verde. Assim, essas faixas, xadrezes, etc ; tem uma visualização maior em jogos feitos com luz natural e, dependendo do ponto de vista do observador, as faixas mudam de cor (a faixa mais clara, torna-se mais escura quando observada de um outro ponto do Estádio).", explica Artur Melo.


Acima, imagens enviadas por Artur Melo das tais máquina helicoidais que cortam e penteiam o gramado.

O Eng. Agrônomo confirma ainda, que gramas diferentes e alturas de corte diferentes não são recomendadas pela FIFA assim como aconselha que os cortes sejam em faixas, lateral/lateral, para facilitar a arbitragem.

"Às vezes, pode ser visto em jogos, uma determinada região do campo (pequena área, ou meia lua, ou círculo central, etc) de cor mais escura que o restante do gramado. Nesse caso, não é corte. È uma “maquiagem” que usamos para evidenciar essas áreas. Esta, é feita através de pulverização (pintura) de um corante similar a uma clorofila, atóxica para o gramado e os usuários", termina Artur Melo.


Bom, esse post foi muito explicativo para mim, e espero que tenha mostrado como o gramado pode ser trabalhado, sempre sob responsabilidade de profissional competente, o engenheiro agrônomo, junto ao arquiteto que facilita insolação natural e escolhe a cota certa para o gramado e a outros profissionais que também colaboram para uma boa estrutura esportiva.
"A Grama do Vizinho não é mais verde" para mais informações sobre gramados e sua importância

24.6.09

Cidades-sede: Belo Horizonte!

De longe, Belo Horizonte é uma das cidades que mais conseguiu fazer um projeto que atualiza e revitaliza seu estádio sem mudar completamente sua cara. Acho que nesse ponto é um exemplo! Mudanças internas, no entorno, grande valorização através da iluminação, tornou o Mineirão um estádio muito melhor, mas continua sendo, claramente, o Mineirão que todos conhecemos.

Belo Horizonte está na disputa para sediar a abertura dos jogos, junto a São Paulo e Brasília.
Na minha opinião, merece bastante ter a abertura, no entanto, pelo fato de Brasília ser a capital do Brasil e São Paulo, a capital financeira, corre-se o risco de Minas ficar sem essa. Pena porque tem um bom projeto!

Vídeo do Projeto:

Junto ao vídeo acima, há links para vídeos de outros projetos para a Copa que valem a pena serem vistos.


O projeto propõe uma grande esplanada para grande dissipação do público torcedor com um estacionamento abaixo, atendendo às exigências da FIFA através do aproveitamento do desnível do terreno (acima a esquerda). Um exemplo de sucesso nessa escolha é o Allianz-arena, em Munich, Alemanha, que sediou a Copa de 2006, a qual considero exemplo em diversas questões. O novo Mineirão propõe uma cobertura metálica e de membrana de policarbonato que atende a toda a arquibancada sendo que parte dela permite iluminação natural (acima a esquerda).

O projeto é do escritório Gustavo Penna em parceria com a GMP International (responsável pelos projetos da Commerzbank Arena, na Alemanha, foto abaixo a esquerda, e pelo Greenpoint, estádio da Copa do Mundo de 2010, África do Sul, abaixo a direita, e o Moses Mabhida Stadium, em Durban, também para a Copa de 2010 - além de outros projetos esportivos como o Olímpico de Berlim, projetos na China, realmente muito bons).


A proposta visa melhorar a visibilidade e adequação e facilidades para diversos usos, tendência de todos os estádios para que consigam lucrar com outros eventos também para justificar os investimentos e a futura manutenção dessas novas estruturas. Para obter tal resultado, o campo de jogo será rebaixado em 3,5m. No entanto, senti um pouco de falta como esse estádio receberá mais mudanças para aumentar o número de eventos ou quais equipamentos estarão inclusos no complexo, além dos possíveis shows. (Quem souber, favor avisar!) A intervenção inclui melhorias no Mineirinho também, formando um bom trecho de revitalização. Depois dessa intervenção, a vista desse complexo será magnifíca, principalmente da lagoa da pampulha.
Conhecendo alguns projetos do arquiteto Gustavo Penna, posso dizer que ele sabe bastante valorizar uma obra com o trabalho da iluminação (natural E artificial). É um setor que poucos brasileiros tem capacidade de trabalhar, e que poucos vêem a importância de se desenvolver, principalmente porque existem poucos cursos adequados e relevantes nesse setor e porque é uma disciplina pouco abrangida nas faculdades de arquitetura no país. A iluminação geralmente é utilizada na valorização de fachadas, principalmente de bens históricos.
Na questão de transportes, complementos nas linhas de ônibus e metrô podem colaborar com a facilidade de acesso, além de um possível e, sem dúvida, interessantíssimo, atendimento ao pedido de mais ciclovias para a cidade. É um ponto importante a ser trabalhado, pois há um setor da cidade onde esses transportes públicos atendem relativamente bem, outros setores, no entanto, atualmente são deixados um pouco de lado. É nesse ponto que deve-se trabalhar, um melhor atendimento de transportes de massa, não poluentes, que possam abranger a cidade como um todo.
Assim como o projeto do Beira-Rio, esse é um projeto que estudou bastante as necessidades da região, estudou seu entorno e deixou com a característica da região.

A limpeza na fachada, será necessária, obviamente. Essa mesma estrutura de concreto, marcou um período da arquitetura brasileira, e a manutenção dela, como é, é de grande valor para nossa história, sem contar na permissão que essa estrutura regrada e com vãos ritmados, promove uma boa pregnância visual e facilidades para a possível comunicação visual, durante os jogos, e até mesmo depois. O piso em volta do estádio teve um tratamento muito bem feito, destacando acessos. (foto abaixo, do site do Gustavo Penna)


Sobre turismo, o estádio já tem boa história e fica bastante próximo ao lago da Pampulha e a Igreja da Pampulha, incluindo, portanto, o turismo referente à paisagem, arquitetura e arte (salientando Portinari). Belo Horizonte em especial tem outros pontos interessantes a serem visitados, como a Praça do Papa, por exemplo. Um turismo culinário deve ser incentivado mais ainda, através de incentivos a novos projetos, e a uma vida noturna mais agitada, servindo como complemento de melhorias em áreas degradadas. Sem dúvida a cidade lucrará e poderá mostrar o que tem de melhor durante a copa, podendo aumentar mais ainda suas visitações no período pós-copa, além de ganhar um cartão-postal muito mais elegante.

foto do site do Arq. Gustavo Penna
Sinto falta de um projeto que demonstre mais os pontos de um investimento "sustentável", principalmente por propor muitas ampliações de vias, enfim, coisas que parecem mais atrair automóveis, do que solucionar problemas, mas o local onde o Mineirão está inserido pode proporcionar facilmente vários tipos de ações de conscientização, desde já, e, ser, futuramente, exemplo, se houver um projeto criativo/inovador para a região (talvez até museus, atividades, exposições, equipamentos conceituais, entre outros). De repente, um plano de atitutes mais "verdes" pode englobar a Copa em geral, não somente na infra-estrutura.

O Portal da Copa fez uma entrevista com o Gustavo Penna. Quem quiser conferir, clique aqui.

Minas é mais um dos estados que representará muito bem o país, mas que precisa se dedicar mais em benefícios da rede hoteleira, de transporte de massa, em estratégias para incentivar que o turista permaneça mais na cidade (por lazer e principalmente para negócios), na inserção de novos eventos no estádio e no complexo esportivo e de lazer que está sendo "criado" e organização deles ao longo do ano. Além do tema, que não deve ser trabalhado só por ser tema, mas pela pura necessidade que temos em relação aos problemas ambientais.

23.6.09

Cidades-sede: Curitiba

Com uma área verde de 51,5m² por habitantes, superando três vezes o mínimo exigido pela ONU, Curitiba tem uma das melhores qualidades de vida do país.

Exemplo em urbanismo e transporte público, essa cidade sempre inovou e apresentou boa organização da cidade. Facilidades no transporte até mesmo incentivaram outros projetos pelo mundo. A cidade tem rotas turísticas pela cidade, e ciclovias, que beneficiam o turismo.

Quanto ao estádio, a Arena da Baixada é uma das mais atuais do país. O novo projeto, na verdade, adequa sua estrutura seguindo as organizações espaciais exigidas pela FIFA e constrói mais uma arquibancada (antes em forma de "U" - foto acima a esquerda). O estádio tem boa reputação e, conforme o próprio site do Atlético Paranaense, demonstra grande dedicação ao gramado. Fora isso, o projeto não acrescenta tanto além de uma casca (foto abaixo) que melhora, de fato, a plasticidade. Particularmente, eu não vejo nada tão atraente. Sem dúvida melhora, e é um bom projeto: está correto, tem a preocupação de atrair público e uma preocupação com o uso... tornando-o basicamente um centro de convivência, promovendo os ambientes internos. Os usos do estádio já são variados, mas através desse projeto, o retorno será maior. Vale a pena salientar mais o tratamento em relação ao meio ambiente. Por ser uma cidade respeitada nesse âmbito, poderia ser feito algo a mais sobre essa questão.
Acho que no interior a arquitetura pecou um pouco, pela falta de elementos. Justifico: não há nada que realmente chame a atenção, tudo muito pilar-teto. Sinto uma falta de desenvolvimento no acabamento do projeto. Mas nada que interfira na função em si. Enfim, só meu ponto de vista.
Os benefícios que Curitiba busca através da copa são: maior número de turistas e um maior espaço no setor de negócios. É uma grande cidade que é capaz que ampliar seus relacionamentos e que tem pontos turísticos importantes a serem visitados.
Curitiba é bastante preparada, mas mesmo assim ainda investirá bastante.
Acho que, como já está preparada, a criatividade ali pode entrar mais facilmente, promovendo novas idéias no âmbito de preservação do meio ambiente, algo pelo qual a cidade é bastante respeitada. Além disso, acho que pode ser feita, mais para o brasileiro do que para os turistas, a agregação de valor na relação do estádio com o time. Vale vincular um ao outro, através de campanhas de marketing, das visitas guiadas, enfim, qualquer estratégia que beneficie e acrescente valor ao time e ao estádio ao mesmo tempo. Atualmente o estádio faz visitas guiadas, ao custo de R7,00 ou R$10,00 (junto com uma revista a partir de julho), mas, apesar de estarem preparados para responder questões sobre o time, não há nada ali, durante a visitação, que funcione como uma visitação a um museu. No caso do São Paulo, junto com a visita ao Morumbi, há uma parte destinada a certo acervo do time. Apesar de não ser São Paulina, gostei muito de ver esse acervo, vídeos, troféus, uniformes, flags, entre outras coisas. Acho que nesse ponto o São Paulo dá exemplo aos outros times a se auto-valorizarem. Além disso, seguindo exemplos de estádios europeus, o estádio poderia fazer outros pacotes, como para grupos escolares, pacotes-família, etc. Acho que é uma nova forma de atrair crianças, mulheres, e fomentar a campanha de tornar o futebol como um evento de família, como o baseball foi tratado nos Estados Unidos depois de sofrer queda de público.
Enfim, são sugestões e pontos que Curitiba pode trabalhar. Novamente volto a cumprimentar a cidade pelo exemplo que é. Quem souber de grandes pontos negativos ou problemáticos, por favor, me contem, pois ainda não vi nenhum.

21.6.09

Cidades-sede: Porto Alegre



Uma das cidades com melhor qualidade de vida do país, é também a mais preparada atualmente para sediar uma Copa do Mundo. Com um projeto de reforma do estádio Beira-Rio bem desenvolvido, pelo Hype Studio, Porto Alegre também se demonstra adiantada no cronograma de reformas e investimentos.

Por ser extremamente organizada, ter muito suporte e apoio em investimentos, Porto Alegre teria dois estádios disponíveis para a Copa do Mundo de 2014. No entanto, pelas normas da FIFA, somente 1 estádio por cidade pode se candidatar. No caso, seria o Beira-Rio, do Inter, mas há uma proposta do Grêmio.
Embora o projeto do Grêmio seja muito bom.... é muito improvável que desbanque o projeto arquitetônico E urbanístico apresentado.




O projeto do escritório Hype Studio, trabalha muito bem, não só a reforma do estádio em si, como também o entorno, incluindo uma boa parte da orla do Rio Guaíba. Esse projeto sim, promove um espaço para a cidade. Não é um falso discurso como outros estados têm feito.

Em relação ao estádio, será feita a cobertura em PTFE para toda a arquibancada, feita aos poucos, em módulos de estrutura metálica, arquibancada inferior para adequação aos padrões das exigências da FIFA, camarotes e centro de mídia. No entorno, a partir de investimentos privados de outras empresas, ainda a serem fechados, haverá vários equipamentos como um centro clínico especializado em medicina esportiva, hotéis e até mesmo uma marina.




Pode ser notada, também, a disposição de Campos de treinamento nas laterais do estádio (foto abaixo)



É bem essa questão que eu penso quando digo sobre a característica da região para sustentar o estádio. Nenhum estádio pode sobreviver de ingressos, muito mesmo porque a população brasileira não tem dinheiro para pagar altos custos. Além disso, se sobe o valor, elitiza-se o esporte que é um dos únicos que permite a todos independente de credo, cor, classe, enfim...

Neste caso, as características particulares da região foram analisadas e promovidos então, equipamentos condizentes, que não são clichês (restaurantes, shoppings, museus, lojas) e que acrescentam algo para a cidade e para a realização da Copa. Sem dúvida, também trará retorno com turismo pela arquitetura do estádio.
Pode ser vista uma grande preocupação aos acabamentos e detalhes finais de projeto (abaixo a esquerda). Tudo parece estar muito bem definido e bastante trabalhado.


A única crítica que talvez possa fazer ao Beira-Rio é que a arquibancada poderia ser mais próxima ainda do campo, rebaixando o campo como outros fizeram. No entanto, por estar às margens do rio, pode ser a questão que impediu esse serviço. Também vale mencionar que alguma semelhança com o estádio Nelson Mandela Bay, em Elizabeth Port, (acima a direita) já foi sentida por algumas pessoas, embora eu ache a proposta brasileira mais simpática do ponto de vista de design e disposição das "baias" para as redes televisivas. Bom, o escritório Hype Studio fez uma visita aos estádios da África do sul e à estádios europeus e, do meu ponto de vista, chegaram a um design legal.
Sem dúvida, em Porto Alegre, o projeto deixará um legado muito positivo. Principalmente se o Grêmio também der continuidade ao projeto, pois desenvolverá outra região da cidade e também promoverá a qualidade do futebol. É muito ruim quando um ou outro time somente tem uma infra-estrutura exemplar e outros treinam com muito menos infra-estrutura.

O principal desafio da cidade no momento é a construção da extensão do metrô para facilitar o acesso, arrumar as parcerias (que aparecerão facilmente, creio eu), e verificar mais algumas melhorias em acesso, como facilidades em ciclovias pela orla, e melhorias na principal via de acesso.

Por enquanto, Porto Alegre é a cidade-sede que respira mais sossegada e que mais dá segurança a uma boa representação do país na Copa. A população no Sul, em geral, tem uma educação muito boa, são bastante prestativos, garantindo a receptividade, e, portanto, em termos de turismo, pode ter melhorias na ampliação da rede hoteleira característica da região e não tão grande preocupação com a instrução de mão-de-obra como outras regiões exigem.

O arquiteto do Hype Studio também deu uma entrevista para o Portal da Copa onde esclarece algumas questões do projeto e ainda no site do escritório pode ser vista uma infinidade de imagens do projeto que deixam bastante claras as intervenções. Não me resta nada a dizer além de parabéns pela organização de Porto Alegre.

Quem tiver opiniões contrárias, por favor deixem comentários, pois ainda não vi grandes críticas à cidade.
Todas as fotos foram retiradas do site da Hype Studio e do Portal da Copa - exceto a do Nelson Mandela Bay, achada do Google mesmo.

17.6.09

Cidades-sede: BRASÍLIA

Cidade que disputa a vaga de abertura da copa está com proposta interessante. As melhorias no estádio Mané Garrincha são evidentes.
Projetado por Ícaro de Castro Mello, e, por ser tombado como patrimônio histórico, só pode ser modificado pelo próprio autor... no caso, o escritório Castro Mello arquitetos (o mesmo da 1º proposta para o Verdão - o que foi apresentado para a FIFA), o estádio proporcionará conforto através de uma cobertura leve, atendendo a todos os torcedores. Do ponto de vista da inserção, já está mais confortável que a proposta de Cuiabá. Com um entorno melhor trabalhado. Provavelmente pela questão da cidade em si que tem como característica a amplitude espacial.



Na verdade, já tomei conhecimento de duas propostas diferentes. Estou considerando a das imagens acima como oficial. No entanto, as fotos abaixo são de uma outra proposta (suponho que também do Castro Mello Arquitetos, já que são os quem podem modificar) onde havia uma proposta de cobertura retrétil. Gostei muito da cobertura, não só por ser retrátil, mas pela própria plasticidade, sem dúvida garantiria turismo através dele. Não sei se tem a ver, mas assim que vi essa cobertura, senti uma referência à própria catedral de Niemeyer em Brasília, pelo tipo de iluminação que pode proporcionar dentro do estádio. Enfim, não sei se abstraí tanto assim...



Nessa proposta abaixo, a única coisa que incomodou é aquele paliteiro na frente para a sustentação da cobertura. De qualquer forma, acho que não é a oficial mesmo. Em entrevista ao Portal da Copa, o escritório mencionou a previsão da cobertura retrátil, no futuro.

Sobre o turismo: no relatório Vitrine ou Vidraça, elaborado e publicado pela Sinaenco e Portal da Copa, a espectativa é de que a rede hoteleira cresça cerca de 20% até 2014, pois já é bem completa. O turismo deve ser bastante ligado à arquitetura e urbanismo por Brasília ser uma cidade planejada importante e mundialmente conhecida. Além disso, tem referências importantes do arquiteto brasileiro mais renomado, Oscar Niemeyer. A cidade foi planejada por Lúcio Costa, que venceu um concurso com o seu conceito de cidade. Além disso, a cidade é exemplo de um período da arquitetura específico.
É pelo planejamento de Brasília, que a cidade também tem vias largas e traçados simples.
O turismo também deve ser explorado no âmbito de belezas naturais.

Sobre o transporte, a capital do país propõe uma das idéias mais inteligentes, na minha opinião:
VLT e Bicicletas. Será construída uma rodoviária que terá essa ligação com o VLT (veículo leve sobre trilhos). Por Brasília ser uma cidade extremamente plana, com poucas e leves ondulações, o uso de bicicletas é uma forma inteligentíssima de transporte, não para a Copa em si, mas para o dia a dia da cidade, antes, durante e depois da copa. Para isso, o distrito federal tem um grande plano de ciclovias (Pedala-DF) e planeja ter 600km de ciclovias até 2010. É uma tendência que vem ganhando espaço no país e que é bastante interessante de diversos pontos de vista: saúde, consciência ecológica e ainda a melhor forma de se conhecer bem uma cidade do ponto de vista que não estamos acostumados a olhar.

Imagino que a Copa para Brasília traga grandes benefícios ao turismo principalmente, mas, para isso, ela deve estudar uma das coisas que considero o maior problema: a agenda de usos que o Mané Garrincha consiga ter para que não fique ocioso. Acredito que o estádio possa melhorar e estimular mais o futebol lá: em qualidade e em investimento. No entanto, deveria ser feito um cronograma de eventos que já acontecem todos os anos no Brasil e se o Mané Garrincha pudesse entrar nessa rota. Além disso, ver quais outros tipos de eventos, congressos, ou seja, outros eventos (regionais, nacionais ou até mesmo internacionais) que possam ser ali realizados e colaborar com a renda para a própria manutenção. Essa deveria ser a grande preocupação: a elaboração de uma agenda/cronograma de eventos, assim como o DF, outros estados também deverão fazê-la desde já (como Manaus, por exemplo).

Acho que Brasília, assim como Belo Horizonte, são duas fortes candidatas para a abertura dos jogos. Elas concorrem junto a São Paulo, que tem certa força por ser capital financeira, mas que, ao memso tempo, sofre com grandes problemas e questionamentos, infelizmente, sobre acesso e sobre o estádio proposto. Além disso, Brasília pode ter força por ser a capital do país. Geralmente as capitais costumam abrir o evento, mas não é uma regra.

Enfim, creio que Brasília e o país ganharão muito com essa cidade-sede e que esta nos representará muito bem na Copa do Mundo de 2014.


Fotos da proposta de Castro mello Arquitetos foram publicadas pelo www.copa2014.org.br

15.6.09

Cidades-sede: a vez de SALVADOR!

A forma em que venho escolhendo é aleatória, simplesmente a que me dá vontade de comentar, sem parcialidade alguma.

É a vez de Salvador! Outra que vem gerando polêmica também. O estádio em questão é o Fonte Nova. Conforme notícia apresentada no Portal da Copa, o projeto inicial não está sendo totalmente respeitado e parece que não se está respeitando também o bem tombado, como patrimônio cultural nacional: o Dique do Tororó!
Antes de qualquer comentário ao projeto ou as qualidades e problemas da cidade, acho que o respeito ao bem tombado é fundamental e tem que ser resolvido logo. O bem tombado representa nossa história, hábitos, sociedade e, se assim o IPHAN resolveu proteger, é porque tem algum motivo significativo para a nação e cultura do Brasil e TEM que ser respeitado por lei.

Agora ao estádio. Fonte Nova quando tem seu nome mencionado faz surgir na cabeça de muitas pessoas a triste imagem do acidente, em 2007, que matou torcedores quando parte da arquibancada superior caiu. O projeto para o estádio diz ter grande preocupação com o conforto do torcedor. Além de ser totalmente coberto (por cobertura excelente em ETFE - película leve e auto-limpante), teve um investimento na melhoria da visibilidade com a aproximação do público com o campo. Enfim, um projeto que visa a qualidade do espetáculo e não se restringe às exigências da FIFA simplesmente respeitando-a, mas trabalhando dentro delas da melhor forma possível . ("191 metros do campo" - para bom entendedor, meia palavra basta).


Não achei (particularmente) o projeto um espetáááculo, mas acho que é um dos melhores que já foram apresentados. Achei que o maior êxito do projeto é a grande valorização recíproca entre entorno-estádio. Salientando somente que deve ter esse cuidado com o bem tombado.

Bom, não precisa explicar, mas Salvador esbanja história, cultura (leia-se: culinária, arquitetura como pelourinho, elevador lacerda, que são mundialmente conhecidos, costumes e artesanatos, a capoeira, música: olodum e axé, por exemplo). Enfim, tem muuuuita coisa a ser lembrada e mencionei somente algumas das que vieram na cabeça. É por isso, acho que a valorização dessa cultura e história deva ser garantida, tem muita coisa meeeesmo.
Lembrei-me agora de um comentário durante o Fórum ESPM Copa 2014, realizado São Paulo, em Abril, que exemplificou bem um benefício grande do 3º setor terá, proporcionado pela Copa. Não me lembro quem disse, mas a Copa abrirá portas para a criatividade do povo, e foi exemplificado o caso da baiana: que poderá lucrar com seu acarajé em um possível formato de bola de futebol. Acho que aí é que entra a dedicação e inteligência de cada um, em usar a Copa a seu favor, de forma honesta e a contribuir, ao mesmo tempo, com a promoção do país. Salvador participa tambémde uma rota turística bastante e além de se beneficiar com a copa, também beneficiará ainda mais as cidades vizinhas que não são sede.

A cidade tem a proposta de fornecer acesso ao estádio através de duas estações de metrô e ligar o aeroporto, que é um pouco distante, através de um VLP (Veículo leve sobre pneus). Essa opção já faz com que eu simpatize mais pela campanha pois não enfatiza o uso de carros como acesso, construção de túneis, avenidas, pontes, elevados, enfim, coisas que fortalecem o estúpido e incauculável rodoviarismo. O estádio fornece sim estacionamento, mas também fornece amplo transporte coletivo.

Com o tema de copa verde, o projeto do estádio também menciona cumprir aquelas noções mínimas que temos sobre aproveitamento de recursos como água da chuva para sanitários e irrigação de gramado¹. Isso não limita estudar novas opções ou analisar outras atitudes saudáveis à realização do evento e para o pós-copa em Salvador.

Imagino que o maior problema (nem tanto problema, mas onde deva exigir maior empenho) é na instrução de profissionais e educação, ao longo dos próximo anos, e, também, um desenvolvimento da infra-estrutura hospitalar e da segurança. Conscientização e bons modos, não só em Salvador, mas em todo o país devem começar imediatamente a ser trabalhados.
O projeto do estádio foi fruto de um concurso onde o vencedor foi o arquiteto Marc Duwe (formado na FAU-USP) em parceria com o escritório Schulitz+Partner Architekten da Alemanha, que, por sua vez, tem experiência na Copa do Mundo de 2006, com o estádio de Hannover. Um concurso² de arquitetura sem dúvida garante melhores resultados pelo leque de opções oferecidas, feitas por profissionais/equipes realmente interessadas (não somente contratadas). Não é a toa que este projeto escolhido teve grande preocupação com a mémória da cidade e o entorno do Fonte Nova. O projeto também visa um café, um museu do futebol (que provavelmente também mencionará o acidente de 2007, e possibilita o uso do estádio para outros eventos.
Imagino que a Copa deixará um bom legado e desenvolvimento para a capital baiana.
Enfim, Salvador não parece ser tão problemática quanto outras cidades-sede, o que não a deixa livre para investir no que peca e em coisas para surpreender! - lema que a FIFA exige e que nunca é demais se preocupar.

Notas:
1 - Ver post
"A grama do vizinho não é mais verde" sobre a importância do gramado.
2 - Aproveito o post para mencionar que um concurso é sempre injusto com profissionais que dispuseram seu tempo e que não foram pagos por isso, algo que freqüentemente acontece com o profissional da arquitetura devido à falta de respeito e de entendimento do que é a elaboração e concepção do projeto.

14.6.09

Cidades-sede: CUIABÁ

Bom, começo agora um estudo, cidade-sede a cidade-sede, como prometido, onde direi os pontos positivos, negativos e os caminhos que provavelmente serão trilhados ou que pelo menos deveriam ser!
Começo por Cuiabá, pois é uma que, após a merecida escolha, já começou a causar! Esqueçam aquele projeto do Verdão (Estádio Governador José Gragelli) da candidatura, feito pelo escritório Castro Mello arquitetos (o mesmo responsável pelo projeto do Mané Garrincha, e que tem uma boa experiência em equipamentos/arenas esportivas). Ele foi só pela candidatura! Agora, chamaram um novo escritório, que fez um projeto mais "verde", "estilo europeu" (segundo o texto de divulgação), e mais barato.

Projeto do escritório Castro Mello, acima a esquerda: implantação e estacionamento, a direita: corte transversal, mostrando os pavimentos a serem ocupados por restaurantes, uso de mídia e jogadores e circulação. Abaixo: perspectiva interna mostrando proximidade do campo pela retirada do fosso existente hoje e de talhes da cobertura.


Na minha visão o barato sai caro! Acho sim que o projeto tem q ser viável e trazer retorno e para isso deve ser feito um estudo por profissional adequado. Acredito que esse retorno venha mais do estudo do uso do que dá própria arquitetura, mas, enfim... "um estilo europeu" é exatamente o que não precisamos. A nossa necessidade está em mostrar a capacidade, a criatividade, o profissionalismo, as características e cultura brasileira e não a cultura européia. Grande retorno dessa copa, será através do turismo durante e depois da Copa (com a melhoria da infra-estrutura e, também, da imagem do Brasil lá fora). A Arquitetura de Castro Mello tinha um "quê" mais nacional, com simbologia (arco e flecha). Esse novo parece ser mais amador, sem nenhum atrativo, com uma estética meio aleatória, faltou empenho, na minha opinião. Parece que também o que torna verde é ter uma meia dúzia de árvores DENTRO do estádio.

Projeto da GCP Arquitetos - Acima a esquerda: implantação, detalhe para parte somenta das arquibancadas que não é coberta e entorno mais limpo. A direita: Fechamentos aleatórios e confusos, sem motivo nem simbologia.

Confesso que a primeira análise gosto mais do entorno (visualmente falando) desse projeto novo, pois não fica com aquele estacionamento horroroso em toda sua volta, nem mesmo com aquelas árvores dispostas de forma super metódica só para dizer que é verde. Pura ilusão.

No entanto, o projeto do escritório Castro Mello é muito melhor. Embora o texto desse novo projeto apresentado fale que quer que o estádio se auto-sustentável, e que não seja um elefante branco é justamente isso que vai virar. Ele não trará atrativos turísticos pelo estádio em si (arquitetura), os restaurantes, lojas, etc, ficam FORA do estádio! (???????) O oposto do 1º projeto (Castro Mello)! Este, assim como todos os grandes estádios, tem rendas dentro dele, usando a infra-estrutura abaixo das arquibancadas, que ajudam na sua manutenção, com n usos além do aluguel para feiras, shows entre outros eventos. Na proposta de Castro Mello, o estádio é muito mais atrativo que esse novo, que, por sua vez, parece ter as arquibancadas e a estrutura abaixo delas curtindo o ócio nada criativo.

Bom... sobre a cidade em si, o foco de investimentos deve ser a melhoria de transporte sobre trilhos (de superfície provavelmente - embora ainda ache que essa seria a oportunidade para melhorarmos nosso transporte ferroviário e de possíveis bondes no país - meio utópico que aconteça, mas acho que é muito Brasil e que poderia ser a hora de se investir em algo muito mais saudável que esse rodoviarismo inspirado, infeliz e inexplicavelmente, nos Estados Unidos) e também infra-estrutura aeroviária.

Além disso, melhoria e aumento da infra-estrutura turística: pacotes, guias capacitados, tradutores adequados de tudo quanto é língua, taxistas que entendam alguns idiomas ou, ao menos, o inglês e espanhol, hotéis, restaurantes, albergues de qualidade, transportes, incentivo aos artesanatos e culinária local. Enfim, valorizar a cultura do pantanal como um todo. A conscientização da população deve começar desde já. Embora nosso povo já seja muito hospitaleiro, essa hospitalidade deve ser ensinada de forma a respeitar um pouco mais o turista que pode não estar acostumado com nossa cultura), a educação (leia-se boas maneiras e não-ignorância sobre esses países que podem nos visitar) ajuda não só no turismo, mas na formação pessoal dos cidadãos brasileiros, o fim de rinchas sem sentido entre cuiabá-campo grande, melhor idealização do projeto do estádio (espero que a volta ao projeto anterior ou não será incluso na rota de eventos nacionais).

Deve ser formada uma equipe capacitada, de forma a proporcionar o evento em si com melhor qualidade possível. Ela deve ser instruída, competente, pré-disposta e profissional, deixando transparecer segurança e prestatividade e sem deixar mostrar possíveis erros.

Além disso, por ser representante do Pantanal Amazônia e também do cerrado, a questão do Ecoturismo e da cidade verde, o tema deve realmente ser trabalhado e não somente fingir que é um estádio verde. Deve ser estudado o uso de recursos renováveis para a manutenção do estádio ao menos, promoção de áreas verdes reais e significativas, uso inteligente de energia solar e iluminação natural, coleta seletiva de lixo... enfim, fingir ser sustentável é vergonhoso. É uma questão a ser trabalhada de verdade, com empenho e isso serve para todos os estádios e cidades, não só para Cuiabá, e também essa conscientização ambiental que deve ser aplicada desde já com campanhas fortes.

Nos planos também está a canalização do córrego 8 de Abril, extremamente contrário ao conceito verde. Não preciso nem comentar sobre isso... certo?

Enfim, há muito o que fazer, e escolhas difícieis a serem feitas. Não difícieis necessariamente, mas que exigem cuidado para que a própria cidade se engane com dados e falsas promessas baseadas no orgulho. (também serve para todas as cidades, na verdade)
As imagens foram retiradas do site Portal da Copa, elaborada pela Sinaenco.

11.6.09

A grama do vizinho não é mais verde!

Nem sempre o vizinho tem a grama mais verde. Pudemos ver no jogo Brasil x Uruguai e até minha mãe comentou da péssima qualidade do gramado! Felizmente, ontem, vimos que a grama no Estádio Arruda já era beeeem melhor no jogo da seleção contra o Paraguai. Nesse post, escrevo sobre o que deve ser feito para se ter um gramado adequado - ainda mais visando a Copa que vêm logo mais.

Não sinto que devo dar o exemplo só do Uruguai, mas também dou o do Wembley, grande estádio, que, após a reforma, também sofreu com a má qualidade do gramado, recebendo críticas de vários jogadores, como Lampard, e técnicos.

A importãncia de um gramado excepcional resulta na segurança física e de performance dos jogadores. O profissional adequado, muitas vezes deixa de ser consultado. Conforme artigo do Engenheiro Agrônomo, Artur Melo, "nas áreas de drenagem, solos (física e fertilidade), irrigação, fisiologia vegetal, monitoramento e controle de pragas e fito moléstias, monitoramento e controle de invasoras, manejo (corte, adubações e outras manutenções), escolha de variedades, plantio, etc; é o Eng Agrônomo o profissional indicado, por atribuição e por direito, para atuar no gramado esportivo, desde a fase de projetos, à sua execução e manutenção."

Alguns dos principais problemas. além da orientação e manutenção adequada de profissionais, vejo como o uso excessivo de estádios para a realização de eventos não esportivos, como shows, visitas do papa, cultos religiosos, etc. Esses eventos, que foram estudo da minha monografia de conclusão de curso ("Espaços para grandes aglomerações"), desgastam demais o gramado. Isso acontece pela ausência de locais adequados para abrigar imensa massa. Os estádios não estão preparados para abrigar com segurança essa quantidade de gente e possíveis tumultos, podem gerar depredações do estádio em si e do gramado. Como exemplo disso, temos o show do Iron Maiden, em Campinas, no estádio Guarani, em 1998, onde além de destruir o estádio pelo cancelamento do show, o público atirou pedaços do gramado no palco.

Apesar dessa minha visão, o engenheiro agrônomo, Artur Melo, diz que eles podem ser realizados sem afetar muito o gramado. Para isso, pode ser usado o "EasyFloor", um produto que "proporciona uma perfeita distribuição do peso por toda a superfície, minimizam o contato do piso com o gramado. Seu exclusivo sistema de ranhuras permite uma completa drenagem do piso e uma perfeita ventilação do gramado, permitindo que fique coberto por até 7 dias, sem que a grama amarele." Claro que junto à esse piso, cuidados como podas e adubações devem ser necessárias para diminuir o impacto.

Além disso, ainda a arquitetura, desde o começo, deve ser pensada para não impedir o mínimo de insolação que a grama necessita para manter-se viva. Voltando a mencionar, o Wembley tem sofrido um pouco com essa limitação dos raios solares que nela incidem.
Diretrizes básicas estipulam como a estrutura, cobertura, etc. devem ser para garantir o sucesso desse gramado. Para isso, no hemisfério sul, além da abertura acima do campo, certa transperência deve ser trabalhada no sentido noroeste (devido ao percurso do sol, somado aos horário comum de realização dos jogos - fim de tarde), dessa forma, além de garantir a insolação da grama, garante uma boa visilidade, coforme trata o artigo de Bruno Camarão. O mesmo trabalho, acontece no Allianz-arena, neste caso, por ser no hemisfério norte, a transparência está no sentido sudoeste.

Enfim... concluindo, a garantia de um palco espetacular para o futebol, se resume na somatória de inúmeros fatores: administração dos estádios e controles de eventos que possam danificar a grama, um bom profissional (engenheiro agrônomo) responsável pela construção de base e manutenção desse gramado, e uma boa arquitetura capaz de não interferir no bom desenvolvimento da grama. Além disso, a conscientização do nosso público (torcedor ou não) tem que ser realizada, já que não temos no Brasil, um costume de manter o que temos. Fato devido à baixa qualidade da educação.

A grama não é somente um problema do Brasil, mas ele também não se safa.


Agradeço, desde já, às informações de Artur Melo, Engenheiro agrônomo e Golf Consultant - contato: artur.melo@gramadosesportivos.eng.br

7.6.09

Uma Copa "Verde"

Cada Copa do Mundo tem um lema: na de 2006, da Alemanha, era o seguinte: "Tempo de fazer amigos". Além da Copa, o Pan também tem temas e, no Rio, foi o "Viva essa energia". Uma Copa "Verde" é a tendência do tema da Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

Pelo momento em que vivemos, de aquecimento global e de construções irresponsáveis, sem contar na falta de investimentos efetivos, a Copa pode ser de grande auxílio na conscientização e no desenvolvimento sustentável em dois sentidos: construçãoes ecologicamente corretas e racionalizadas e na sua auto-sustentabilidade - promover seus próprios sustentos (em energia, água, reciclagem, etc), enfim... que se mantenha. Além disso, pode acelerar e recuperar tempo perdido no cronograma da agenda nacional de preservação (que só deu marcha-ré durante o governo Lula, conforme denúncia do site do Greenpeace). Principalmente na região Norte, a questão do desmatamento da Amazônia e da grilagem de terras.

A Copa pode incentivar também o turismo consciente e ecológico, ampliando o turismo no país, melhorando a imagem brasileira ao exterior, e buscando investimentos. O Brasil tem uma imagem relativamente ecológica por conta do etanol, no entanto um dos nossos maiores problemas continua sendo o desmatamento. É a chance que temos de reverter esse problema.

Uma grande referência que podemos ter para fazer igual e ainda complementar são as Olimpíadas de Sidney, na Austrália, em 2000. Todos os gastos nas construções e para a realização do eventos foram estudados para serem ecologicamente corretos. Além disso, havia uma preparação de reciclagem de materiais consumidos no evento, uma escolha de materiais que poderiam ser utilizados por patrocinadores e realizadores. Enfim, foi uma boa campanha.

No Brasil existe já um estádio, em Curitiba, pequeno mas que visa à sustentabilidade: o Janguito malucelli. Tem uma imagem mais artesanal. No entanto, não deixa de ser interessante e estimulante. Vale como referência. Já escrevi um artigo sobre ele e sobre um estádio em Kent, no Reino Unido, que tem o mesmo intuito. Quem quiser dar uma olhada no artigo, publicado pela Universidade do Futebol, fiquem à vontade para comentar.

4.6.09

Ambição e dedicação do Rio

Enquanto São Paulo disputa ser sede da abertura da Copa de 2014 e do congresso da FIFA (que traria grandes investimentos na cidade), o Rio também se demonstra ambicioso e dedicado. Único concorrente ao encerramento do evento, Rio também quer ter o Centro de Mídia e ser a sede da FIFA. Além disso, tem quer ter como atrativo, a construção do Museu do Futebol.

Ter um Museu do Futebol tem virado moda, desde que São Paulo criou o seu que ficou extraordinário, recebendo grandes elogios dos figurões da FIFA. Cidades no Nordeste também já tem suas propostas. Lembro-me de ter visto um museu do futebol no Maracanã durante o Pan. Confesso não saber o que pode ter acontecido com ele. Ou o RJ terá dois Museus do Futebol?

Para a ver foto e vídeo (meio medíocre, mas tudo bem), acesse o artigo divulgado no site do Globo.

Futebol sofrerá durante reformas dos Estádios para a Copa de 2014

O site Globo.com apresentava os projetos dos estádios, investimentos e também as alternativas para a realização dos campeonatos nacionais e estaduais durante às reformas necessárias para nossos estádios atenderem às exigências da FIFA.

Dentre as opções mencionadas estão: Estádio Pinheirão (PR), Engenhão e Luso-brasileiro (RJ), Bezerrão e Serejão (DF), Independência e Arena do Jacaré (MG), Pituaçu (BA), Frasqueirão (RN), Presidente Vargas (CE), Dutrinha (MT), Estádio da Colina (AM), entre outros.

Quase todos apresentam graaaandes deficiências de infra-estrutura para os torcedores e também para os jogadores, e, dessa forma, resultarão em um grande problema para a qualidade e segurança dos jogos por cerca de três anos (duração média da maioria das reformas propostas e divulgadas pelo mesmo site, globo.com). Falta de estrutura adequada à segurança e ao espetáculo são as mais graves. A péssima qualidade dos gramados é de se chamar atenção e pode vitimar não só o espetáculo, mas também a condição física e saúde de nossos jogadores. Além desses aspectos, esses estádios abrigam, na maioria, um quantidade muuuito menor aos que serão fechados temporariamente.

Está na hora de pensar nas reformas que essa Copa deve deixar de legado para todos os estádios no país, envolvidos na copa ou não. Ou esse ano mesmo poderemos colocar nossos jogadores e o movimento financeiro que o futebol gera no país em risco.
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