Livraria Cultura

29.7.09

Restrição dos fretados em SP - Copa verde???

São Paulo, Julho de 2009 - Restrição aos fretados no centro expandido da capital

Ônibus fretados transportam funcionários de São Paulo que moram em cidades vizinhas.
Ao mesmo tempo que a Prefeitura acerta no alvo em algumas campanhas, solta umas balas perdidas pela cidade. A lei e campanha cidade-limpa foi um bom exemplo. Mau exemplo fica por conta da restrição mencionada acima.

Os fretados tem a função de trazer e levar os funcionários de outras cidades que vêm à cidade de São Paulo, para fazer dela a capital financeira do Brasil. Como são passageiros fiéis, do cotidiano, tem desconsos significativos nesse transporte. Além disso, contribuem para o desafogamento dos ônibus urbanos (que já estão quase que entrando em "calamidade pública" e do metrô (que é lotado em horários de pico, apesar de muito bem mantido).

A desculpa é que os ônibus dos fretados desembarcam passageiros em qualquer lugar atravancando o trânsito. O mesmo deve acontecer com as pessoas que dão carona! O que é sempre estimulado! Qual a diferença? Além disso, imaginem esses passageiros, pegando seus respectivos carros, e circulando pela cidade: resultaria em mais trânsito, mais poluição, e mais vagas de estacionamentos ocupadas!

É de uma imbecilidade tremenda. E é desse jeito que São Paulo se prepara para uma Copa verde?
Poderia ser adotada uma melhor medida de desembarque. De repente, permitindo somente em paradas de ônibus. Não acredito que todos os fretados parem em qualquer local. Aplicar uma medida de fiscalização. Mas a restrição desses fretados, de nada adianta e é um retrocesso.
Se ainda tivessem ampliado muito a abrangência dos meios de transporte público e a qualidade deles, mas não. Nada foi feito e agora essa enorme quantidade deve se apertar nos trens, metrôs e ônibus, gastando muito mais, e alguns, para evitar isso, virão direto de carro, ocupando mais espaço, e provocando todos esses aspectos que já mencionei.

Veja a reportagem que saiu no G1 sobre o assunto.

Sobre as linhas de metrô, aqui embaixo adiciono a malha do metrô de londres, a de New York e de SP, para que se note a diferença de extensão, de abragência e como é realmente uma malha.
A de Londres é excepcional, a de NY nem tanto, mas é muito boa. Já a de SP, tá que ainda tem q se expandir... mas as expansão nunca está no caminho certo... vejo como é quase um sistema linear, não tem muitas ramificações. Sobre ramificações, o metrô de boston é legal. Vale a pena dar uma olhada também... funciona como um trem, numa mesma estação passam vagões de linhas (cores) diferentes, que a partir de um ponto, vão para direções diferentes. Além disso eles tem um sistema de nomenclatura diferente (meio confuso no início e pra quem não conhece bem a cidade) mas é bem legal. É o Inbound (vai em direção do centro de boston) e o outbound (em direção oposta ao centro). Para embarcar, você tem que ter a noção se vai passar pelo centro ou não. É um conceito radiocêntrico, mas bem ramificado, por isso, permite uma abrangência muito boa, usando bem alguns trechos mais utilizados.





Clicando nas imagens dá pra ver em tamanho maior.

27.7.09

Cidades-sede: Recife (complementos)

Gostaria de complementar as análises do projeto de Recife!
Novas observações, novas análises, com mais calma.

Vejo como ponto positivo, o espaço que se tem em volta da arena em si. Mantendo este espaço a circulação livre é facilitada, ponto que alguns dos estádios apresentados não tem.

O estacionamento poderia ser mais harmonioso, bem como o trabalho de piso em volta do estádio trabalhando fluxos, acessos , paisagismo e materiais de outra forma. Parece ter tido uma continuidade da cobertura para o piso, mantendo a linguagem (teoricamente baseada na renda renascença) , mas acho que esse trabalho de piso poderia ser mais fundamentado na funcionalidade, visando uma comunicação visual que guie o torcedor em situações de emergência, destacando percursos por exemplo, sem perder a percepção do todo. Uma referência legal é o piso em volta do Allianz-arena, e do Ninho do Pássaro, ambos pelo escritório suíço de arquitetura, Herzog & de Meuron. Dos projetos nacionais, um piso que ficou interessante é o do Mineirão: limpo, simples, eficiente.

O Programa - como já salientei no post anterior, acho que o programa de atividades dentro do estádio e no entorno dele, deveria ser voltado às características do estado. Porque um shopping center? Porque, por exemplo, não poderia ser criado um local de exibição de filmes, com espaços para workshops gratuitos ou não, onde pudesse sediar eventos de cinema nacionais ou internacionais, com equipamentos adequados, com um museu do cinema nacional e com espaço para exposições temporárias. Um cineclube - Pernambuco pode ter mais cineclubes.

Como argumento da criação da cidade da copa foram dados os seguintes itens:
- Área potencial de adensamento e expansão urbana;
- Valorização ambiental;

Agora levanto as seguintes questões: porque para adensar e ocorrer a valorização ambiental, tem que ser feita uma expansão urbana. Uma expansão urbana não vai contra a idéia de ali ser uma região ainda mantida da Mata Atlãntica. Será que a valorização ambiental não seria mais apropriada ao se fazer a manutenção dessa rara região?
Adensar é sem dúvida essencial... mas não é expandindo que se faz isso. Duvido que Recife não tenha regiões onde se possa valorizar o ambiente, dar uma característica mais saudável. Não é preciso criar um espaço novo. Por mais que esse fique bom, o que não parece que acontecerá, e a recife existente?? Essa não precisa de valorização ambiental? Já é um exemplar e por isso não precisa de investimentos? Creio que não.

Além disso, o item "Arborização planejada " foi mencionado - só se for na região como um todo e em relação às espécies da Mata Atlântica, pois ali, na implantação mais detalhada, as árvores dispostas lado a lado, como as típicas "florestas" de eucalipto, não parece ser um planejamento muito adequado, nem mesmo parece ter qualquer dedo de alguém que entenda de Mata atlântica.

Sobre a opção de ter uma cobertura atirantada na estrutura das arquibancadas, tenho umas questões a salientar.
Talvez ficasse mais econômico e o projeto mais integrado se a própria textura de fechamento lateral (a tal renda) virasse a cobertura. Da forma como é apresentada, parece que são dois projetos, feitos em momentos diferentes, que não conversam, não se integram nem interagem.
O fechamento lateral (a tal renda) parece ser somente um enfeite (marcando aquela pura imagem de futilidade com a qual a arquitetura sofre... uma imagem de decoração sem intuito).
Talvez a escolha dos materiais (que confesso não saber pois não encontrei em local algum, possivelmente ainda nem fora escolhidos), possa ser suficiente para a vedação lateral e permissão de passagem de luz no interior do estádio com certa filtragem, e mesmo assim, permitindo a captação de água de chuva. A sensação que tenho é que o projeto foi feito da seguinte forma: bom, vamos cobrir para o estádio funcionar. Pronto, agora vamos enfeitar.

Idéia legal, é o parque ao longo do rio. Muitos rios hoje em dia são canalizados e com marginais em volta. O que é uma idéia completamente infeliz e responsável por grandes problemas que temos em grandes cidades, como poluição, tráfego, enchentes. Dependendo do projeto, a idéia pode ser bem concretizada dando espaço a uma margem do rio mais saudável, para a sociedade de S. Lourenço da Mata, onde podem ser realizadas várias atividades, principalmente a esportiva, se também tiver um programa de atividades bem estruturado.

Bom... se eu tiver mais complementos, posto novamente.

Homeless World Cup - Futebol com função social


Dario Bertolucci (de boné nas fotos acima, da seleção brasileira, em 2005, na Escócia.

O Futebol já é um esporte com função por ser englobar classes, cores, credos sem graaandes distinções (exceto pelos valores dos ingressos que divide o público dentro do estádio). Do ponto de vista geral, é igualitário, pelo mesmo time torcem negros, brancos, amarelos, vermelhos, pobres, ricos, classé média, judeus, católicos, evangélicos... não importa qual seja suas características, o time sempre conta com seus torcedores.

Da mesma forma que o futebol pode ter essa função social, o Homeless World Cup também visa salientar a existência de Sem tetos através de partidas de futebol entre moradores de rua de diversos países. Este ano, a edição do evento será realizado em Milão, Itália, e contará com 500 jogadores de 48 países. Segundo o ministro da defesa, Ignazio La Russa, "é uma iniciativa que une o aspecto esportivo e social, conjugando a verdadeira mensagem do esporte". Segundo o jornal italiano La Gazzetta dello Sport, o ministro também fez um convite oficial aos capitães do Milan e da Inter, Ambrosini e Zanetti, pois crê ser importante a participações desses representantes nesta manifestação.

Foto acima da localização do evento em Milão, dentro e fora da arena, em um lugar importante da cidade.

Quando morava em São Paulo, ainda sem muito envolvimento com o futebol, conheci um morador de rua, com quem sempre conversava, e que vendia a revista Ocas, na minha rua. Sempre comprei a revista dele. Numa dessas conversas, esse colega de boas conversas nas tardes antes de ir para as aulas da faculdade, mencionou participar desse evento. Seu nome era Dario Bertolucci. Hoje perdi o contato, mas sei que ele sempre está nas proximidades do Tusp ou do itaú cultural, trabalhando agora com poesias. Lembro-me que Dario disse que esse evento era realmente legal pelo contato com moradores de rua de outros lugares, o contato com a cultura do país onde o jogo foi realizado - na época, comentava do evento realizado em Edimburgo, em 2005.

Agora pesquisando, achei uma foto onde ele aparece com a seleção brasileira e alguns comentários que ele fez e que foram publicados em alguns veículos de comunicação.
"O resultado é o que menos importa. O legal foi entrar em contato com os moradores de rua de outros países e perceber que existe miséria em todo canto", Blog Bola(ção) Social.
“(A competição) é importante pela idéia de mostrar que o sem-teto é uma classe marginalizada pelo sistema capitalista que aumenta o precipício social entre todos os seres humanos”, Uol esportes.

Segundo o site oficial do evento, o Rio será a sede do evento em 2010. Na praia de Copacabana.
De repente, a estrutura para o evento poderia permanecer nas praias, não? Manter lá para uso da comunidade, sem ser feito algo temporário. Nike Brasil, Corinthians, Ministério do Esporte e Instituto Illuminatus são os patrocinadores do evento que garantem o sucesso do evento e da preparação e atendimento aos jogadores, bem como a qualidade da infra-estrutura.

24.7.09

Cidades-sede: Recife

Embora Recife seja quase que um artifício para ter conseguido ser sede da Copa, já que a "cidade da Copa" será em São Lourenço da Mata, município da Região Metropolitana do Recife, é mais de Recife e de Pernambuco como um todo que mencionarei neste post, mostrando o porquê de eu ser um tanto contrária à proposta apresentada.

Desde o início, via goiânia como uma cidade mais interessante para a Copa como um todo. Como um plano para o Brasil. Nada contra Recife, mas ela terá devido destaque durante a Copa, com ou sem o evento, simplesmente pela proximidade de outras cidades-sede no nordeste, e pelo fluxo turístico que a cidade já tem.Sem dúvida é uma cidade merecedora, só enxergo como goiânia, como uma cidade que traria mais retorno à imagem e aos gastos dos turistas no país, durante o evento. No entanto, como foi escolhida, pretendo neste post, salientar os melhores benefícios de Pernambuco pode acrescentar ao Brasil e à Copa e o que precisa ser feito para isso e para o retorno ao próprio estado.

Pernambuco, assim como outros estados do nordeste, tem um bom espaço em produção cinematográfica. As produções significativas em cinema, curta-metragens, por exemplo, tem seu foco ali. Pernambuco, no cinema, mostra bastante uma regionalização demarcada pela cultura particular e um trabalho exemplar! Além disso, com toda a história de Lampião, Maria Bonita e o artesanato de Mestre Vitalino, Pernambuco poderia usufruir mais de sua cultura interessante durante a Copa. Complementando ainda a cultura, a música também agrega muito valor ao cotidiano do pernambucano com, por exemplo, o Manguebeat e Maracatu, bem representados por Chico Science e Nação Zumbi, Mundo Livre S/A e Cordel.

Como programação, que tanto questiono na hora de se fazer um projeto arquitetônico, saliento que esse seja o foco, equipamentos que fomentem essa cultura e produção cinematográfica, que incentivem e divulguem mais ainda dando acesso à cultura pernambucana não só para quem vive ali, mas para quem visita. Somado à esses destaques culturais que já mencionei, ainda tem o frevo, o carnaval e e a tradicional festa de São João. No caso do carnaval, como não é durante o período de copa, fica um pouco a parte, a não ser que seja cogitada a possibilidade de mudança (como a Oktoberfest de Santa Catarina, que parece que vai ser em Julho em 2014 - "JuliFest" haha). Não acho que seja ideal isso, pois se tira o público de uma parte do ano para "aproveitar" em outra, talvez seja mais ideal somente uma pequena apresentação do que seria.
Apelidada de "Veneza brasileira", o turismo ali se expande também por Olinda e mais algumas cidades vizinhas, com praias mundialmente famosas e com grandes redes hoteleiras para atender os turistas. Mesmo assim, alguns investimentos em hotelaria serão feitos. Segundo pesquisa realizada pela FGV, Recife tem somente 47,12% de acesso à rede de esgoto, o que se demonstra um grande problema a ser resolvido até 2014. Além deste problema, os dois grandes times de Pernambuco, Sport e Náutico, já tem seus próprios estádios e a grande dúvida é como seria convencer esses times a jogar nesse novo estádio da "Cidade da Copa".
Além disso, porque se criar uma "cidade", que corre o risco de ser largada, também já mencionada como uma possível "cidade fantasma", enquanto em Recife mesmo temos muitas coisas de infra-estrutura, saneamento, e turismo que podem ser melhoradas. Quem vai morar lá? Há um estudo de público alvo e já interessados a se mudarem??? A grande preocupação tem se demonstrado com cidades cujos estados não tem tradição no futebol, como Manaus ou Cuiabá - cujas considerações já dei no post de cuiabá e, em breve, no de Manaus. No entanto, se fossemos comparar, o risco nesses estados seriam com estádios, mas e no caso de Pernambuco? uma cidade!!!! É realmente uma idéia muito utópica, dificilmente, se for construída dará certo. Nesse caso, não vejo potencialidades. Nem mesmo o urbanismo foi algo genial! O que há demais? que acrescente algo??? Não é um projeto que disperte o interesse por ter algo único, algo que seja extremamente necessária a visitação!

Sinceramente, na minha opinião é algo que, desde a idéia inicial, foi para o caminho errado. Ao invés de acharmos solução para os problemas existentes, visa criar uma nova cidade, que pode gerar ainda mais problemas. Sem contar que seria como falar "copa em são paulo, com estádio em guarulhos, ou são bernardo". Simplesmente usou o nome de recife e a proximidade.

Sobre o Projeto do estádio em si, não dá nem pra comentar muito, já que as imagens tem uma resolução ruim e nem tem material arquitetônico, somente uma maquete 3d. A única coisa que posso dar, é meu ponto de vista particular em relação a estética: Não gosto, parece pixelado e não representa em nada a cultura pernambucana. Acho que a estética da arquitetura deva condizer com o que acontece no entorno. Se bem que desse ponto de vista está ok! Não acontece nada em volta, portanto a estética nada representa - risos.
As escadas de saída parecem não conversar harmoniosamente com o resto do projeto.

Acho que é uma das cidades mais problemáticas, acima até mesmo de São Paulo, mas ambas precisam de um bom novo projeto, para tem um partido, uma diretriz concreta e idealizada corretamente, para promover um bom resultado para o país e para as próprias cidades. Se o estádio do Arruda fosse reformado, já seria muito melhor. Até mesmo sendo um estádio particular. Comparando as opções, até sendo particular é melhor, pelo menos não geraria futuras despesas ao governo. A reforma poderia contribuir, com investimento privado e do clube, para melhorias no entorno do estádio.

Sobre uma Copa Verde, pelo jeito se restringirá às exigências da construção de um estádio. Para um país que quer se mostrar atualizado com sustentabilidade, como potencial, com o pensamento verde inserido no nosso dia a dia... isso é pouco, muito pouco.

Sobre o acesso, será construída uma estação de metrô nas proximidades, também no sistema extensão e não ramificado, o que acumula tráfego. Uma estação também não é nada se não foi composto por um sistema integrado de transportes. Sobre o aeroporto, a infraero modernizará o aeroporto Guararapes Gilberto Freyre, segundo mais movimentado das regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Sobre a segurança, isso deve ser trabalhado um plano específico para o evento, mas desde já, o aumeto do número de empregos pode colaborar com a qualidade social e, consequentemente, na redução do número de violência. Todos sabemos, que, na maioria do nordeste, não digo o nordeste todo, mas em sua maioria, as praias, orlas, onde os turistas realmente frequentam, o urbanismo e serviços são bons, garantindo uma boa viagem e garantindo o retorno desse público. No entanto, no interior, onde realmente temos nossa sociedade, a realidade é outra, camuflada e escondida do turista. A copa serve para trazer benefícios para nós mesmos! É a chance de melhorar a qualidade de vida do brasileiro através de investimentos, portanto uma copa em recife... recife, recife mesmo, traria bons benefícios sem prejudicar em nada o evento "Copa do Mundo".

Enfim, acho Recife terá um problemão sendo sede da Copa. Goiânia ganharia mais com a Copa do Mundo de 2014.Mas sendo Recife a definitiva, acho que o caminho é reestudar, reprojetar para representar o que realmente Recife é, trazendo lucros futuros a ela e ao país.

PS: Não gosto de editar meus textos para não tirar a credibilidade do que falei, no entanto, dessa vez, esqueci de sugerir um vídeo que representa bem o cinema pernambucano. É um curta que se chama o Jumento Santo... ele representa bem a qualidade da produção e mostra um forte trabalho de marcar a região desde o roteiro, quanto às escolhas de narração, cenário, músicas, etc. É realmente bom. E está dividido no You Tube em Parte 1 e Parte 2. Vale a pena ver, quem gosta de cinema é um prato cheio,"víssi"?

23.7.09

Estádio Solar


O Arquiteto Toyo Ito, projetou um estádio para o Jogos Mundiais de 2009, em Taiwan, que inclui modalidades esportivas que não são praticadas nem nas Olimpíadas, como, por exemplo, boliche, rugby e paraquedismo.

A principal característica do estádio é o seu funcionamento a base de placas de captação da energia solar, capaz de sustentar cerca de 3.300 lâmpadas e dois enormes telões. O legal que pode ser notado na estrutura do estádio é que a forma de trabalhar com painéis solares envolve a plasticidade. Muitos projetistas simplesmente querem usar a tecnologia sem trabalhar a estética junto, simplesmente "jogando" os painéis nas coberturas. Nesse caso, quase que nem se percebem que são painéis se não for de perto, pois eles tem suas formas disponibilizadas junto à estrutura para fazer o desenho da cobertura.

O estádio tem capacidade de 55.000 torcedores, tendência que se mostra há um bom tempo, mostrando que novos maracanãs não são mais viáveis, por motivos de rentabilidade e até mesmo segurança. O Projeto também tem outros pontos fortes: sua inserção, que interage com o entorno e o simbolismo do estádio que pode ser interpretado como se ele se abrisse para a sociedade, assim como os esportes apresentados ali dentro.

Ainda não entendo bem a notícia que saiu mostrando tamanha inviabilidade de painéis solares no caso do Brasil. Será que o alto custo aqui é tanto que torna inviável? Sol não falta! Em todo caso, são várias atitudes e análises específicas para cada lugar particular que tornam um projeto arquitetônico saudável. São estudos de ventos, entorno, direção do sol ao longo do ano, entre outros fatores que são diretrizes para se escolher os melhores materiais e ponderar o uso de tecnologias estrangeiras que não necessariamente funcionam aqui por termos diferentes fatores climáticos e geomórficos. Além disso, esses são fatores que influenciam diretamente na arquitetura, sem uso de tecnologia ainda, evitando usos intensos de ar-condicionado, usos de iluminação artificial excessiva. Com vários estudos a inserção valoriza percurso do ar para ventilação natural, promovendo frescor entre outros benefícios para a construção, sem necessitar o uso de equipamentos que consomem energia. Esse estudo não é tão comum ver no Brasil por parte de escritórios de arquitetura e engenharia, geralmente mais antigos, com formação mais conservadora, que são os escritório que mais tem espaço no mercado, pela experiência. Falta uma reciclagem dos arquitetos mais antigos (salvo alguns extraordinários). Acredito que a formação hoje em dia, já atenta para os fatores mais ecológicos. Mesmo assim, é deficiente! Muitos arquitetos, no início de carreira também acabam aceitando exigências de mercado, mesmo contra princípios, para ganhar espaço e aí sim, começar a botar suas características, expressividades e conceitos nos projetos de arquitetura, devemos buscar referências e moldá-las, inovando para a Copa de 2014 e ainda criar uma arquitetura brasileira exemplar, inovadora e, para isso, precisamos de espaço no mercado, ou continuaremos com nossos projetos limitados por clientes.

Para mais imagens do projeto de Toyo Ito, no site Arq!Bacana várias fotos e plantas podem ser visualizadas.



Fontes: Arch Daily, Arq!Bacana e Portal Copa 2014

18.7.09

Mané Garrincha - Esclarecimentos pelo Castro Mello Arquitetos

No post de Brasília, surgiram, durante a discussão nos comentários, algumas dúvidas. Neste momento entrei em contato com o escritório responsável pelo projeto, Castro Mello Arquitetos, cuja resposta foi enviada em poucos dias de forma bastante completa, atenciosa e esclarecedora. Agradeço, desde já, ao Arq. Eduardo de Castro Mello, pela prontidão e prestatividade.

Perguntei ao escritório sobre a captação da água de chuva no projeto onde tem a cobertura retrátil.
Eduardo: Em dezembro de 2008 fui até a Alemanha para reuniões técnicas com as firmas GMP e SBP especializadas em soluções não convencionais para coberturas e estruturas com grandes vãos. Era justamente o que eu buscava para o estádio de Brasília. Das reuniões que lá realizamos resultou a solução com o anel envolvente ao estádio e a sua cobertura “côncava” !!! Esta solução foi desenvolvida por nós paralelamente a versão anterior até que em um momento que julgamos oportuno, nós e o GDF, apresentamos esta nova versão às vésperas da decisão da FIFA quanto às cidades sedes; Em linguagem futebolística, poderíamos dizer que foi como o técnico que só fornece a escalação do time na hora do jogo.
Quanto a sua dúvida relativa à coleta de águas pluviais, a calha interna em anel faz a captação e o escoamento se faz por gravidade para 4 pontos estrategicamente localizados junto ao último anel da arquibancada superior, exatamente onde estarão os shafts para acesso à cobertura dos dutos com cabos de energia e dados.

A outra dúvida que me enviaram é se os pilares na fachada é conceitual. Qual o motivo de terem adotado os inúmeros pilares e não algum outro tipo estrutura?
Eduardo: O “paliteiro" a que você se refere são na realidade colunatas, com referência no estádio de Berlim; no palácio da Alvorada; no palácio do Planalto; na Catedral. Conceituais? Estruturalmente, sustentam o grande anel de compressão de concreto que fará a ancoragem dos cabos da cobertura tensionada. Por entre estes pilares, se lançam as rampas de acesso do público às arquibancadas superiores, e abrem-se espaços para usos comerciais e praças de alimentação atendendo a população de Brasília. Como disse na apresentação do projeto, o Estádio Nacional de Brasília será mais um dos palácios existentes na capital, mas com um diferencial único, pois será um palácio em que o povo poderá freqüentar e vibrar com os espetáculos que irá abrigar.

Eduardo ainda complementou dizendo que "os fatores de tecnologia e custo são muito determinantes, além do aspecto plástico, que, em Brasília, tem um valor indiscutível."
Realmente tem!

Bom, acho que as dúvidas foram tiradas, graças às respostas atenciosas.
Obrigada novamente pela atenção dada pelo escritório Castro Mello Arquitetos, responsável pelo projeto aprovado pela FIFA.

15.7.09

Futebol como atrativo de capital externo

Todos sabem que o Ronaldo voltando para o Brasil e jogando no Corinthians, além de fortalecer o time, atrai a atenção para o futebol brasileiro e busca o patrocínio de empresas internacionais. Mais recente ainda, falou-se da contratação do jogador italiano Cristian Vieri, que diz ter o sonho de jogar no Brasil e que acaba de rescindir contrato com o Atalanta. Sonho este de raros europeus. A notícia é de que provavelmente será contratado pelo Corinthians para jogar no ataque junto a Ronaldo, já que sua primeira opção, o Flamengo, está financeiramente incapacitado de realizar novas contratações no momento. No futebol brasileiro é até comum encontrar talentos como Tevez e Valdívia, mas não sai da América Latina. O problema não é a América Latina, mas sim que o foco do futebol atualmente se desenvolve muito mais na Europa. Os investimentos estão lá, o futebol de altíssimo nível também, não é a toa que nossos melhores jogadores são exportados e é exatamente o que eles almejam.


Seria muito bom para o Brasil se nós melhorássemos nossa infra-estrutura para que os olhares externos se voltassem mais ao futebol brasileiro e atraíssem, assim, novos investimentos, que por sua vez, melhorariam ainda mais nossos estádios, etc. Poderíamos agir como os italianos: modernizando seus estádios. Não falo sobre atrair jogadores estrangeiros, mas melhorar a qualidade da prática do futebol: melhor salário, melhores estádios, melhor estrutura de base para alguns times, melhor segurança, marketing, etc. Dessa forma, manteríamos aqui nossos talentos, e, como conseqüência, melhoraríamos o nível do esporte em todo o país, alavancando novamente a qualidade do futebol brasileiro que se mostra defasado - como podemos ver em eliminatórias para a Copa de 2010 ou até mesmo nas últimas Copas do Mundo. Apresentamos com orgulho vários talentos reunidos e internacionalmente conhecidos, que por terem treinamento na Espanha, Itália, Inglaterra, Alemanha e no Brasil, por exemplo, têm treinamentos, táticas e estilos de jogo diferentes que não se concretizam em prol de uma boa campanha para o Brasil.


Através de um marketing mais efetivo, melhoraríamos a imagem lá fora não só do futebol, mas também do país e de nossa cultura. É a forma como o futebol pode interferir positivamente em muitos setores. Sinais de que esse marketing foi eficaz é ver a vontade de jogar no Brasil, como de Cristian Vieri, estampado nos sonhos de outros jogadores, ver nas ruas de outros países, cidadãos com as camisas de times brasileiros (como vemos aqui camisetas do Milan, do Barcelona e da Inter), ver jogos do Brasileirão vendidos lá fora, como são vendidos aqui os jogos do Campeonato italiano, espanhol, português, inglês, Bundesliga, UEFA Champions League, etc. A atenção voltada para o futebol brasileiro traria benefícios sérios ao futebol na América Latina, pois Argentina e Brasil são duas das equipes mais fortes mundialmente falando. Esses investimentos e desenvolvimento do futebol trariam imensas melhorias sociais, dariam mais oportunidades e incentivariam mais nossos atletas.


No “País do Futebol”, esse esporte poderia realmente movimentar muito dinheiro, como movimenta lá fora. Poderíamos, resumindo, melhorar a qualidade do futebol, a qualidade do evento para o brasileiro, aproveitando a nossa paixão e ainda, “de quebra”, aproveitar os benefícios que esse setor atrai. É o que nos falta: desfrutar!

10.7.09

Hospitalidade e Conscientização - referência Kaiserslautern

Sabemos que, para a copa, muitos problemas, na maioria ligados aos nossos maus hábitos, terão que ser resolvidos. Todos sabemos, também, que conscientização e mudança de hábitos não se faz da noite para o dia.
Temos até 2014, para amenizar ou, de preferência, acabar com essas péssimas atitudes como jogar lixo no chão, urinar pelas ruas, enfim, tudo o que sabemos não ser bem visto nem lá fora, nem aqui.
Para isso, podemos seguir o exemplo de Kaiserslautern, que para a copa de 2006, tentou sensibilizar a comunidade para melhorar a recepção dos turistas, mudando a imagem dos alemães, que sempre foi sisuda, ponto que eles quiseram mudar (pode ser notado também pelo "slogan" criado para esta edição da Copa do Mundo 2006 - "Time to make friends" (Tempo para fazer amigos).
A estratégia de Kaiserslautern era passar instruções, aos poucos, mudando e incentivando os alemães da comunidade a aprender idiomas, manter suas casas e fachadas arrumadas, com flores, a recepcionar bem esses "hóspedes" no país, incentivando a participação direta dos alemães na Copa do Mundo.


Seguindo este tipo de campanha, poderíamos fazer no Brasil, campanhas de diversos tipos, seguindo as idéias que conformam a imagem que o Brasil quer passar através da Copa, em 2014.
Contra pirataria, a favor de atitudes verdes, gentileza (parte que peca em agumas cidades do país - e que seria ruim já que temos uma imagem positiva neste âmbito), aprender idiomas, limpeza urbana, entre outros.
No caso alemão, a importância da velhinha também foi pensada, seria quase que um conselho de uma mãe, ou vó, conselhos sábios (talvez possa ser interpretado desta forma). E, não sei ao certo, mas parece que esta senhora é muito conhecida, como o Carlos Moreno (comercial do Bombril) - comparação feita por Marcelo Pedroso, durante palestra, no 4º Salão do Turismo, em São Paulo, este mês.
Durante o Pan, os voluntários receberam cursos de hospitalidade, o que contribuiu muito com o serviço prestado já que todos (atletas, organizadores, treinadores, mídias, etc.) comentaram e agradeceram aos voluntários, ou seja, é eficiente, não é caro, e ainda estimula o mercado de comunicação desde já.
Agradeço, desde já, o Bruno Chies, Leandro Paez e Gustavo Brocanello que me ajudaram com as traduções do alemão.

Cidades-sede: Rio de Janeiro

Candidata única ao encerramento da Copa do Mundo de 2014. As chances de grande sucesso e belíssima representação são enormes. A cidade é maravilhosa (tem seus problemas como toda grande cidade). Bem representa nossas belezas naturais, alguns de nossos hábitos e tradições e ainda tem um povo muito prestativo, no que se diz respeito ao turismo.



O palco do espetáculo é, obviamente, o Maracanã, que marca a história do Rio de Janeiro e do futebol. O mais legal é que as mudanças não descaracterizam o estádio, assim como no Mineirão.
(Ainda bem, porque, sendo tombado, não poderia mesmo). Mas acho estranho modificar tanto um projeto a ponto de nem ser reconhecível, como é o caso do Wembley. Pode ter melhorado, mas é outro estádio.


Sob o questionamento de uma demolição de parte do complexo do maracanã (tombado pelo IPHAN), o projeto do Rio está caminhando . No caso, iriam abaixo o parque aquático Julio Delamare e o estádio Célio de Barros, tombados pelo município. Vejo como absurda a demolição. Até contribuiria para a circulação livre em volta do estádio. Sobre o espaço que a FIFA exige, ele poderia ser feito em algum lugar, mas não por no chão estruturas relativamente boas como as mencionadas. Essa área, onde hoje estão o parque aquático e o estádio, serviria para a construção de um estacionamento. Acho que essa não é a melhor opção. Estaríamos tirando infra-estrutura esportiva (que já é pouca no Brasil) para ganhar mais um estacionamento, como mais um novo estímulo para a "comodidade" de se andar de carro. Porque não incentivar transportes alternativos e manter estes equipamentos, que ainda podem ser melhorados no futuro?



O Rio é uma cidade plana, e com uma orla linda, porque não incentivar mais ainda o transporte (turístico, lazer e de locomoção mesmo) pela cidade? Algumas ainda tem dificuldades pelas geografia (apesar de não ser grande desculpa), mas o Rio é a cidade que é ideal para o uso de bicicletas.


Mais especificamente sobre o projeto: as maiores modificações será a cobertura, acessos internos e arquibancada. Hoje a cobertura é bastante pesada e cobre somente parte do estádio. Visando uma melhor proteção e conformo ao torcedor, a cobertura protegerá 100% da arquibancada com parte dela sendo em material transparente e mantendo parte da iluminação natural.

Li uma vez a tese de mestrado, "Estádios: 4 casos brasileiros", de Álvaro Augusto Cerqueira de Aguiar, SP, de 2003. Pode até estar desatualizado até agora, mas algumas coisas ainda valem. Nesse tese, o autor analisa o Maracanã, o Morumbi, a Arena da Baixada e o Pacaembu. Sobre o Maracanã, foi citado que a recepção de luz solar está em 2000 lux, muito acima ao exigido na época 1200 lux. Não tenho a informação de quanto é exigido agora, mas imagino que com o uso do material, essa quantidade de luz não modificará muito, deverá atender muito bem... acima do que os outros estádios proporcionam, sem dúvida.

Sobre as arquibancadas, conforme o relatório "Vitrine ou Vidraça", sobre os desafios das cidades perante a copa, o Maracanã deverá ter suas fileiras mais próximas trabalhadas já que não tem visibilidade boa.

Sobre a circulação do estádio, ele é feito por duas grandes rampas em lados opostos do estádio. No entanto, a circulação interna é defasada para acessibilidade de pessoas com deficiências físicas. Essa deve ser a grande melhoria que o estádio deve sofrer.


A questão da acessibilidade ao estádio deve ser trabalhada, já que hoje o foco é a estação do metrô que fica insuportável após jogos pois a torcida toda não se dispersa no caminho lotando a estação, vagões e trajeto, onde é necessário, as vezes (como foi no encerramento do Pan), fazer barreiras de controle para liberar aos poucos as pessoas para entrar na estação, causando um bom tumulto. Melhorias nas linhas do metrô (trajeto e estações) são essenciais. Um estudo já foi realizado, incluindo um projeto urbanístico mais amplo ainda, trabalhando não só o fluxo mas a questão paisagística (árida atualmente mas que poderá contar com espécies da Mata Atlântica) e sustentável. A proposta*, elaborada pelo Artetec Arquitetura e Construções apresenta um estacionamento suspenso com vagas para carros e bicicletas, acima da linha ferroviária, integrada com passarelas de acesso ao estádio e um terminal intermodal (foto abaixo). Parece bastante completo.

* Leia mais sobre a proposta!

Imagem do site da Artetec
A foto acima é uma maquete que não é de brilhar os olhos, no entanto, mostra um conceito interessante para esse projeto, que pode ser ainda melhorado no desenvolver do projeto, digo isso pelo design.

Uma preocupação que tenho, é com a interpretação do possível uso de placas solares. A idéia parece boa, mas tem que se ter muito cuidado ao utilizar as placas para que não suma a arquitetura e todo o trabalho dos materiais utilizados. Placa solar não é a única solução sustentável. O aproveitamento da luz solar, estudos de fluxos de ar, de brises (barreiras para sol forte - como no Copan em SP), são formas dentro da arquitetura para trabalhar essa questão. Essa proposta parece entender essa questão, por isso apresentam o seguinte desenho:





Outro exemplo de arquitetura no mundo é do Arquiteto Renzo Piano, que também trabalha muito bem dessa forma. É um dos arquitetos que considero ter uma das melhores habilidades de trabalhar com a arquitetura para resolver esse tipo de empasse, isso porque seu escritório é tem um setor de workshop, onde pesquisas e experiências são feitas. Na imagem abaixo, dá para ver como é funcional e, por isso, econômico.

Imagem retirada do site de Renzo Piano

De qualquer forma, o Portal da Copa, divulgou uma matéria sobre um estudo que parece ter sido feito sobre o custo/benefício dessas propostas ser inviável.



As imagens acima foram retiradas do site do Arquiteto Paulo Casé, e é para a sede fixa da CBF, em um terreno cedido para o comitê, junto ao Museu do Futebol (???)
Queria saber de vocês, se alguém sabe o que acontece com essa programação. Lembro-me de ter visto o Museu do Futebol no próprio Maracanã. Até achei no wikipedia o museu para ver se eu não estava enganada. Alguém tem alguma notícia sobre esse museu que já existe e foi inaugurado em 2006. Ele vai ser transferido? ou concorrerá com OUTRO museu do Futebol? Acho impossível que tenham tido essa idéia estúpida. Espero que alguém tenha informações.
Sobre esse projeto, não tenho muito mais material sobre ele, mas achei uma arquitetura chata, super vanguardista (como é mesmo o perdil do arquiteto), e acho que os elementos e a linguagem adotada não tem nada a ver com a cidade do Rio. Não me convenceu muito.

O Rio também pretende ter o Centro de mídia.

Sobre o meio ambiente, o Rio de Janeiro promete controlar qualidade do ar, manter a qualidade da Lagoa Rodrigo de Freitas e em Jacarepaguá, e manter boa a balneabilidade das praias. Senti falta de mencionarem qualquer coisa sobre a Baía de Guanabara que é praticamente a porta de entrada para quem vem de ônibus. Vi também muitos problemas na região central, assim como é no centro de SP, tudo muito vandalizado, uma aparência de abandonado em algumas regiões. Sem contar na falta de segurança.

Outra coisa que me preocupa é a prostituição, extremamente explícita em copacabana. Afinal, queremos melhorar não só a imagem do país, mas da mulher também, que sofre muito preconceito fora do país. (digo porque já senti na pele!)

O Rio pretende fazer a urbanização de algumas favelas, conforme o relatório do Sinaenco. No entanto, essa é uma questão contraditória. Não entrarei muito no mérito, muito mesmo porque não tenho uma solução, mas deixarei brevemente meu ponto de vista. Urbanizar é quase que regulamentar. Se as favelas não eram para estar ali é porque tem um motivo, na maioria das vezes ambiental ou simplesmente pela segurança das construções devido à geografia. Urbanizar é aceitar e não fazer nada para recuperar. Não sei qual é a resposta, mas certamente não concordo com esta.

A rede hoteleira é bastante vasta, muito mesmo por ter o carnaval e reveillon como eventos mundiais, mas, mesmo assim, 19 novos hotéis devem ficar prontos até 2011. O Rio também tem experiência com a organização durante o evento, como o Pan (durante o evento)

Sobre minhas experiências no Rio de Janeiro, acho que também deve ser implementada uma fiscalização mais severa no trânsito. Lembro de passar apuros com os motoristas malucos, correndo em excesso em ruas movimentadas próximas à orla. Mas não são só os ônibus, os motoristas de carro também dirigem a toda velocidade. Sobre taxistas, não sei se, infelizmente tive uma má experiência, mas os dois taxistas que peguei tentaram fazer o maior caminho possível, pensando que eu estava perdida e também não foram nada educados. Enfim, é uma questão a ser trabalhada se não fui eu a azarada. Fora isso, todos os outros setores, principalmente o comércio, foram super receptivos, hospitaleiros. Albergues poderiam ter mais, principalmente porque muitos países europeus estão acostumados com isso. Os dois onde fiquei no rio não eram dos piores. Mas um deles não tinha nem um armário para guardar as malas.

Enfim, isso são experiências que tive.

Sinto que ainda faltam coisas a ser mencionadas, quem lembrar de assuntos que deixei de lado, por favor mencionem que complementarei nos comentários.

Ahhh, quem souber o que é ao certo a torre e esplanada que está na imagem geral do maracanã, favor comentar!!!

Acredito que o Rio tenha vários projetos a serem desenvolvidos, de conscientização, segurança e infra-estrutura, mas será uma boa sede. Sem dúvida! Não há como ir ao rio e não se apaixonar pela cidade. Contrastante, mas linda! Conheço até alguns estrangeiros que vieram para visitar favelas, e tem até passeios turísticos por elas.

6.7.09

Cidades-sede: NATAL

Antes de começar as análises do projeto e da cidade, vou começar com uma inquietação minha. Descobri, sem querer, o estádio do Arizona Cardinals, de futebol americano, nos Estados Unidos. Abaixo a foto do estádio. Soa familiar?


Pois é... parece que já vi algo parecido... mas parecendo um pouco mais com um bolo desandado. O projeto de Natal, esteticamente, pelo menos, parece em muito com o estádio do time americano.
Abaixo, o projeto da Arena das Dunas para a Copa de 2014, no Brasil, em Natal.



Não sei se foi uma referência que se tornou algo muito parecido... Independente do motivo, ao se elaborar um projeto como esse, onde você quer criar um "cartão postal", trabalhar o turismo, fazer do estádio um marco para a cidade, tudo tem que ser muito bem estudado para que isso não aconteça. O Brasil tem arquitetos competentes para fazer um estádio único. É por isso que acho que ainda dá tempo de torná-lo algo especial, sem nada parecido no mundo. Se foi uma referência, ficou muito parecida com ela. Isso não seria bem uma releitura.

Enfim... começo as análises, então.
Segundo o relatório elaborado pelo Sinaenco, "Vitrine ou vidraça: Desafios do Brasil para a Copa de 2014", Natal tem um transporte insuficiente quando se refere aos trens e obsoleto quanto aos ônibus. Perante esta informação, Natal deve se preparar muito, pois já é uma das capitais mais visitadas no país. A construção de um grande aeroporto na região metropolitana de Natal, colabora com essa mobilidade, acessibilidade e com o possível boom turístico que o Brasil terá depois da Copa.

Natal é principalmente visitada pelos europeus (pelo menor tempo de vôo) e argentinos. No entanto, na minha opinião, deve ser trabalhada uma campanha turística, para contagiar e estimular, públicos que ainda não são grandes alvos de Natal. Sem dúvida, o público alvo continuará visitando, mas a Copa é a chance de atrair olhares de quem ainda não tem tantos estímulos para visitar a cidade. Enfim, essa é a opinião de uma leiga em turismo.

Sobre Natal não ter times bem classificados em nossos campeonatos, até 2014, esse pode ser um incentivo, assim como outros estados na mesma situação podem trabalhar, desenvolvendo a qualidade do futebol, que pode ser mantida depois da Copa já que terão uma infra-estrutura exemplar.
Analisando o projeto apresentado - Natal faz a proposta de um complexo contendo: o estádio para a Copa, "arena eventos", centro administrativo estadual, centro administrativo municipal, "hotel 5 estrelas convenções" (não achei marcado o local na implantação abaixo), torres comerciais, "edicício comerciais - embasamento lojas", "edifícios comerciais - flats", "estacionamento superfície" e anfiteatro (Não entendi como ele é naquele espaço a ele destinado. - ???) Enfim, resumindo e tirando as enrolações feitas por títulos diferente com significado igual, o projeto será: um centro comercial (vertical), hotel, o estádio e espaços para diversos tipos de eventos.
Não sei qual é a idéia desse lago, não achei nada a respeito, mas ele bem que poderia abrigar água de chuva captada pelo estádio e por outros espaços, sendo utilizado da manutenção desse grande espaço verde que, sem dúvida, precisará de uma boa irrigação. Além disso, não dá para saber ao certo como ele é, mas a própria manutenção dele será bem cara, então é preciso achar bastante programação para uso desses espaço para que ele não se deteriore rápido por falta de verba. Não será só o estádio que deverá conseguir verba para manutenção, mas todo esse espaço em volta. Não li nada, também, sobre os usos do estádio em si, já que convenções, eventos e anfiteatro são todos feitos fora do estádio. É bom para o gramado, mas, ao mesmo tempo, fica o estádio ocioso, sendo que poderia ter usos. Esse complexo aumenta a possibilidade de usos mas, ao mesmo tempo, aumenta o número de gastos com manutenção devido aos inúmeros equipamentos. A verba arrecadada com eventos não será para manutenção exclusiva do estádio, mas terá que ser dividida entre todos estes equipamentos. É um risco que parece que não foi percebido.
Outro problema grave que vi, é a quantidade de edifícios espelhados. É uma grande burrice copiar esse tipo de estratégia. É muito bem utilizada por países onde o clima é mais ameno. Natal, no entanto, tem cerca de 320 dias de sol/ano. Os vidros espelhados podem até refletir os raios de sol, no entanto, podem interferir no entorno, aumentam intensamente o uso de ar condicionado e de iluminação artificial. Não só por ser uma copa verde, mas por pura consciência, esse tipo de artifício não é bem-vindo. A arquitetura peca ao não tentar achar soluções adequadas ao clima tropical. Não é toda tecnologia que vem de fora e que teve sucesso que podemos utilizar aqui, são condicionantes diferentes, ou seja, proporcionam resultados diferentes.

Outra coisa que senti, foi que a localização dos equipamentos foi meio que jogada. Não parece ter um estudo de fluxos, estudos paisagísticos relevantes, e nenhum motivo evidente para tal inserção dos edifícios vizinhos ao estádio. Porque as administrações estadual e municipal não estão lado a lado? São administrações que devem conversar, então porque distanciá-las?
Confesso que simpatizava mais com o projeto antes de estudá-lo. Ou seja, era mais uma questão visual. E, mesmo assim, agora vendo a semelhança com o estádio americano, perdeu ainda mais a graça.
Sobre a cobertura, ainda não ententi muito bem. Não há coleta da água da chuva nítida. A não ser que haja "ralos" em toda a volta do estádio. Inicialmente, pensei que no local onde tem as "frestas", a estrutura em forma de "U" com acabamento transparente serviria de calha, mas para isso, a parte opaca e branca deveria ser curva, direcionando a água, mas não é. Além disso, se a água fosse para a possível calha, ela cairia bem em cima da escada, ou seja, também não daria certo. Definitivamente, não entendi porque ela é em forma de "U" e rebaixada.
Por falar na questão da escada, tem que ser feita alguma proteção para que a água não faça cascatas em cima dela.
Mas não serão só críticas negativas (apesar de construtivas). Acho que o ponto positivo desse estádio são as escadas para evacuação do estádio. É setorizada, ou seja, cada "bloco" de arquibancada tem uma escada, localizada nas "frestas" da cobertura, semelhante à organização do estádio italiano, San Nicola, em Bari. É um dos pontos essenciais de um bom projeto de estádio.
Atualmente, a proposta parece bastante preliminar. No entanto, como ganhou um prêmio de arquitetura corporativa. Devem haver mais pontos positivos que não vi ainda por não ter acesso às plantas ou outros materiais. No entanto, ficam aqui as minhas críticas, que considero ser bastante pertinentes.
Sobre a cidade como um todo, acho que deveria se preparar em relação ao que ela tem de melhor. Ou seja, artesanato, por exemplo. O nordeste como um todo tem grande potencial no artesanato e culinária, nesses próximos anos, poderiam ser feitos grandes incentivos aos artesãos e na gastronomia. Além disso, poderia ser feito um estudo maior de como o turista poderia circular em cidades vizinhas, gastar mais, viajar entre os estados do nordeste como um todo (já que a copa tende a ser setorizada por regiões devido às grandes distâncias).
Propostas para a cidade em hotelaria devem ser feitas e, principalmente, em saneamento, já que foi considerada a pior das escolhidas como cidade-sede. E não é só por ser cidade-sede, mas porque já passou da hora de termos isso como exigência mínima de infra-estrutura no Brasil.
Enfim, fiquei meio decepcionada com o que vi até agora. Acredito que Natal tenha seus trunfos e potenciais a serem desenvolvidos. Mas acho que precisa de muita coisa ainda, a ser obtida através de grande dedicação e investimentos ainda não mencionados e computados. Não vejo problemas em gastar grandes quantias com a Copa, desde que elas sejam direcionadas à melhorias nas cidades que sempre questionamos e nunca conseguimos.
Por ser uma copa verde, e ser esta a imagem que queremos deixar como legado para o país, falta muito para Natal.
Outra questão que vale a pena ser mencionada, é que o litoral brasileiro tem um potencial enorme para a produção de energia eólica. No nordeste é impressionante tal capacidade. No entanto, um pequeniníssimo percentual da produção de energia, no Brasil, é proveniente dos ventos. Como um desenvolvimento saudável, está é mais uma chance de desencalhar projetos e investir nesse tipo saudável de consumo de energia.

2.7.09

Salão do Turismo e a Copa 2014

O Salão do turismo, que começou ontem (01/07/2009), promoverá debates e palestras sobre a Copa de 2014 e eventos esportivos em geral, focando na questão desses eventos com o turismo, claro.

Ano passado prestigiei o evento, e foi, realmente, muito bom. Sugiro que, para aqueles que estiverem em São Paulo, e com tempo disponível, visite a feira que é muito legal para conhecimento mais a fundo da cultura de cada estado.

A participação e entrada são gratuitas mas deve ser feita uma inscrição no site, na área "Núcleo do Conhecimento". Não pode entrar na hora sem fazer a inscrição, previamente, no site: www.salao.turismo.gov.br . Lá tem a programação completa. A partir de amanhã estarei conferindo as palestras e debates desse ano.

Data: 1° a 5° de julho de 2009, em São Paulo - SP
Local: Parque Anhembi
Endereço: Avenida Olavo Fontoura, 1209, Santana, São Paulo/SP
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