Livraria Cultura

24.1.13

Rock Stadium: um estádio dos Emirados Árabes

Fruto de um concurso de arquitetura, o rock stadium foi a proposta vitoriosa para um estádio que tem como característica principal a mimetização ao deserto. Encostado nas montanhas, em Al Ain, o estádio aproveita a orientação exata norte-sul para sua implantação e usa a areia do próprio local, que é própria para a construção e diminui os efeitos ambientais da obra. 


O estádio foi projetado para 40.000 lugares e fica nos Emirados Árabes Unidos, próximo à fronteira com Oman. O arquiteto responsável, Marwan Zgheib, fundador do escritório MZ architects, do Líbano, passou alguns dias no local com topógrafo, geólogo e especialista no tipo de rocha das montanhas em questão e  percebeu que a idéia inicial de um estádio isolado não era tão óbvia quanto usar a montanha como uma das arquibancadas.


O efeito noturno é digno de obras do país. Chama a atenção e será sem dúvida um marco. O valor da obra deve chegar a absurdos 750 milhões de euros - para os que já se arrepiam com os custos da copa.

Abaixo, podemos ver o trecho em marrom mais claro da parte retirada das montanhas para poder encaixar a arquibancada no estilo teatro grego. Em marrom mais escuro, a parte que pode ser mantida.


Algumas coisas no projeto me incomodam bastante, ainda mais por ser um projeto premiado. O tamanho da arquibancada na montanha é bastante desproporcional ao estádio e a vista do topo dela deve ser uma das piores dos estádios contemporâneos.


Além disso, o acesso parece ser difícil e o possível estacionamento também. Não consegui encontrar informações em relação a isso, mas não vi pistas de como pode ser feito. O acesso às arquibancadas é pelos cantos e pelo acesso frontal em destaque. No entanto, muitas coisas parecem agir contra a segurança. E em um local onde 40.000 pessoas podem sair de uma única vez, não ter um acesso definido e com saídas próximas pode ser bastante complicado e caótico.

Outro problema de compreensão que tive é em relação às aberturas da arquibancada das montanhas. No corte não aparece qualquer sinal do local para qual elas levam. Não dá para saber se são cavernas, se são corredores de acesso, mas ambos não fazem sentido e nenhum é seguro.


 Abaixo, os acesso laterais:



A vista é, sem dúvida, interessante. Mas com o projeto apresentado, falta compreender muita coisa. Falta muita lapidação. 


A cobertura pareceu bastante leve e vai até o limite das arquibancadas, o que é fundamental pela forte insolação.


Bom, como não há muito material, trouxe esse estádio mais como uma notícia, que como uma análise. Vale a pena aguardar alguns anos para ver como ele se desenvolve. Ao ver esse projeto acabei me lembrando de outros projetos que em algum momento tem algo a ver com esse estádio, fica a dica para conhecerem:

Museu do Egito (Vigliecca & Assoc) Esse projeto, também no deserto, apresenta uma característica que, de certa forma, também se esconde um pouco na paisagem. Reparem que nele o acesso é bem definido, mesmo sendo no deserto.

Estádio de Braga (Souto de Moura) Esse estádio, assim como o Rock Stadium, aceita a paisagem inserindo-a no projeto, criando um ambiente interno significativo.

Volcano Stadium 1 (Massaud) Da mesma forma, o solo parece se levantar para abrigar o estádio, sem mostrar suas estruturas aparentemente.

Fonte:
Design Boom
Fubiz
Arch Daily
The National

20.1.13

Voluntários FIFA e Brasil voluntários: oportunidades e treinamentos


Como foi bastante noticiado, há certo tempo a FIFA realizou, através de seu site, inscrições para  o voluntariado na Copa das Confederações 2013 e Copa do Mundo 2014. Até hoje, os treinamentos obrigatórios estavam em andamento, podendo fazer ainda treinamento opcionais e complementares. 

No entanto, o governo abrirá mais uma oportunidade de se candidatar, onde 7000 voluntários serão escolhidos para trabalhar paralelamente aos da FIFA. O programa Brasil Voluntário será lançado terça-feira (22), às 11h, pelo governo federal, junto a um site oficial (no Portal da Copa) onde poderá ocorrer a interação de voluntários, a realização de outras atividades e lá devem constar todas as informações, treinamentos, orientações que um voluntário deve receber. 

O treinamento da FIFA foi bem mais elaborado que o da Copa do Mundo 2010 África do Sul. Os assuntos foram os mesmos: sedes, história da FIFA, das copas do mundo e das confederações, missões dos voluntários, dos eventos, e dos eventos paralelos à copa do mundo, papéis de cada cargo voluntário e simbolismos dos logos e mascote. No entanto, a didática foi mais interessante, mais interativa e dava algumas noções variadas de turismo e de cultura do Brasil, passando por música, como Chico Science, pela arquitetura de Oscar Niemeyer, por pontos turísticos como o elevador Lacerda e curiosidades de cada uma das cidades-sede da copa das confederações. Além disso, um teste de inglês era realizado pois algumas das vagas exigem tal conhecimento.






Ao fim, um teste de conhecimentos adquiridos é feito para analisar o que o pretendente a voluntário aprendeu sobre bons modos, formas de postura para não ser mal compreendido ou rude perante outras culturas além de como transmitir a boa hospitalidade do brasileiro, através do sorriso, que deve ser símbolo do atendimento.

Os cursos optativos dão noções de civilidade, que deveriam ser dadas a crianças nas escolas e estão divididas sob os temas: diversidade, ética, excelência em serviços, excelência no atendimento, gestão de conflitos, gestão financeira e pessoal, liderança, mudanças, princípios de sustentabilidade e superar desafios. Todos com noções básicas de comportamento e educação. Então, muitas pessoas que olham com desrespeito para os voluntários, poderiam ver esse crescimento que vem através de um treinamento básico, e são noções que muita gente não tem, com e sem estudo, com e sem dinheiro: educação de fato. 

Fica a dica, então, para quem se animou um pouco em ser voluntário, depois que as inscrições se encerraram: terça abre mais uma!

19.1.13

Fonte Nova e as alterações no projeto: rentabilidade sem pudor

Recentemente foi anunciado que o projeto do Fonte Nova contará com 5.000 assentos a mais que o previsto (e também que o exigido) já para a Copa das Confederações, em Julho desde ano. Ao que tudo indica, quem pagará os assentos e suas instalações é um 'parceiro' da FIFA, que deve lucrar de alguma forma com essa renda extra no estádio.

O grande problema é que o projeto estava em bom desenvolvimento, sendo elogiado e valorizado por manter a vista para o dique do tororó, patrimônio histórico, preservado e tombado, com vista como um mirante, mantendo o conceito do projeto original do estádio (em forma de ferradura) e valorizando a imagem do mesmo durante a Copa do Mundo e Copa das Confederações, momentos em que ele vai receber os grandes holofotes.

Visando simples e unicamente o lucro a mais nas entradas das partidas, esses assentos desvalorizarão o estádio e, de repente, podem diminuir a segurança. Mesmo que com cuidados, não há motivos para piorar sendo que todos os critérios da FIFA já tinham sido atendidos. Elas serão temporárias, os lucros não serão em hipótese alguma para Salvador - no máximo podemos pensar positivamente que 5.000 torcedores a mais conseguirão ingressos -, mas não vale a pena, é passar por cima de conceitos, história e intuitos da imagem que o país tem q passar. 

Para ver mais do que já foi falado sobre o estádio da Fonte Nova aqui no blog:


e também na Universidade do Futebol:

1.1.13

Rostov Stadium

Resolvi abrir 2013 com um dos tipos de postagens da qual mais gosto e, que imagino ser o mais útil para quem está fazendo trabalho final de faculdade: análise de algum estádio. É também um post que não tenho feito tanto por ser o que requer mais tempo em pesquisa e em estudo próprio para ter o que escrever aqui e não só colocar fotos.  

Como o blog está um pouco saturado dos estádios nacionais, peguei um que vai ser sede da Copa do Mundo 2018, na Rússia. São vários estádios legais e interessantes e hoje posto sobre o primeiro deles o Rostov Stadium que ficará dentro de um projeto maior, o Rostov-on-Don, em Rostov Oblast. A região tem o projeto da cidade como forma de proteção e valorização do rio Don e do trecho arqueológico onde antigamente aconteciam rituais de sepultamentos pagãos.

O estádio promete ser sustentável, assim como a cidade onde está inserido, e deverá ter capacidade reduzida de 45 mil para 25 mil após o evento mundial.

Como podemos ver pelas imagens abaixo, a cobertura é elevada em relação à arquibancada, como no estádio Omnilife, o Volcano Stadium, México, o que pode facilitar a ventilação natural. A estrutura é metálica, treliçada e deve receber uma película de revestimento, permitindo semi-sombra, conforme o que se tem noticiado, permitindo certa iluminação natural.




Suas fachadas são abertas, teoricamente para impulsionar um comércio nesse complexo que o estádio deve se tornar, praticamente um shopping aberto. Como podemos ver abaixo, há um revestimento nessas fachadas, que deve dar certa proteção de ventos, chuvas com vento e sombreamento a estes estabelecimentos.




Tanto sua implantação como fachadas me incomodam um pouco, pela poluição e confusão sem ser muito harmônica. Dá para fazer tudo isso com certa harmonia, como o Frank Gehry é mestre em fazer, mas esta proposta em questão ainda parece que falta lapidar, tirar excessos, rever alguns conceitos iniciais.



São muitas informações e trajetos que se confundem. Em relação à segurança, todo o entorno deve ser limpo, em termos de trajetos serem fáceis de se notar, para que o público se espalhe radialmente para longe do estádio. Podemos ver coisas muito estranhas como o da foto abaixo.



O projeto ainda deve sofrer várias mudanças e a Rússia ainda tem certo tempo para isso. Não muito, mas ao menos para lapidar essa proposta em especial.

Abaixo, algumas imagens internas. O camarote, por exemplo, parece ser bem sem atrativos, praticamente algumas fileiras mais restritas, mas sem graça alguma, diferente do que temos visto atualmente nos principais estádios, onde as instalações VIPs e VVIPs vão muito além de uma poltrona/assento diferenciado. 


 O ponto que achei interessante na implantação é que, ao menos em uma das fachadas, dá para perceber que o estádio está em um terreno não-plano, se inserindo melhor e permitindo o trabalho dos andares de estacionamento e de suporte administrativo e vestiários.


Abaixo, apesar de estar em russo, dá para ver um estudo de insolação em relação ao período do ano. Tirem suas próprias conclusões - eu acho que pode ser um pouco complicado para o gramado, também pelas imagens internas. Porém, como se trata de uma região da Rússia da qual desconheço totalmente o clima, posso estar errada. Se tiver alguém que entenda melhor, favor comentar abaixo do post.


Embora o discurso seja sempre de sustentabilidade, novamente não encontrei informações coerentes e de fato críveis. O mesmo discurso 'blablabla' de sempre é o que vemos na divulgação do projeto: ventilação natural, aproveitamento da luz natural e proteção do entorno. Mas nada de detalhes revelados ainda. Espero ver em breve boas notícias, com novas surpresas tecnológicas e bastante desenvolvimento.

O projeto acima é feito pelo Populous, responsável por vários estádios sensacionais e alguns de gosto bastante duvidoso - vários deles já foram publicados aqui no blog.

Há também um projeto de uma estudante de arquitetura da Rússia, Anya Fesenko, que elaborou uma proposta que tem uma ou outra coisa interessante e se insere no ambiente, camuflando-se, também como o Volcano Stadium. Ela também faz lembrar uma das propostas elaboradas para o concurso do estádio nacional do Japão, onde o estádio se esconde sob áreas verdes.






Fontes:



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