Como prometi, aos poucos elaborarei resumos e textos sobre os debates realizados no evento Copa for All, realizado nesta última semana.
Hoje falarei dos Guardiões das calçadas, responsáveis por tornar a Av. Paulista a mais acessível da América Latina com grande empenho e esclarecendo quem não tem deficiência de locomoção alguma de problemas que não são percebidos por estes.
Quando se fala em acessibilidade para a Copa, ela não se resume à livre circulação dentro dos estádios onde acontecerão os jogos, mas também ao acesso a estes equipamentos, no turismo, no comércio, hotéis, etc. E o primeiro momento em que essas pessoas se deparam com problemas é no acesso a qualquer meio de transporte. Saindo do avião até um ponto de ônibus, até conseguir um táxi, até uma estação de metrô ou trem. De qualquer forma, as calçadas são as principais barreiras.
Repletas de buracos, ausência de rampas, pisos táteis para sinalizar obstáculos, ambulantes, vasos e mesas de bares são barreiras graves e de risco para pessoas com deficiência de mobilidade e isso não inclui somente cadeirantes, como geralmente é pensado, mas idosos, obesos, cegos, surdos, pessoas feridas, com deficiência parcial de visão ou audição, entre outros.
O papel dos guardiões das calçadas é averiguar, conscientizar e lutar por melhorias em calçadas. Eles, na Av. paulista, contaram com uma cadeirante que fazia o percurso da avenida de ponta a ponta a cada 15 dias para salientar e registrar os problemas. Um deficiente visual também está no grupo mostrando o que a cadeirante também não percebe sob as suas próprias dificuldades.
São mínimos buracos que perturbam a locomoção até mesmo para mulheres de salto, que, em tese, não tem deficiência de circular pela cidade. Mas nossas cidades são cheias de absurdos, rampas em um lado só das calçadas, rampas fora da faixa, pisos táteis que levam a lugar algum ou a não sinalização obstáculos como orelhões, ausência de cores que deixem nítidos os caminhos para quem tem limitação parcial da visão, ausência de semáforos sonoros. Calçada também não é só o piso.
É nítido que para a Copa não conseguiremos resolver tantos problemas, mas podemos, sim, focar em alguns locais e inspirar o início desse processo de adequação e acessibilidade digna a todos seja em São Paulo, onde o cidadão pode fotografar e enviar para os guardiões mencionando o local para que eles averiguem o caso e também reclamando no 156. Segundo os guardiões das calçadas, com o alto número de reclamações, a prefeitura autuou o bairro de pinheiros para que bares não colocassem mesas nas calçadas, ou seja, mesmo que, de cara, o problema não seja resolvido, é importante reclamar, como forma de registro.
Funciona como um B.O. de roubo de celular, que muita gente não faz. Reclamando sabe-se os pontos críticos para que a atuação seja mais eficiente. Ou seja, no caso de São Paulo, ligar no 156 e ter paciência para reclamar. A ligação é gratuita e necessária. Dá para fazer a sua parte, reclamando de apenas um único ponto que você use e veja a dificuldade. Eu mesma, fotografarei nesta terça-feira a rua Dona Veridiana que liga a Sta Casa de São Paulo/hospital Sta Isabel, o Mackenzie e o Metrô. Em todo o percurso estão presentes: mulheres de salto, cadeirantes, usuários de muleta, perna quebrada, etc., mas uma série de obstáculos e ambulantes restringem muito a área útil das calçadas.
No site da Mara Gabrilli, ex-vereadora de São Paulo, podemos ter acesso a uma cartilha da calçada acessível, com sugestões de acessibilidade, cada um pode fazer um pouco. É responsabilidade pública, mas também do morador manter em condições boas suas calçadas. Então é interessante que em caso de reforma, considerem e divulguem para suas prefeituras e para seus arquitetos esta cartilha muito útil e nada utópica.
Para acessar a cartilha basta clicar aqui.
A calçada foi o primeiro assunto que resolvi passar aqui para vocês, mas há aeroportos, estádios, sanitários entre outros assuntos a serem abordados.
Quem tiver um contato com vereador que se canditará em breve, mencione o site da Mara Gabrilli, envie a cartilha por email. Quem sabe teremos mais alguém, com poder de conseguir investimentos, em tornar nossos espaços mais acessíveis?
Envie também às suas prefeituras, independente da cidade ou estado, é a sua parte, não custa nada, não toma quase nada de tempo. Divulgue a iniciativa, cobre, denuncie os problemas, mesmo que ainda não veja resultados.
É coisa desse gênero que não devemos tolerar:
E dessas que devemos usar para lutar para ter em espaços públicos e nos inspirar:
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