O que, de repente, era uma estratégia dessas que valorizo em deixar um lugar marcado com uma referência arquitetônica, virou uma lambança. A unicidade de um estádio, seu ambiente, seja por sua arquitetura ou por fatores e valores muito característicos proporcionados pela mesma, ao meu ver, é bastante válido no quesito financeiro.
Isso é diretamente ligado ao turismo que leva junto a publicidade, a mídia em geral, ou seja, marca um evento ou local e faz com que ele seja distinto e, por isso, mais interessante que os outros equipamentos e outras competições. E isso serve para qualquer arquitetura, não só a esportiva.
Masters 1000 de Madri e o saibro azul
O assunto do post de hoje é o saibro do torneio Masters 1000 de Madri (tênis).
As críticas são principalmente sobre ser mais escorregadio que o saibro vermelho, com difícil recuperação, mas também podemos incluir o quique da bola, que tem um ritmo diferente, e altura diferente, contrariando o que se disse no vídeo acima sobre ter feitos testes e chegar a conclusão de que é igual ao saibro vermelho (tradicional).
Depois da crítica ao piso feita pela maioria dos atletas, deve-se pensar até onde vai esse intuito. Não é cabível piorar as condições da prática esportiva somente por esta razão. Ainda mais sem discutir com os atletas, como foi noticiado.
Foi um elenco bom que reclamou do piso da quadra: Federer, Nadal, Djokovic, Ferrer, Almagro, o brasileiro Bellucci, Gasquet, entre outros. Caroline Wozniacki que inclusive chegou a cair em quadra e se contundiu, não chegou a fazer reclamações, mas por seu discurso, também nota-se que sentiu diferença na velocidade. Alguns comentários foram mais sutis e teve gente, como a própria Wozniacki, até que aceitasse a quadra apesar de sentir diferença.
No entanto, este é um post para mostrar também que há limites. O saibro azul pode ter sido colocado também por conta de um patrocinador, o que agrava ainda mais o caso - interferência no esporte por conta de patrocínio e quem paga é o atleta. Só se coloca em jogo um novo material, se este está completamente adequado ao esporte. Para o tênis onde há três diferentes tipos de piso (saibro, grama e lisonda), para diferentes calçados e diferentes ritmos de jogo. Mudar mais alguma coisa pode interferir muito na partida. No saibro usa-se um solado tipo colméia, ou zigzag, sem elevações na sola para não marcar o piso e por este motivo escorrega tanto na terra. Alguns atletas, como Belucci e Djokovic mencionaram usar até chuteiras.
Ficou sim mais agradável para o público e para a transmissão, mas também quebra o tradicionalismo, ao qual muitos são fiéis, como Nadal mencionou. Já as irmãs Williams discordam entre si. Enquanto Serena está junto com Djokovic alegando que a opinião dos atletas não foi considerada e que foi feito o que tinham vontade de fazer e pronto, Venus vibra na futilidade das cores dizendo que cores brilhantes estão na moda e que queria ela ter inventado isso.
Mas vai muito além disso, o equipamento é para o público, para a TV e para os atletas. Mas, se para estes últimos não estiver adequado, qual será o show para o público e para a TV? Quem é primordial na escolha?
Vejam algumas reclamações feitas:
"... para mim, é impossível se movimentar. Ataquei apenas cinco vezes. No resto, só queria passar a bola, acertar meu saque e buscar o erro dele. Isso para mim não é tênis. Ou uso chuteiras ou chamo o Chuck Norris para jogar nesta quadra", Novak Djokovic
"Ano que vem, se fizerem o torneio em saibro azul novamente, não posso esquecer de trazer minhas chuteiras de cravo", Thomaz Bellucci
"O piso é complicado, muito escorregadio, não te faz sentir confortável", Rafael Nadal
"Esta quadra esta um pouco além de ser uma quadra de terra. Pedi para me deixarem jogar com tênis para grama, mas não permitiram. Agora vamos nos adaptar. As condições são as mesmas para todos. Estamos em plena temporada de saibro e esta é uma quadra bem longe de ser [de terra]", Rafael Nadal
E mais - fugindo da arquitetura, mas continuando em Madri -, em breve pretendem colocar bolas de tênis verdes ou laranjas fluorescentes, para contrastar mais com a quadra - como se o amarelo vibrante já não fosse contrastante com qualquer coisa.
Vi uma opinião diferente da minha, do Wagner Brenner. Uma opinião em que se vê tudo isso como genial, como deveria ser se a qualidade fosse igual. Claro que ele só está palpitando daqui, como eu, e não em quadra em um dos torneios mais importantes do tênis. Vale a pena dar uma olhada, inclusive porque menciona o gramado preto do Corinthians. Clique aqui para ser redirecionado ao texto.
Será que se o estádio do Corinthians tivesse um gramado preto a bola também teria que mudar de cor para ser mais visível pelos torcedores e pela televisão?
Nenhum comentário:
Postar um comentário