Livraria Cultura

27.7.09

Cidades-sede: Recife (complementos)

Gostaria de complementar as análises do projeto de Recife!
Novas observações, novas análises, com mais calma.

Vejo como ponto positivo, o espaço que se tem em volta da arena em si. Mantendo este espaço a circulação livre é facilitada, ponto que alguns dos estádios apresentados não tem.

O estacionamento poderia ser mais harmonioso, bem como o trabalho de piso em volta do estádio trabalhando fluxos, acessos , paisagismo e materiais de outra forma. Parece ter tido uma continuidade da cobertura para o piso, mantendo a linguagem (teoricamente baseada na renda renascença) , mas acho que esse trabalho de piso poderia ser mais fundamentado na funcionalidade, visando uma comunicação visual que guie o torcedor em situações de emergência, destacando percursos por exemplo, sem perder a percepção do todo. Uma referência legal é o piso em volta do Allianz-arena, e do Ninho do Pássaro, ambos pelo escritório suíço de arquitetura, Herzog & de Meuron. Dos projetos nacionais, um piso que ficou interessante é o do Mineirão: limpo, simples, eficiente.

O Programa - como já salientei no post anterior, acho que o programa de atividades dentro do estádio e no entorno dele, deveria ser voltado às características do estado. Porque um shopping center? Porque, por exemplo, não poderia ser criado um local de exibição de filmes, com espaços para workshops gratuitos ou não, onde pudesse sediar eventos de cinema nacionais ou internacionais, com equipamentos adequados, com um museu do cinema nacional e com espaço para exposições temporárias. Um cineclube - Pernambuco pode ter mais cineclubes.

Como argumento da criação da cidade da copa foram dados os seguintes itens:
- Área potencial de adensamento e expansão urbana;
- Valorização ambiental;

Agora levanto as seguintes questões: porque para adensar e ocorrer a valorização ambiental, tem que ser feita uma expansão urbana. Uma expansão urbana não vai contra a idéia de ali ser uma região ainda mantida da Mata Atlãntica. Será que a valorização ambiental não seria mais apropriada ao se fazer a manutenção dessa rara região?
Adensar é sem dúvida essencial... mas não é expandindo que se faz isso. Duvido que Recife não tenha regiões onde se possa valorizar o ambiente, dar uma característica mais saudável. Não é preciso criar um espaço novo. Por mais que esse fique bom, o que não parece que acontecerá, e a recife existente?? Essa não precisa de valorização ambiental? Já é um exemplar e por isso não precisa de investimentos? Creio que não.

Além disso, o item "Arborização planejada " foi mencionado - só se for na região como um todo e em relação às espécies da Mata Atlântica, pois ali, na implantação mais detalhada, as árvores dispostas lado a lado, como as típicas "florestas" de eucalipto, não parece ser um planejamento muito adequado, nem mesmo parece ter qualquer dedo de alguém que entenda de Mata atlântica.

Sobre a opção de ter uma cobertura atirantada na estrutura das arquibancadas, tenho umas questões a salientar.
Talvez ficasse mais econômico e o projeto mais integrado se a própria textura de fechamento lateral (a tal renda) virasse a cobertura. Da forma como é apresentada, parece que são dois projetos, feitos em momentos diferentes, que não conversam, não se integram nem interagem.
O fechamento lateral (a tal renda) parece ser somente um enfeite (marcando aquela pura imagem de futilidade com a qual a arquitetura sofre... uma imagem de decoração sem intuito).
Talvez a escolha dos materiais (que confesso não saber pois não encontrei em local algum, possivelmente ainda nem fora escolhidos), possa ser suficiente para a vedação lateral e permissão de passagem de luz no interior do estádio com certa filtragem, e mesmo assim, permitindo a captação de água de chuva. A sensação que tenho é que o projeto foi feito da seguinte forma: bom, vamos cobrir para o estádio funcionar. Pronto, agora vamos enfeitar.

Idéia legal, é o parque ao longo do rio. Muitos rios hoje em dia são canalizados e com marginais em volta. O que é uma idéia completamente infeliz e responsável por grandes problemas que temos em grandes cidades, como poluição, tráfego, enchentes. Dependendo do projeto, a idéia pode ser bem concretizada dando espaço a uma margem do rio mais saudável, para a sociedade de S. Lourenço da Mata, onde podem ser realizadas várias atividades, principalmente a esportiva, se também tiver um programa de atividades bem estruturado.

Bom... se eu tiver mais complementos, posto novamente.

2 comentários:

  1. Sobre o rio, existe um projeto (na minha humilde opinião utópico) de deixar o Capibaribe navegável, desde o centro do Recife (proximidades do marco zero) até o adensamento urbano da Cidade da Copa.

    Não tenho dúvida de que algo desse tipo seria revolucionário para as cidades da região metropolitana, principalmente se também fossem revitalizadas as margens do rio que ainda abrigam tantas palafitas.

    Não tenho idéia do tempo que a viagem levaria, mas imaginar poder pegar uma embarcação confortável no centro do Recife e ir chegar ao local dos jogos passando por vários recantos históricos faria Recife honrar o "apelido" de Veneza Brasileira.

    Não custa sonhar.

    Rodrigo.

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  2. Olha Rodrigo, vc tocou num assunto que eu defendo muito. A navegabilidade dos rios brasileiros, tema este que pretendo ainda fazer um mestrado.
    O brasil tem um potencial enorme!
    Sobre o tempo de viagem... acho que não é tão relevante. Depende muito do uso... pode ser por lazer/turismo - histórico ou simplesmente como passeio mesmo, por transporte de cargas, por transporte urbano.

    Há até projetos de exposições itinerantes pelos rios. Claro que cada caso pode ou não ser realizado em algumas cidades. Acho que temos q ter uma nova visão dos rios. Não acho que seja utópico, mas é algo que vai demorar muito, pois depende da mudança de pensamentos, da mentalidade e hábitos brasileiros, que baseiam-se somente no carro... enxergando mal ferrovias e navegabilidade dos rios.

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