Livraria Cultura

30.6.13

Estádio Carbono-Zero?

A Copa do Mundo de 2022 acontecerá no Qatar e uma das principais preocupações, antes da escolha do país como sede, vieram em relação às temperaturas extremas (em torno de 45ºC) e como manter a sustentabilidade, melhorando as configurações da FIFA perante este quesito. 


Posta esta questão em jogo, a Arup desenvolveu e construiu um mini-estádio 'carbono-zero' em cerca de 6 meses, já reduzindo despesas e gastos de energia em tempo de projeto para conseguir ser sede da Copa de 2022, convencendo assim a FIFA de que pode ser confortavelmente realizada e com segurança e qualidade em um país com estas condições climáticas.




Croquis do conceito (clique para ampliar) 


Convencida a FIFA, em um dia que durante a visita a temperatura exterior era de 44ºC e a interna de 23ºC com a cobertura (retrátil) aberta, bem abaixo do que a FIFA pede para evitar o stress dos jogadores pelo calor, o Qatar viu que era preciso desenvolver muito mais a idéia do protótipo inicial de 500 pessoas para chegar a um estádio do porte digno de uma Copa do Mundo, o que está em desenvolvimento e conferiremos em breve.

Critério da FIFA sobre o efeito de stress pelo calor nos jogadores (clique para aumentar)

É impensável um estádio nessa temperatura sem ar condicionado, existem formas de amenizar, mas para esta situação, com uma multidão dentro, o condicionamento do ar é bastante importante. Foi então bolada uma estrutura com captação de energia solar que depois é transformada em refrigeração fria abaixo dos assentos
Reflexão da luz solar e captação para gerar resfriamento sob os assentos

Gráfico da temperatura interna, baseada no resfriamento a partir dos assentos
Essa energia é estocada enquanto o estádio não está em uso e, caso seja necessária energia extra, biocombustível será usado para suprir essa necessidade - é essa a solução que dá a característica de carbono zero ao estádio: a fonte hídrida sem gerar carbono ao longo do ano.

A cobertura

Retrátil é composta por uma série de painéis ajustáveis a fim de controlar o vento e insolação.

 Acima e abaixo, o aspecto de padrão das placas que compõem a cobertura.


Abaixo, o esquema de direcionamento do som para o campo, evitando que o som retorne muito para a arquibancada criando uma atmosfera complicada onde o público tem que gritar mais e mais por conta do ruído.

A cobertura é em steel frame e deveria receber esses painéis triangulares em alumínio e um espuma para minimizar o aquecimento interno. No entanto, para reduzir o tempo de execução e despesas, foi desenvolvido um tecido em PVC sofisticado que tem uma performance ainda melhor que a idéia original em alumínio e ainda é mais leve. Esse tecido reflete a energia solar e minimiza a absorção de calor, que aqueceria dentro do estádio. Como é mais leve, também reduz a quantidade de aço do steel frame. 
Após o tempo de sua durabilidade, ele também pode ser totalmente reciclado, mais um benefício financeiro.

A captação solar

A captação solar é feita por uma fazenda solar, composta por painéis fotovoltaicos e espelhos parabólicos fresnel que focam toda a luz em tubos, por onde passam a água, que é esquentada a 200ºC e depois esse calor é convertido em energia elétrica, para o sistema de iluminação e força, e também para os sistema de refrigeração, através de máquinas de absorção (absorption chillers). Para mais informações sobre a conversão, com mais detalhes, clicar aqui para ir ao texto em inglês




Simbolismo

Toda arquitetura bem elaborada tem certo simbolismo embutido, agregando valor à construção e ao conceito. No caso dessa proposta, a característica geométrica e de padrões visuais da arquitetura local foi compreendida e elementos do deserto serviram de inspiração para a forma do estádio


A cada copa do mundo é erguido um lema que deve servir para legado para cada país ter como legado, mas todos os critérios devem ser superados a fim de melhorar cada vez mais as recompensas financeiras, ambientais, de imagem ao exterior, e também para um evento mais seguro, confortável, inovador e prazeroso. Neste caso podemos já ver uma evolução na sustentabilidade, comparando com nossos estádios brasileiro, que já inovam, mas em breve serão superados.














Fontes:
E-architect
Arup 
Mott MacDonald

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