Livraria Cultura

27.4.12

Reavaliação das arenas da Copa

Nem todos sabem, mas este blog nasceu da candidatura do Brasil para ser sede da Copa do Mundo 2014 e da paixão por estádios desenvolvida ainda durante a faculdade. Logo que criei o Gol da Arquitetura, que as cidades foram eleitas, resolvi fazer uma avaliação técnica das propostas de estádios e das melhorias em infra-estrutura que elas também tinham em mente. (confira no primeiro ano do blog na aba a direita onde consta o histórico de posts)

No entanto, as coisas mudam, projetos são trocados, propostas se desenvolvem e novas tecnologias e intuitos e idéias podem aparecer. Por este motivo, me pediram para que usasse minha coluna semanal na Universidade do futebol para que refizesse essa avaliação técnica de arquitetura e urbanismo para entender a evolução das propostas, ver se estão no caminho certo e o que ainda seria bom mudar. 

Esta semana foi publicada uma das mais polêmicas cidades: Cuiabá. Espero que gostem e que, se quiserem e puderem, comentem, por email, ou aqui no blog. Gostei muito da participação de todos aqui quando a primeira versão foi feita. Clique abaixo para ver a análise da cidade mato grossense que sediará o evento:


Quem ainda quiser rever o texto antigo, mas que abrange mais coisas de cada cidade e retomar a discussão, fiquem a vontade. Clique aqui.

7.4.12

Itaquerão e sua estátua facilitarão marketing do corinthians

Recentemente escrevi sobre as potencialidades da estátua de São Jorge que prometem colocar em frente ao estádio Itaquerão do Corinthians. Leia aqui.

E aproveitei esta semana para escrever mais um pouco sobre o assunto, com alguns dados de clubes e referências internacionais e a estratégia do Corinthians, Santos e Internacional. Ele foi publicado esta semana na minha coluna semanal na Universidade do Futebol. Clique aqui para ler.

Espero que gostem que comentem, lá ou por aqui mesmo.

3.4.12

Técnica: formas deslizantes no Estádio de Varsóvia

Em obras de estádio o prazo e o custo são muito cobrados e a técnica das formas deslizantes ajudam bastante a diminuir o desperdício de madeira para formas de trechos repetitivos e contínuos em concreto.

Foi o caso do Estádio Nacional de Varsóvia, por exemplo, recém postado aqui no blog e uma das sedes da EURO UEFA 2012. Com 12 escadarias, a técnica foi utilizada, aumentando a agilidade do cronograma.

O sistema conta com um macaco hidráulico e um 'barrão' que se apoia na estrutura. e pode ser usado em caixas d´água, caixas de elevadores, escadas, etc., geralmente estruturas altas. A concretagem acontece de 3 em 3  horas após o tempo de cura do concreto para que possa ser desenformado e subir mais 20 ou 30cm, mais veloz que da forma convencional.


"As fôrmas deslizantes têm duas plataformas, uma superior onde trabalha a equipe de armação e concretagem da estrutura e outra inferior, que abriga os profissionais responsáveis pelo acabamento"





Acima podemos ver algumas das 12 escadas que foram trabalhadas neste sistema e também um pouco mais da estrutura ainda sem o revestimento vermelho e branco.

Já as arquibancadas do estádio são pré-moldadas, como podemos ver nas duas imagens abaixo.



Abaixo mais algumas fotos interessantes do estádio em questão:






Nas duas imagens acima, duas imagens do projeto do estádio apresentado - clique para aumentar.
 

Acima, o estádio original onde o novo foi erguido, tentando respeitar o terreno - muito pior que os brasileiros antes da copa, não?. Abaixo, um operário na colocação da cobertura.



 Acima, uma das vistas internas e, abaixo, uma das 65 salas vips.



Acima, já com os assentos colocados, e abaixo uma maquete modular do padrão do estádio.

2.4.12

Nou Mestalla: o estádio do Valencia

Alguns países europeus tem estádios antigos que hoje não comportam bem o público, sem segurança adequada, sem qualidade de visibilidade e que tem gastos superiores aos ideais. É por este motivo, por exemplo, que a Itália  tem demonstrado real interesse com times apresentando novas idéias de estádios, novos projetos e alguns já colocados em prática. Mas, aos poucos, a Espanha tem se atualizado.

Projeto estádio Valencia
O Valencia, em 2006, apresentou seu projeto de estádio, que está em construção e promete ser um dos melhores da Europa, se não o melhor. O projeto, de fato, promete algumas características de conforto ao torcedor, como por exemplo, com espaços maiores entre as fileiras de assentos nas arquibancadas. Enquanto o comum é ter 80cm livres para as pernas e para passagens de pessoas que queiram sair da arquibancada no meio da partida, a menor distância é no trecho mais distante do campo (pelo grau de inclinação tornar mais estreito), com 85cm. No setor mais próximo do campo, tem 95cm e, na intermediária, tem entre 95cm e 105cm - o que é realmente bem mais confortável e espaçoso.

A proximidade do campo é um fator que o time espanhol se gaba para que a torcida possa fazer pressão sobre o rival com maior eficiência. São, no caso, 6m de distância da torcida mais próxima do limite do campo.

perspectiva interna estádio valencia

O estádio promete um interior repleto de luxo para os 75.000 torcedores - um público grande para o padrão dos estádios de hoje. Constantemente o Valencia enfrenta crises financeiras - assim como muitos times espanhóis passam, inclusive ameaçando de greve em 2011 - e divergências com a administração, interrompendo a obra.

Com base em estudo de fluxo, o estádio promete se esvaziar em 8 minutos para segurança em casos de emergência e também garante fácil acesso na chegada graças ao bom estudo de circulação e grandes entradas. A acessibilidade também promete ser cumprida para pessoas com deficiências motoras, proporcionando para isso, uma grande quantidade de rampas, elevadores e escadas rolantes - mas que em caso de emergência, só pode ser utilizada a rampa com segurança.

O clube promete fornecer muitas atividades para os torcedores manterem a casa ativa e viva e, claro, atraindo cada vez mais capital.

Simbologia

A cobertura e fachada estão divididas em 16 placas de alumínio que representariam cada um dos distritos da cidade.

Imagem externa estádio Valencia

Na fachada - unida à boa parte da cobertura - tem um recorte que simboliza o Rio Turia (na parte de vidro) e é justificada pelo controle térmico estando abertas nos dias mais quentes, para potencializar a circulação do ar, e fechada nos dias mais frios. Infelizmente, não encontrei muito material referente ao conforto ambiental, pelo qual tenho muito interesse já que a cobertura/fachada seria em vidro. Também foi estudado um sistema junto à renovação do ar, para garantir boa umidade interna, evitando condensação que é prejudicial ao gramado.

No interior, em uma das imagens, na maquete e em algumas imagens 3d, aparece um lambril, não tão visível nas imagens noturnas, que provavelmente diminuirá o impacto da luz e do calor, mas ainda assim permitindo boa iluminação pelas frestas da fachada.

circulação interna estádio Valencia

Maquete do projeto do estádio do Valencia

Escadas e brise do estádio do Valência

Escadas, lambril e circulação interna do estádio

Para a cobertura, como podemos ver em imagem mostrada no início deste texto, junto à estrutura deve ser usado um elemento têxtil para proporcionar sombra adequada ao público.

Embora tenha sido prometida uma boa segurança, a proximidade do estádio das edificações vizinhas é semelhante à do Morumbi. Dá para ser feita, mas compromete o plano de segurança. Para eventos de grande porte, entidades como a FIFA podem se preocupar e negar como sede de algum evento. Para a UEFA, provavelmente, pelo padrão geral do estádio, é provável que consigam eventos, principalmente se este estudo de evacuação puder ser comprovado.

proximidade à edifícios vizinhos do Nou Mestalla
Preocupante proximidade com os edifícios vizinhos, muito colados ao equipamento, dificultando a segurança prometida





















Fontes:



Leia também textos relacionados aos estádios italianos e espanhóis que se atualizam:


1.4.12

PGE Arena Gdańsk

Esses dias me deparei com uma foto da PGE Arena, em Gdańsk, Polônia, inaugurado em Agosto de 2011, e que será palco também da UEFA EURO 2012, junto ao Estádio de Varsóvia já postado aqui no blog e alguns outros.


Picasa Magdalena Głażewska

Sinceramente, não é extremamente parecido com o estádio Soccer City, em Johannesburg, sede da Copa 2010 África do Sul? Exceto por detalhes da cobertura.Vejam abaixo:

Soccer city, copa 2010, foto por DJ Brazil

Na minha opinião acho bastante parecido. Tanto no formato, quanto na idéia de trabalhar as cores e nas aberturas. No entanto, todo o projeto da África do Sul tinha uma justificativa e simbologia cultural - A mistura das cores de pele, o formato fazia referência a uma espécia de caldeirão tradicional sul africano. Já a  PGE Arena, é relacionada ao âmbar, resina fóssil, que consideram ser original do báltico. A inspiração justifica bem a cor, mas nem tanto a forma, embora o desenhos das estruturas verticais sejam interessantes. A cor é bem próxima do material e deixou o estádio bem interessante sob a luz do dia.

                                         âmbar báltico, resina fóssil pela qual o estádio foi inspirado

Não é como o caso de cidade-sede Natal, mas o motivo pelo qual escrevo este post é o mesmo. Vale a pena fazer algo tão 'parecido' em um equipamento que custa milhões? Se é para construir, não vale a pena realmente fazer algo único, algo que atraia o interesse de pessoas que nem sempre podem se interessar por futebol, mas também pela cultura do país, pela arquitetura, por marketing esportivo? 

A PGE custou cerca de 150 milhões de euros, aproximadamente 450 milhões de reais.


Abaixo, mostro mais alguns detalhes da PGE Arena:

Detalhe lateral PGE Arena

fachada pge arena

cobertura do estádio pge arena

Fachada modular de PGE Arena
Fotos acima: Magdalena Głażewska

Também me incomoda um tanto a iluminação externa do estádio, onde tem muitos postes obstruindo a visão plena do estádio (ver a primeira foto do post). Há muitas formas de diminuir essa sensação, como  posicionar balizadores em ao longo dos caminhos, deixando a iluminação marcada no chão, sem subir postes altos ou diminuindo a quantidade deles, ou, também, dispor trajetos radiais para evacuação e postes dispostos neste mesmo sentido, em eixos radiais.

Podemos comparar também o sistema de revestimento externo e cobertura do Allianz Arena e da PGE Arena (fotos abaixo, respectivamente):

Sistema construtivo allianz arena

Sistema construtivo em policarbonado da PGE Arena

Apesar de utilizarem sistemas construtivos e materiais diferentes, podemos ver a semelha no conceito de uma estrutura de arquibancadas completamente desvinculada da fachada e cobertura  - uma ótima solução para estádios que necessitam de reforma sem mexer na estrutura existente das arquibancadas.
O material ETFE é excelente e é o utilizado no Allianz Arena. Já no PGE o material é o policarbonato, leve, mas não tanto como o ETFE, e apresenta problemas de durabilidade, limpeza e amarelamento do material com o tempo. O efeito é completamente diferente (assim como seu custo) e, com a iluminação, ambos mostram parte do interior por sua leve transparência. No entanto, na PGE arena, essa transparência, junto ao material e a cor amarela, já dão uma impressão de sujeira ou envelhecimento - ou não?

Estádio PGE em warclaw

Suas arquibancadas são levemente trabalhadas, num sistema aleatório das cores, mas sem simbolismos ou grafismos.

arquibancada PGE Arena

Internamente, podemos ver a estrutura da cobertura, a qual não passa muito a sensação de leveza. Mas podemos ver, claramente, seu sistema estrutural. A iluminação no gramado também pode indicar problemas com insolação no gramado no futuro, pois mostra uma cobertura no estilo europeu, onde a cobertura vai até o começo das arquibancadas, e sem muita transparência, prejudicando a sobrevivência do gramado.

Sistema construtivo da cobertura da PGE Arena

vista interna pge arena

Acabei colocando algumas opiniões próprias deste estádio, mas para mostrar um pouco deste novo equipamento que, para mim, não representa nada demais, nada surpreendente.

Danos ao gramado com shows nos estádios

O Corinthians, recentemente, disse que não pretende ter shows em seu estádio, buscando outras fontes de renda e o time, de fato, tem um bom motivo para isto.

Hoje, uma nota do engenheiro agrônomo, Artur Melo, mostrou o trabalho exemplar de recuperação do gramado após o show 'The Wall", de Roger Waters, no Engenhão - este foi o segundo show no estádio este mês. Artur salienta o trabalho exemplar da equipe do gramado para recuperá-lo para as partidas, e nas fotos postadas podemos ver exatamente o estrago que este tipo de eventos traz ao gramado, mesmo com muito cuidado.


Os cuidados e custos com o gramado aumentam bastante a partir do momento em que se assume ter espetáculos musicais no equipamento. Quem sabe muito bem dos custos do gramado é o estádio de Wembley, na Inglaterra, que já teve muitas trocas devido à sua cobertura que não permite boa insolação.

Vejam o link direto do artigo de Artur Melo clicando aqui.

Leia mais sobre o que o blog já falou sobre os cuidados com os gramados:

E sobre gramados artificiais no meu Blog Arquibancada, no Portal da Copa 2014:
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