Livraria Cultura

27.2.12

Dica de leitura: "A culpa é do Futebol Society"

A dica de leitura, inicialmente, era para ser dicas de livros mas acho que vale a pena colocar links de textos bons também. 

Há um bom tempo tenho me questionado sobre a diminuição e sumiço do futebol de várzea, da diminuição dos campinhos de futebol pelas cidades. E esse texto acredito que sirva para refletir um pouco sobre esse assunto.

Acredito que o futebol está virando um artigo de luxo, infelizmente. Um esporte que sempre valorizou a união dos torcedores por um time independente de classe, cor, idade, entre outros, hoje está se elitizando com camarotes VIPs, altos custos de ingressos, itens e uniformes trocados a todo momento e com valores muito altos e, também, com a criação dos campos de futebol society. Não acredito que tenham que acabar, mas não acredito que devam sumir os mais simples, de terra batida, ou com traves improvisadas no asfalt. Caso contrário, ou o futebol perderá muito de sua essência e de sua origem no Brasil.

O texto em questão é breve e está publicado no sie Papo de Homem. Espero que gostem.
Para lê-lo, clique aqui.

Abaixo, uma foto que tirei de uma trave improvisada que, mais interessante ainda, é desenhado no muro do lado de fora do campo de futebol da cidade de Atibaia - SP. Uma das muitas formas e improvisos do futebol de rua e que, no caso, uma vizinha tem pedido para apagar pois o barulho da bola a incomoda.

24.2.12

Arquibancadas trabalhadas

Em reformas pequenas dos estádios brasileiros é muito comum que se troquem as cadeiras/assentos e ou mesmo os coloquem pela primeira vez, pois muitos dos nossos equipamentos ainda são apenas degraus, como as famosas arquibancadas para a torcida geral, sem lugar marcado e capacidade duvidosa e muitas vezes exagerada, acabando com a segurança.

Na grande maioria das vezes, os estádios também usam cores do time para diferenciar setores e/ou anéis de arquibancadas, torcidas visitantes da torcida da casa e camarotes. No entanto, tem locais que trabalham essas cores e modelos dos assentos de forma diferente.


Acima, o projeto do estádio do Beira-Rio (sede do Inter) para a Copa 2014 e, abaixo, o Maracanã até o início das reformas para a Copa 2014. Ambos com blocos de cores sem trabalho propriamente dito. O primeiro, cores do time, e o segundo, com as cores do Brasil.


Acredito que o trabalho dos assentos seja uma forma menos onerosa de investir em algo marcante. Se o estádio tem um porte bem menor ou não pode arcar com gastos em coberturas mais tecnológicas ou materiais mais atraentes e projetos que os tornem marcos arquitetônicos buscando uma imagem mais marcante que possa trazer mais visitas, essa é uma boa alternativa, inclusive algo simples de ser feito, inclusive para pequenos ginásios, ou até mesmo pequenas arquibancadas de centros de treinamento ou campos de futebol society. 


Acima, o estádio Moses Mabhida, em Durban, sede da Copa 2010 - África do Sul. A simbologia das cores das arquibancadas era o encontro das águas do pacífico com a terra sul-africana, notando assim as águas abaixo e um tom mais terroso no topo do anel superior. Já abaixo, o Estádio Mbombela, também sede da Copa 2010 que fazia referência às zebras e girafas, fauna sul-africana - embora eu só enxergue a zebra.


Há também exemplos de arquibancadas trabalhadas, mas nem tanto, como a do novo estádio da Juventus como vemos abaixo, com a passagem de preto para o branco e com as estrelas do time estampadas:


Mencionei anteriormente em um post sobre a possível influência das cores dos estádios no comportamento da torcida e, de repente, seria uma boa alternativa fazer testes e estudos analisando dados de violência em estádios mudando as cores dos assentos, não necessariamente com reformas, pois seria muito caro e absurdo, mas com alguma outra alternativa. De repente, valeria a pena.

Abaixo, mais um texto que já escrevi e que pode colaborar com esse post de hoje:

Ontem saiu mais uma coluna minha na Universidade do Futebol, sobre os Centros de treinamento, sua importância e referências, podem ler clicando aqui.

Melbourne Stadium

Pelo natural desenvolvimento do futebol e economia, acabo me restringindo a estádios europeus e brasileiros pela Copa 2014 e Olimpíadas 2016. No entanto, hoje venho com um estádio de Melbourne. O que mais me chamou a atenção é que é um estádio com a fachada interativa, algo que propus em meu trabalho final. No meu caso, baseado na captação do som nas arquibancadas a energia era transferida para leds na fachada referente ao setor onde o som era captado. As cores das lâmpadas de LED variariam conforme a intensidade do som também. Pesquisei como isso seria captado e como funcionaria a troca, mas os professores não aceitavam que eu me preocupasse com isso - frustrante. No caso do meu TFG, a cidade veria o estádio em movimento através de 'olas' nas arquibancadas, gols comemorados no setor visitante ou da casa, sustos de ameaças a gols em setores próximos ao gol, enfim, o estádio, contaria por fora, o que aconteceria dentro.


Mas voltando ao estádio de Melbourne, a proposta é que a cobertura tenha várias lâmpadas com capacidade de brilhar em várias cores e que poderiam ser programadas para imitar o movimento interno da torcida. Sua cobertura é em 'bioframe', uma estrutura em aço mais leve e que usa 50% menos material que outras coberturas. Foi trabalhada em toda a sua extensão na consistência estrutural do domo, formando os gomos que podemos ver abaixo. 





A fachada, no entanto, é facetada, trabalhada triangularmente, formando uma malha e permitindo uma variedade de vedações como na imagem abaixo vemos: totalmente vedada, com brises ou abertos. Isso facilita a manutenção e diminuição de gastos caso ocorram e ainda, próximo ao campo, pode ser trabalhada a transparência dessa cobertura, facilmente, usando materiais como o ETFE, por exemplo - embora isso não tenha sido mencionado, mas é uma forma fácil de adequar caso o gramado sofra com falta de insolação.





Vale lembrar também que a construção do estádio, que tem capacidade para 30.000 torcedores (tamanho mais natural às necessidades de hoje), inaugurado em 2010, foi uma estratégia de marketing para atrair futuros eventos esportivos.  Uma oportunidade como esta está sendo perdida pelo Brasil que não visa construir equipamentos que possam atrair outros eventos esportivos após a Copa do Mundo e Olimpíadas. Eventos de outros esportes, anexando aos suas arenas 'multifuncionais' equipamentos de um esporte que ainda precisamos desenvolver e incentivar. Mais uma vez, estão nos dando exemplos, idéias e não estamos adotando. Uma pena.

Acima, foto do flicker de WilliamBullimore
Fontes:

23.2.12

Estádio San Nicola

Durante meu Trabalho Final de Graduação tive que observar vários estádios, novos e antigos, projetos e propostas realizadas que pudessem me esclarecer quesitos diferentes e questionamentos de professores.

Um dos estádios que vi e que mais me marcou foi o Stadio San Nicola, em Bari, na Itália. O projeto é do renomado e brilhante arquiteto Renzo Piano e o motivo pelo qual eu me recordo muito dele é a preocupação com a circulação. Desde a menção que faria um estádio, todos me aconselhavam a me preocupar com a circulação e isso é realmente um dos fatores mais importantes - desde a circulação externa (acesso e saída) quanto interna. 

A chegada dos torcedores ao estádio se dá aos poucos, ou seja, tem um bom período de chegada, com gente chegando de 1 hora até 5 minutos antes do início da partida. No entanto, a saída se dá toda ao mesmo tempo, tanto em casos de pânico como ao final da partida, show ou qualquer outro evento. Isso gera uma preocupação de segurança que inclui diversificação de meios de transporte, dispersão de torcedores evitando aglomerações e trechos atravancados de pessoas e também em boa sinalização.


Como vemos acima, o estádio San Nicola tem sua arquibancada superior separada por módulos, cada uma com sua saída, sua escada.



Imagens acima do site oficial de Renzo Piano

A forma como foi pensada destina uma quantidade de público certa para cada escada, então cada módulo tem uma escada garantida em suas proximidades e o público necessariamente é destinado às mesmas. 

A partir do momento em que o público sai, ele é bem distribuído no terreno, sem barreiras - o que mostra a importância de estádios em locais não muito adensados. No Brasil, temos muitos estádios importantes que nem com reforma conseguem adotar essa distribuição para a segurança do público. Na imagem abaixo podemos ver, por imagens aéreas como o piso o guia a torcida radialmente para espaços distantes do estádio em si.


Já o acesso à arquibancada inferior se dá pelo nível da entrada, ou seja, sem degraus, facilitando assim diversificação do público. Infelizmente, o site do Renzo Piano retirou algumas fotos, mas tentarei ver se nos meus arquivos salvei a imagem da maquete em corte de um desses módulos onde mostrava exatamente este acesso em nível. 

É, de fato, um dos estádios mais significativos em termos de segurança em momentos de saída e emergência. É um estádio da década de 90, ano em que foi inaugurado e, portanto, tem critérios que hoje já estariam desatualizados pelas constantes mudanças nas exigências, mas, sem dúvida, deveria ser inspiradora  e referência para a construção de novas arenas.

Torcidas de futebol no Carnaval

Já mencionei o caso do possível rolo que deve dar caso envolvam cada vez mais o futebol com o MMA e ainda recomendei um texto de um amigo jornalista. Veja clicando aqui.

No entanto, o Carnaval de São Paulo veio para mostrar que o Brasil não pode mesmo misturar as coisas. A rivalidade está sempre na torcida do Carnaval, a organização tem que ter uma preocupação extra que poderia ser desnecessária com a possível violência das torcidas. 

Todos estão sabendo dos fatos então acredito que não seja necessário explicar. Mas as torcidas organizadas de futebol ainda são, sim, agressivas, embora tenha muita gente com outro comportamento tanto na presidência destas torcidas como no grupo. Mas sempre tem um grupo arruaceiro para manter a fama, esbanjando um comportamento delinquente em meio a gritos de "Timão eô!", como no caso do Carnaval de São Paulo.




É o momento errado de estabelecer o MMA como esporte nacional, como tem sido visto e feito. Grandes eventos mundiais estão próximos, sem muito tempo para conscientização e ainda estamos no caminho oposto da segurança. 

Vale a pena lembrar todo o gasto que a Inglaterra já teve com o hooliganismo e com a eterna briga de torcidas do MillWall e West Ham. E ainda toda a preocupação que eles tem em jogos atualmente. Queremos isso para o Brasil, principalmente para Corinthians e Palmeiras? É essa imagem de vândalos sem educação alguma que passaremos na Copa do Mundo 2014? Isso reflete em muita coisa, negociações, investimentos no país, desenvolvimento e turismo. Não é, definitivamente, a atitude correta fomentar o vínculo do futebol com outras atividades antes de acabar de vez com essa rivalidade baseada somente na violência.

8.2.12

Os estádios para Bursa

Bursa é uma cidade na Turquia onde seu estádio é o que mais recebe jogos do time Bursaspor cujo apelido é Yeşil Timsahlar (crocodilo verde). Timsah significa crocodilo, em turco, e foi aí que nasceu um projeto, talvez até um pouco cômico, que usarei para mostrar um ponto de vista que defendo, mas com ressalvas.

Já falei sobre o valor da forma, da simbologia e de tratar o estádio como um marco a fim de garantir ou aumentar o arrecadamento do equipamento para autossuficiência financeira. Alguns casos que já mencionei levantando esta questão são: Arena Manaus e o Volcano Stadium, por exemplo.

No entanto, mostrarei dois projetos distintos para a mesma cidade e ambas possuem uma simbologia relacionada ao tal 'crocodilo verde' mencionado acima. Na verdade, uma tem simbologia, a outra é tão explícita que não se refere mas se mostra nítida a idéia.

Em 2009, tive o contato com um fornecedor do ETFE, em São Paulo, onde conheci bem o material e como exemplo de utilização, foi mostrado o projeto, ainda em estudo para um estádio na Turquia, pareceu um tanto estranho, mas agora, que saiu o novo projeto resolvi dar uma olhada melhor e abordar este assunto. O estádio em questão é o seguinte:







Já o estádio novo, cujo conceito foi divulgado recentemente (elaborado pelo stadiumconceptarenaCom)





Apesar do projeto mais antigo utilizar um material de excelente qualidade, o ETFE, nota-se que a forma nítida de crocodilo que foi adotada limita o estádio para expansões ou até mesmo reduções, como também beira o cafona, na minha opinião como cidadã e como arquiteta (tanto pela falta de sensibilidade arquitetônica quanto pelos raios de luz saindo dos olhos do crocodilo com a iluminação noturna). Acredito que a outra proposta, a mais nova, remete ao simbolo do time, permitindo, ao mesmo tempo, com que a arquitetura flua melhor obtendo melhores resultados. Neste segundo caso, onde a cobertura faz lembrar escamas, a ampliação pode ser facilmente obtida sem grandes transtornos além de ter sido pensada modularmente, facilitando o uso logo abaixo da cobertura, como mostrarei em um futuro post. 

Não entro na questão ainda dos projetos propriamente ditos, mas do conceito da forma. Nem os problemas de inserção no terreno da primeira proposta, nem mesmo soluções geniais da segunda, são alvos deste post.  

Esta postagem foi mais para mostrar como um mesmo conceito pode ser abordado de formas diferentes por profissionais diferentes. Mostra também como materiais bons podem ser empregados ainda com qualidade mas em projetos problemáticos. Ainda mais, pretendo salientar o quanto é adequado, para obras de porte grande (mas também um pouco menores) uma segunda opinião, como em casos médicos, por exemplo, valorizando a realização de concursos de arquitetura onde o conceito inicial é apresentado, deixando o executivo somente para soluções mais adequadas ao cliente. O Brasil ainda precisa disso, embora 2011 tenha tido uma maior quantidade, está bem distante da quantidade em outros países. Emprega-se melhor o dinheiro público ao mesmo tempo que valoriza bons profissionais.

A próxima postagem dedicarei à proposta mais recente que tem pontos interessantíssimos a serem mostrados. Espero que gostem. Somente como uma menção extra, o que acham da comparação da proposta do crocodilo verde com a do Estádio Solar? Bastante semelhantes, não? (a não ser pela qualidade)

Fontes: 

3.2.12

Coluna Semanal Universidade do Futebol

Um dos primeiros impulsos e estímulos que tive ao escrever meus artigos sobre arquitetura esportiva e estádios, principalmente, foi dado pela Universidade do Futebol (antes chamada Cidade do Futebol). 

Foi lá que obtive meu primeiro arquivo publicado, antes mesmo de criar o blog  Gol da Arquitetura. 

Pois este ano, em 2012, passei de colaboradora eventual para colunista semanal. A estréia foi dia 26 de Janeiro, onde falei sobre o que as colunas vão tratar e o que espero com essa nova jornada e ontem saiu a primeira coluna com conteúdo propriamente dito.

As colunas serão às quintas, espero que leiam por lá também e que, se possível, voltem a comentar.

Pretendo postar mais vezes, mas a vida profissional está bastante agitada.

A Universidade do Futebol

Para quem não conhece, a Universidade do futebol foi criada para que estivessem ali disponíveis as discussões e materiais relativos ao futebol em diversas áreas como psicologia, arquitetura, administração, educação física, tecnologia, jornalista, organização, entre outras.

É atualizadíssima com notícias, colunas, vídeos, materiais de diversos tipos e cursos.

Vale muito a pena conhecer quem tem interesse pelo esporte. Quem também quiser, pode pesquisar pelo meu nome e encontrará os vários artigos que já escrevi para o portal, sempre dentro do ramo que entendo.

1.2.12

Adidas e o Museu do Futebol

A Adidas começou uma campanha sustentável para reciclar tênis, na doação você ganha (nos próximos meses) entrada par ao Museu do Futebol. Leia mais sobre o projeto. Quem ainda não visitou o Museu do Futebol, no Pacaembu, vale a pena. É bem interativo e é bem legal a campanha para estimular a visita aos museus, interesse pelo qual o brasileiro quase não tem e para conhecer um pouco mais sobre o esporte mais famoso no Brasil.


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