Livraria Cultura

30.9.10

Camp Nou - o Barça e seus bons projetos arquitetônicos


Volto no último dia deste mês com uma nova referência em estádios de futebol. O barcelona teve, nesse último ano, um projeto para reforma de seu estádio, o Camp Nou ("campo novo") e um projeto de reconstrução total, a beira-mar.

Primeiramente o projeto que surgiu da comemoração de 50 anos do estádio, feito pelo renomado arquiteto, Norman Foster. Esse projeto é o oficial, de reforma - ideal, pois não há cabimento criar um novo, embora a outra proposta ser interessante. Segundo o site oficial do arquiteto, o projeto pretende abrigar 106.000 torcedores - algo já fora do comum. Hoje em dia a capacidade é muito menor, por viabilidade econômica. No entanto, pela grandiosidade do clube, imagino que dê para aguentar bem um estádio de tamanha capacidade.

A grande modernização do estádio de um dos clubes que mais tem membros é a instalação de uma cobertura e algumas modificações no entorno. Alguns acréscimos no programa foram propostos, como hospitalidade e áreas públicas.






Nas duas imagens acima, podemos ver o mosaico feito na fachada - vedação e cobertura - com placas em azul e escarlate (cores do Barcelona), mesclados com placas vermelhas e amarelas (cores da bandeira da Catalunha). Estas placas tem certo grau de transparência e modificam o interior do estádio, onde existe a circulação de acesso às arquibancadas, como é sugerido na imagem abaixo, e alguns outros ambientes. Os painéis são de policarbonato e vidro. Quanto a esses materiais, tenho minhas dúvidas, o policarbonado tem um problema de degradação e mudança de cor ao longo do tempo, e ambos (vidro e policarbonato), tem o problema da manutenção/limpeza. De repente, algum material como o ETFE poderia ser legal. (postarei em breve texto sobre esse material no Blog Arquibancada).




A grande intenção dessa reforma é fazer do estádio uma marca para o clube, atraindo mais fãs e, até mesmo, admiradores da arquitetura. Para isso, a iluminação colaborará muito. O estádio terá duas facetas, a diurna e noturna, onde a iluminação de dentro pra fora, dará destaque ao estádio. Dias de jogos e dias normais serão diferenciados, imagino que com uma iluminação menos intensa nos dias sem partidas, salientando assim o fervor dentro do equipamento enquanto as partidas estiverem acontecendo.



 

Para o Sir Norman Foster, o mosaico elaborado é uma inspiração ao arquiteto catalão, Antoni Gaudí - o arquiteto usava mosaicos em várias de suas obras, como a casa Batló, acima, à direita.

A fachada e sua estética tá ficando, ao mesmo tempo que me lembra um monte de projetos, parece ser uma variação da mesma forma. Os projetos do Herzog & de Meuron, loja da Prada e Allianz Arena, e a rodoviária da Luz, em São Paulo (onde há projeto para ser uma Teatro de Dança), apresentam o mesmo formato, mas cada um com uma tecnologia e intuito diferente. As fotos abaixo são respectivamente as listadas acima:



Essa fachada, serve não só como referência à arquitetura catalunha e iluminação, mas protege os inúmeros torcedores da chuva ao mesmo tempo que tem inclinação que permite a ventilação natural.


A previsão para a conclusão do projeto é para a temporada 2011-2012 e o estádio que já é o maior da Europa, ficará ainda maior.


Enquanto o estádio atual fica localizado um tanto distante do mar, Emili Vidal, arquiteto e membro do clube, resolveu criar uma nova proposta para um estádio para o Barça, ignorando a existência do atual, e criando uma no meio do mar. Apesar de ser muito estúpida a idéia de ignorar o maior estádio europeu e com tamanha história, sua proposta, em outras circunstâncias poderia ser considerada muito boa - apesar das poucas imagens divulgadas.

Além dessa utopia do arquiteto Emili Vidal, ele ainda propõe nesse estádio a capacidade de 150.000 torcedores, o que já se provou bastante inadequado nos dias de hoje - por questões financeiras. Se ele já existe, ok! Se não, que não se crie outro. Além disso, se criassem um novo estádio, o que seria do estádio atual com enorme capacidade não se sabe. 

Olhando para o estádio ignorando esses fatos e considerando somente sua arquitetura, podemos ver um acesso muito bem definido. Barcelona é uma cidade moderna e não baseada somente em carros, pelo contrário e por isso funcionaria relativamente bem o acesso que ali foi feito. Caso contrário, se fosse no Rio de Janeiro, por exemplo, um grande tráfego seria criado ali na costa, próximo ao único acesso ao equipamento. Como é Barcelona, esse tráfego seria reduzido bastante pelo público que caminha pelas Ramblas, bicicletas (que já são comumente utilizadas na cidade), carros e transporte público (aí já confesso que não sei se chega bem nessa parte da orla, imagino que sim por conta das obras das olimpíadas).



A arquitetura chama bastante atenção e garante segurança pelo espaço das esplanadas em volta do estádio.Sem dúvida seria mais um lindo atrativo turístico para essa cidade. Não ouso fazer novos comentários já que não tenho imagens de apoio. Caso alguém saiba de novas imagens desse projeto, colabore posso fazer mais estudos sobre ele.


Fontes:
Foster and Partners
Future Structures

24.9.10

O que é necessário para um transporte adequado em 2014 - Revista CNT

À convite da revista CNT (Confederação Nacional do Transporte), escrevi um artigo sobre o que deve ser feito  para ter um transporte ideal para a Copa de 2014 e se há a possibilidade em ser modelo nesse sentido.

Clique na imagem para vê-la no tamanho original

Na matéria também há a opinião de Wagner Colombini, presidente da Logit Consultoria, responsável pela implantação de BRTs em cidades da África do Sul.

Para conferir a matéria completa e vizualizar a revista, clique aqui. Página 78-79

Voluntários da Copa 2010 não foram pagos - 2 meses após o término do evento

Mais de dois meses  após o término do mundial e muitos voluntários ainda não receberam seus pagamentos.
Antes de se tornar voluntário, todo candidato assina um contrato com a FIFA, onde são detalhadas as suas obrigações e compromissos e onde deixa claro tudo o que a FIFA e o comitê Local de Organização se compromete a fazer pelo voluntariado.
Depois de selecionados, os voluntários da Copa 2010, na África do Sul, recebem uma carta aos voluntários internacionais (Letter to International Volunteers). Veja imagem abaixo.
stipend
O Stipend, onde grifei de verde, é o pagamento que cada voluntário recebe. Conforme este termo,  recebem esse ’stipend’, os voluntários que cumpriram seus turnos, independente da carga horária, recebendo R100 (rands – moeda sul-africana), equivalente a cerca de R$25,00, por dia de trabalho, ao término do evento.
Alguns voluntários internacionais receberam o pagamento ainda na África do Sul, dependendo da organização de cada cidade. E cada cidade adotou uma forma de pagamento (cartão para saque, depósito em conta ou dinheiro vivo). Na cidade de Johannesburgo, alguns receberam em dinheiro outros receberiam diretamente na conta. Os que receberam ainda em território sul-africano foram taxados em 25%. A justificativa era que todo o trabalho prestado na África do Sul, teria essa taxa a ser cobrada. No entanto, voluntários internacionais de outras cidades não tiveram essa taxa deduzida, pois, segundo a legislação sul-africana, o turista internacional recebe de volta os impostos pagos.
Os responsáveis pelo programa de voluntários do Soccer City (não é o comitê local de organização – LOC), em Johannesburg, enviaram um email geral aos internacionais com um exemplo a ser seguido para que falássemos os dias trabalhados, os valores devidos e/ou as taxas cobradas indevidamente.
Alguns dos voluntários foram taxados também nos valores de comida (não fornecida no início do trabalho voluntários) – o que é incabível – e alguns não receberam seus certificados e os “gift bags”.  Segundo a organização, os certificados foram postados semana passada.
No email com a formatação sugerida pelos responsáveis pelo voluntariado, cada reclamante deveria colocar seus dados bancários e valores e encaminhar o email aos responsáveis. Ao término, na própria sugestão continha o texto:

I sincerely hope that the above matter(s) will be addressed by 24 September 2010 as this is long overdue. Should this email go unanswered, I am willing to escalate the situation, including contacting other Organising Committee members, FIFA members and my local and international media outlets“.

Eu sinceramente espero que o requerido acima seja enviado até 24 de Setembro de 2010, já que já está muito atrasado. Se esse email não for respondido,  estarei disposta a relatar a situação, incluindo  contatar outros membros do Comitê de Organização, membros da FIFA e a minha mídia local e mídias internacionais.”

Até hoje, dia 24 de Setembro, nenhuma resposta foi dada aos voluntários que preencheram esse ‘formulário’ de reclamação e nenhum dinheiro foi depositado na conta fornecida.
Voluntários sul-africanos sofriam e protestavam com a organização sul-africana, que raramente dava informações, dizendo sempre não saber como seria pago e adiando sempre os pagamentos.
Em Agosto, foi reportado pelo site News24.com a falta de pagamento aos sul-africanos e a indignação dos mesmos. Hoje, segundo reportagem outra reportagem, o coordenador do programa de voluntários, Onke Mjo, diz que cerca de 10.000 dos 15.ooo voluntários ainda não receberam seus ’stipends’. Diz também que os voluntários internacionais já receberam o dinheiro por não ter como sacar do cartão FNB fornecido, o que, de fato, é mentira. Somente alguns receberam e sob as taxas indevidas.

A desorganização da Copa 2010, foi tamanha que nem mesmo uniforme completo alguns voluntários receberam. Além disso, nenhum voluntário recebeu luvas, como prometido, mesmo com o frio intenso. Informativos aos próprios voluntários eram disponibilizados em algumas cidades e em outras não.

36957_10150197253065531_516340530_13186796_4817193_n
Acima, kit fornecido para voluntários em Cape Town.  Em Johannesburg, foi distribuído um guia de bolso somente.

Texto postado inicialmente no Blog Arquibancada. Mas, por problemas temporários no acesso ao texto, postado aqui também.

15.9.10

Ministério Público quer redução da capacidade do Estádio de Brasília

Acabei de ler no site da PINI que o Ministério Público pediu a redução da capacidade do estádio nacional de Brasília. A redução seria de 70.000 para 30.000 torcedores. 

O motivo dado é a preocupação do estádio se tornar um tão falado elefante branco. No entanto, porque somente agora, depois de muito tempo de anunciada a capacidade e o projeto ser apresentado, isso foi questionado de fato? Já mencionei várias vezes que o estudo programático para não se tornar um elefante branco tem que ser feito antes do projeto arquitetônico, mas essa demora extrema deixa tudo muito duvidoso.

Se a redução realmente acontecer, tiraria Brasília da disputa pela abertura do mundial, permanecendo Minas Gerais e São Paulo (com o estádio do Corinthians... se ele sair).

Pelo que foi demonstrado até agora, Minas Gerais é o mais organizado em relação aos preparativos, bom senso e dedicação. Vi membros da organização mineira em Johannesburgo analisando e consultando pessoas sobre a organização, tem um projeto coerente e bem elaborado além de estar cumprindo prazos e não fazendo corpo-mole. Além disso, há palestras sobre o desenvolvimento da organização.

O surgimento repentino do estádio do corinthians e da possível 'eliminação' de Brasília, caso a redução ocorra, faz com que tudo seja muito suspeito. Precisamos ficar de olho nesse Comitê de Organização !!!!

2.9.10

Arena do Corinthians - Breve análise: Acesso

Como não há muito material gráfico disponibilizado pelo Corinthians ou pelo arquiteto, farei uma breve análise sobre a inserção dessa nova proposta no terreno de Itaquera, onde já começaram as movimentações de terra e limpeza do terreno. 


Na imagem acima, podemos notar a inserção do estádio no terreno. Logo na saída do metrô há uma passarela¹ (ao fundo da imagem) que dá em uma parte do terreno onde está em andamento um projeto institucional. Essa passarela evita a travessia pela Radial Leste, que tem intenso tráfego. Um dos principais motivos em este ser um dos melhores terrenos onde o Corinthians tinha a possibilidade de construir um estádio fica por conta da existência da estação Corinthians-Itaquera do metrô e da estação de trem da CPTM. A proximidade ao aeroporto internacional de guarulhos, também é fundamental para a realização de eventos internacionais. Considerando esse acesso principal público (metrô+trem+ônibus) podemos chegar à conclusão de que o principal acesso se dá por essa passarela já existente. No entanto, no projeto não foi contemplado qualquer privilégio a essa passarela. Pelo contrário! O principal acesso é pela Radial Leste e entre a passarela e o estádio há um setor do estacionamento. 

Em um caso como este, seria muito bom um acesso como o do Allianz Arena, em München (Alemanha), ou como o acesso da Moses Mabhida, em Durban (África do Sul), ou até mesmo ao complexo do cubo d'água e ao ninho do pássaro, em Beijing (China). No três casos (respectivamente nas imagens abaixo), há tipos diferentes de acesso, mas todos definem um trajeto principal e facilitado, dando mais segurança e conforto. Somente em volta do estádio o público se ramifica. Mesmo na proximidade do estádio, esse espaço de circulação é amplo. O Allianz arena tem um acesso que é uma plataforma sobre o estacionamento, o Moses Mabhida conta com uma escadaria leve, junto a uma rampa, destacando o eixo que dá de frente à abertura do estádio. Já em Beijing, foi definido um acesso centralizado para todo o complexo esportivo (Olimpíadas 2008) e logo no entorno do estádio, um espaço bastante generoso para distribuição do público. 

 



Na outra imagem divulgada, a conclusão que podemos ter é que a proteção da cobertura é quase que somente para o sol do meio dia (curiosamente horário que não costumamos ter jogos). Em caso de chuva com qualquer tipo de vento (fácil na região já que é bastante aberta) a torcida atrás dos gols ficaria sem proteção alguma. Positivamente, a cobertura transparente, dependendo do material e com a porcentagem de translucidez, pode colaborar com a grama. No entanto, esse problema ocorrerá na área dos gols, pela cobertura atrás dos mesmos que não permite a insolação em certos horários. É justamente nessa área onde tem maior desgaste do campo. Proposta essa que deve ser repensada. 


Vendo pela questão da escolha do terreno, o espaço garante bastante fluidez no entorno do estádio, com segurança em casos de emergência. 

Não nego a grande colaboração que um estádio desses pode dar para a cidade e com a região de Itaquera, Patriarca e Arthur Alvim, mas em termos de projeto e o que foi apresentado até agora, há pontos que devem ser tratados criteriosamente. Espero que o próximo material gráfico que seja divulgado possa mostrar mais detalhes, questões que consideram a sustentabilidade ambiental desse estádio e sustentabilidade financeira - já que é chamada de 'arena' e que, por favor, não seja algo como: polo cultural ou institucional ou qualquer outro ramo genérico como 'centro de convenções de 15.000m²' como foi dito e que não diz nada específico.

O novo projeto do Corinthians é de autoria de Coutinho Diegues Cordeiro Arquitetos (CDCA).

¹ Como o terreno ainda está vazio, a passarela hoje está parcialmente completa. Até o canteiro central, o pedestre pode acessar, até o fim da passarela o pedestre se depara com o terreno, sem o término completo de um passeio.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...