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30.3.12

Itaquerão terá estátua do São Jorge

Em inúmeros posts e artigos meus saliento a necessidade de se pensar o estádio em prol de receitas vindas de outras atividades além das bilheterias, pois elas não o sustentam financeiramente. 

Hoje, li uma notícia que me deixou feliz em ver que o Corinthians está pensando seu estádio com duas coisas interessantes:

1- Não trazer shows para o estádio - o que é genial pela questão do desgaste do gramado e risco de lesões em jogadores;
2 - Pensar fortemente em atrair turistas e corinthianos (mais precisamente) - isso se daria através de visitas monitoradas, coisa que quase todo estádio faz, e na estátua de São Jorge, padroeiro do time. 

Corinthians terá estátua de seu padroeiro, São Jorge, em frente ao estádio Itaquerão

A estátua

A estátua estaria sendo encomendada e teria a altura correspondente ao Cristo Redentor, na capital do Rio de Janeiro. Não tenho muita certeza da necessidade desse tamanho, no entanto, o terreno é grande e seria muito interessante a estátua próxima à saída do metrô. Inteligente, no mínimo, colocar a uma certa distância do estádio por questões de visibilidade, pragmatismo e de impregnar na imagem associada ao estádio. Seria, de fato, um símbolo para o bairro, para o estádio e para o Corinthians. 

Já salientei também a importância da iluminação. Ela valoriza e agrega muito valor à arquitetura e, no caso, ajudaria muito a estátua também.

Viver de bilheterias e visitas guiadas é pouco, mas todo o olhar da mídia que o Corinthians conseguir atrair, será fundamental tanto para o brasileiro, quanto para o evento da Copa de 2014. Exploração turística e da mídia podem trazer novas receitas ao clube.

Leia abaixo textos que já escrevi que complementam este post sobre a importância de achar outras fontes de renda através da forma que a arquitetura é trabalhada:


Fonte:

20.3.12

Estádio Nacional de Varsóvia

Euro 2012 já está chegando e eu poderia estar embarcando para Kiev, se não tivesse perdido uma entrevista para trabalhar lá. No entanto, tenho contatos que estão indo e, se possível, me enviaram fotos detalhes e curiosidades de lá para relatar aqui um pouco destes novos estádios.

Mas, por ora, comentarei sobre o estádio que promete brilhar muito no evento: o Estádio Nacional de Varsóvia, Polônia.

Com capacidade para 55.000 espectadores (salientando novamente o que todos vêm fazendo, com capacidade média de 60.000 para que se sustente financeiramente), o estádio apresenta cobertura retrátil, em membrana revestida com teflon - PTFE - (capaz de dar autolimpeza à película) e é sustentada por cabos de aço. 




Acima, detalhe da fixação dos cabos de aço na estrutura central

Vale a pena também salientar o trabalho das arquibancadas, com assentos coloridos. Leia sobre a importância disto clicando aqui.

No Brasil, estádio que apresentará solução similar à cobertura é o Mané Garrincha de Brasília. E uma referência anterior é o estádio da copa de 2006, na alemanha: o commerzbank arena, em Frankfurt. (Leia mais sobre este estádio em post já publicado neste blog) 

Acima, proposta do Mané Garrincha, abaixo, Commerzbank Arena.

Outra questão interessante do estádio é sua fachada, feita em estruturas longilíneas em aço. No topo delas, a sustentação da cobertura por cabos de aço, como vimos acima, e, ao longo dela, vidro permitindo iluminação noturna nas cores da bandeira da polônia.





As três últimas imagens são do Flickr de Wiesława Klemens e podemos ver mais detalhes dessa estrutura em aço e vidro.

Lembrando que referências deste tipo devem ser muito bem estudadas para casos brasileiros, por exemplo. Vidro, para nós, nem sempre é um material adequado, pois se é espelhado, traz gastos extra com iluminação e só por ser vidro, nos obriga a ter ar condicionado. É um dos problema que salientei no projeto de Natal e os equipamentos no entorno do equipamento. (Veja aqui)



Pouco consegui analisar por falta de imagens no acesso ao estádio. No entanto, percebi uma área relativamente boa, circular, com saída radial, dando mais segurança aos torcedores. Mas na imagem acima, podemos ver um bom desnível. O estádio foi construído no local de outro, e um dos pedidos é que não mudassem muito o terreno. O nível do gramado, hoje, está superior ao anterior, e abaixo dele, sobrou espaço para mais 4 pavimentos, local onde tem equipamentos qu e complementam as atividades. No entanto, não consegui ver detalhes disso. Ainda pretendo procurar. Descobrindo, faço um post extra vinculado a este. 

A autoria do projeto é de JSK Architekci e também da GMP (imagino que pela cobertura, também relacionados a projetos no Brasil).

Fontes:

Só lembrando, saíram já duas colunas na Universidade do futebol uma sobre a saída de Teixeira e qualquer mudança para nossos estádios, copa 2014 e futebol, e a outra sobre o que o Brasil perderia se tirassem a Copa da gente

2.3.12

Entrevista: Joaquim F. Costa, blog do Joaquim

Para a manutenção do blog estou em constante pesquisa, lendo muitas notícias e blogs variados. Acabei me deparando esta semana com o Blog do Joaquim e, pela experiência que ele teve, resolvi fazer uma breve entrevista sobre o curso que fez e as viagens por estádios da Europa que também foram narradas em seu blog.

Joaquim Costa tem 25 anos, foi diretor de comunicação do Náutico, em Recife, e é gestor do desporto pela Quest, gestor do esporte pela Trevisan (Março/2012) e gestor de marketing pela FBV (Dezembro/2012). 


Durante seu curso pela Quest, em Portugal, aproveitou para visitar o Estádio da Luz, Alvalade XXI, Estádio do Dragão, Estádio Efapel (Coimbra, Portugal), Estádio AXA (Braga, Portugal), City of Manchester, Old Trafford (Manchester, Inglaterra), GoodisonPark e Anfield Road (Liverpool, Inglaterra), Amsterdam Arena, De Kuip (Rotterdam, Holanda), Olimpico de Munique e Allianz Arena (Munique, Alemanha).


Joaquim decidiu estudar e se aprofundar na área de gestão esportiva porque considera este setor muito carente no Brasil, vislumbrando, também, as oportunidades que surgirão no pré, no durante e no pós copa 2014.


Sobre o curso em Portugal, também disse que "foi fácil entender que eles passaram, em 2000-2004, essa transição que nós estamos passando agora para a Copa de 2014, só que lá eles tiveram alguns problemas com elefantes brancos, dois estádios praticamente não tem uso (Leiria e Algarve), além dos de Aveiro, Bessa XXI e Coimbra que têm médias horríveis de público, mas que deram um upgrade no futebol do país em termo de organização."


"Não acho que teremos isso [estádios sem uso] na maioria dos estádios brasileiros. Claro que Manaus, Campo Grande e Brasilia preocupam pela questão do futebol, mas acredito que nos outros estádios teremos uma grande evolução na média de público."

"A grande diferença destes estádios para os brasileiros, atualmente, é a interatividade que eles fazem com os torcedores, sempre tentando criar um ambiente de espetáculo, enquanto nós só pensamos em futebol. O match day é uma grande fonte de renda dos europeus, enquanto os brasileiros arrendam seus bares a terceiros por medo de prejuízo." Sobre arquitetura, Joaquim salienta a beleza do estádio de Braga, mas apontar ser pouco funcional por ter muitas escadas. "Os da Inglaterra são muito antigos, portas minúsculas, dificulta muito a entrada. A maioria dos estádios possuem metrô em até 1km, o do City of Manchester está em construção, mas fica muito perto do centro de Manchester."

Joaquim, em seu blog ainda salienta detalhes interessantes vistas nas visitas guiadas:


Na foto (acima) do estádio Allianz Arena, um setor sem cadeiras atrás do gol, é, segundo Joaquim, destinado à torcida organizada do Bayern de Munique. Além disso, a torcida é barrada lateralmente e na parte de trás (topo da arquibancada) com os gradis que podemos ver na foto e também teriam ingressos checados a qualquer momento.



Já no estádio de Rotterdam, o próprio guia falou que as torcidas organizadas são bem violentas e que nos grandes jogos permanecem em um 'lounge' (foto acima), por cerca de 1h, para evitar confrontos.


1 - Você mencionou que foi à Portugal fazer o curso de gestão desportiva, na Quest. Queria saber mais sobre essa escolha em buscar em outro país a experiência e porque em Portugal. Além disso, como o curso realizado lá e a continuação na Trevisan, no Brasil, pode colaborar com sua carreira?

A escolha pela Quest foi por algumas questões: A primeira é que no Brasil ainda temos poucos cursos sobre esse tema, a segunda foi pela facilidade do idioma, a terceira foi pela experiência que Portugal passou há 10 anos, para Euro 2004, e que é muito parecido com o que estamos passando. A quarta razão foi por poder fazer um tour pelos países vizinhos para assistir a um jogo.

Com tanta concorrência no mercado de trabalho, achei que um curso fora, além de ajudar na parte teórica, também ajudaria no currículo.


2 - Você mencionou possíveis oportunidades no pré-copa 2014, durante o evento e pós Copa. Como você enxerga a gestão esportiva em cada um destes momentos? 
Hoje, na grande maioria dos clubes de futebol brasileiros, o trabalho ainda é feito com abnegação e amor, mas, felizmente, isso já está mudando. Começou pelos executivos do futebol e deve passar para os outros cargos muito em breve, assim teremos executivos em todas as áreas essenciais do clube.

O Sporting antes do estádio novo (2001-2002) arrecadava cerca de 30 milhões por ano, hoje são 70 milhões, o que quero mostrar com isso é que com os novos estádios chegarão novas receitas e será preciso pessoas especializadas para gerir e é nisso que estou apostando.

Durante a copa muito pouco poderá ser feito pelos clubes brasileiros, seremos engolidos pela grandeza do evento.


3 - Acredita que falte muito profissionais capacitados no país e que seja interessante buscar este conhecimento em países europeus, por exemplo? 
Atualmente, a maioria das pessoas que trabalham no gerenciamento do esporte são ex-atletas - nada contra-, mas a visão precisa ser mais empresarial, pois o pensamento tem que ser de que os torcedores são clientes e precisam ser cativados. Um intercâmbio sempre é válido, principalmente com países que são muito mais organizados que nós em termos esportivos.

4 - Sobre as visitas aos estádios, queria saber se fez alguma das visitas durante uma partida ou se foram todas em visitas guiadas exclusivamente. Caso somente em visitas guiadas, queria saber se houve um motivo para serem feitas assim pelas informações obtidas ou se foi conveniência de viagem e se pretende assistir às partidas para ter alguma visão diferente dos estádios.
Eu fiz minha programação para poder aproveitar cada semana da melhor maneira possível, mesclando jogos com visitas guiadas. Assisti Sporting x Nacional e Sporting x Moreirense no Estádio José Alvalade XXI/ Academica x Oliveirense no EFAPEL, Braga x Sporting no AXA Estádio (Pedreira), Porto x Rio Ave no Estádio do Dragão, Benfica x Santa Clara no Estádio da Luz, Manchester City x Tottenham no Ettihad e Bayern x Wolfsburg no Allianz.

Visitas fiz no Dragão, Alvalade XXI, Old Trafford, Goodison Park, Anfield Road, Amsterdam Arena, De Kuip e Olímpico de Munique.

Com certeza, a visão de uma visita guiada e um jogo é diferente, você não sente a atmosfera nem a funcionalidade de algumas coisas, preferiria assistir aos jogos, mas não foi possível em todos os estádios.


5 - De todos os estádios visitados, qual o que parece mais seguro e qual o mais marcante/memorável, que tenha te surpreendido e por quais motivos?
Em termos de segurança fica complicado falar, pois as arenas novas são muito seguras, com fiscalização e prevenção. O Allianz é o melhor em termos de amplitude, ele é grande em tudo, inclusive nos acessos da estação de metrô, com amplas rampas de saída e chegada. Mas, se fosse para escolher um estádio para copiar tudo, seria o do Dragão, ele é muito bonito, muito funcional com várias entradas, ou seja, você não enfrenta fila para entrar no estádio, existe um perímetro de segurança antes onde a pessoa só entra com ingresso, o que ajuda bastante.


6 - O que você acha que o Brasil poderia aprender com os estádios que visitou e se acredita que estejam perdendo alguma oportunidade?
O que eu mais senti diferença lá foi o quanto os clubes vendem de merchandising e bebidas/comidas no dia de jogo, o famoso match day, é impressionante. E aqui é muito pouco utilizado.


7 - Considerando sua experiência como diretor de comunicação do Náutico, em Recife, o que os cursos realizados podem contribuir com sua carreira e com o futebol brasileiro sob o teu ponto de vista?
O mais difícil é tirar o marketing da planilha de custos para a planilha de investimentos, poucos dirigentes brasileiros já assimilaram isso.

O curso em Portugal me deu uma outra visão de planejamento e de organização do futebol, principalmente pelo lado da profissionalização das diretorias, ou no caso deles, nas SADs.


Agradeço imensamente ao Joaquim pela atenções, informações e pelas fotos sedidas para o Gol da Arquitetura. E, quem quiser conhecer mais sobre a viagem, detalhes dos trajetos feitos, das observações e imagens de cada um destes estádios sob o olhar do Joaquim Costa, visitem o Blog do Joaquim.
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