Livraria Cultura

31.7.12

Voluntariado brasileiro pode ter origem mal distribuída

Há certo tempo acompanhei o TCC do português Miguel Abreu, que agora está concluso. O trabalho de conclusão de curso, entitulado "Perfil do candidato a voluntário para a Copa do Mundo de Futebol de 2014 em Natal nos universitários de ed. física", pela federal do Rio Grande do Norte, fez uma amostragem para revelar o perfil principal dos interessados. Apesar de limitado à universidade e ao curso de ed. física, pode apontar um padrão do público. 

Em suas tabelas e gráficos observei um problema que pode servir de amostra para o país como um todo e mostrar que os brasileiros podem vir, em sua maioria, das regiões mais desenvolvidas do país. O gráfico abaixo revela o domínio de espanhol e inglês - únicas línguas com porcentagem relevante mencionados no estudo.

A tabela acima, elaborada por Miguel Abreu em seu TCC, de 2012, mencionado no início do texto

O fato de serem somente espanhol e inglês nem é tão preocupante, afinal os voluntários que mais trabalham na área de suporte de idiomas, são os voluntários internacionais. No entanto, o grande agravante do estudo é ver que estudantes universitários, ou seja, com estudos já no terceiro grau, não tem grande domínio de idiomas, principalmente o inglês que é extremamente exigido para a candidatura da FIFA. Ou seja, se nem os universitários que tem interesse em voluntariado tem esse preparo, os cidadãos interessados que não ingressaram ainda na universidade, tem menos chances de conseguir uma das vagas. Pode até ser que eu esteja errada e logo já digo porque.

A seleção da FIFA exige o inglês como lingua oficial e de domínio de todos os voluntários para plena comunicação e recebimento de ordens. Inclusive é essencial o inglês para a maioria das funções, como atendimento ao público. Independente da origem do torcedor, todo voluntário deve ser capaz de orientar, em inglês, para boa hospitalidade do evento. 

Nesses últimos anos, muitas das cidades-sede prepararam sua população (possíveis candidatos a voluntários e comerciantes) com cursos de idiomas e cursos profissionalizantes. Provavelmente o curso abrangeu classes sociais mais baixas, ou seja, não é o público que está normalmente nas universidades. Por isso talvez o meu erro. Esses cursos devem ter dado o mínimo de capacitação para que a pessoa consiga ser selecionada para a Copa 2014, caso contrário, voluntários de outras origens, podem ocupar a vaga em cidades que desejarem, ocupando a vaga daquele que não domina a língua inglesa.

Ou seja, se o Rio Grande do Norte não conseguiu qualificar seus moradores, e São Paulo sim, qualquer paulista que queira passar férias voluntariando no Rio Grande do Norte, para conhecer Natal, pode se candidatar e ser selecionado por não ter nativos preparados para o evento. Do ponto de vista turístico é até interessante, pois estimula o turismo nacional, mas do ponto de vista social, Natal perde tanto na qualificação e instrução de seus moradores como legado quanto na exclusão da participação e interação de seu público nativo no evento. 

A FIFA só verá na seleção a capacitação dos candidatos para executar as funções e considerará as preferências de cidades dos mesmos. Não considerará se o canditato é morador da cidade-sede ou não. Ela procura o melhor funcionário, os mais qualificados e com experiências relevantes. 

Infelizmente, acredito que as cidades não tenham se preparado adequadamente e as regiões mais desenvolvidas, com mais instrução e mais ricas provavelmente fornecerão mais candidatos. O Brasil perde em democracia e em legado com isso. O interessante seria igualar a origem por regiões, colocar candidatos pobres e ricos em igual patamar. 

Espero que os reais interessados em voluntariar na Copa 2014 tenham corrido atrás de conhecimentos em línguas, de trabalhos voluntários ou trabalhos na área do esporte, como há tempos recomendei nos posts abaixo:


Estamos prestes a ter o formulário da FIFA aberto para inscrição no processo seletivo e agora já não há mais tempo de preparo para o mesmo. De qualquer forma, aquele que deseja participar da copa de alguma forma, interagir, aí ainda há tempo para estudar algum idioma ou se aperfeiçoar. Comerciantes tem a obrigação de atender bem e saber se comunicar, de preparar seus menus em inglês, temos que abrigar o turista, dar condições para que gastem aqui e que retornem. Ou seja, se candidatando ou não, ainda é tempo de se instruir.

17.7.12

A nova cobertura do Morumbi

Nesta última semana foi aprovada a nova cobertura do estádio do Morumbi, que dá continuidade a uma série de reformas e atualizações do estádio visando melhor adequação perante as necessidades de hoje e de eventos de grande porte. 

Além do museu, sala de convenções para conseguir novos patrocínios e uso diário, a proposta engloba a criação de um hotel com vista privilegiada ao estádio. 

No entanto, a novidade fica por conta da sua nova cobertura, muito mais adequada que a anterior, feita pelo Ruy Ohtake quando o São Paulo ainda se candidatava a sede pela cidade de São Paulo na copa 2014.
A nova proposta é do escritório Alpha projetos engenharia de estruturas, cuja especialidade é o cálculo estutural. 


Acima a proposta de Ruy Ohtake, para a adequação do estádio para tentar ser sede da Copa 2014, branca e vermelha em referência às cores do time, mas com pilares um tanto agressivos e com a possibilidade da cor vermehla interferir na qualidade de transmissão televisiva, na visibilidade do torcedor e na cor em geral no interior do estádio - mesma interferência que o arquiteto já fez em outra de suas obras na cidade de São Paulo, deixando uma rua rosada pelo reflexo de sua arquitetura.

Já abaixo, a nova cobertura, menos plástica, mas mais leve devido a sua transparência e estrutura treliçada. Mesmo com mais pontos de apoio que o projeto anterior, a proposta se demonstra menos agressiva. Por meio de tirantes, a membrana da cobertura fica esticada. Um anel treliçado também se apoia na estrutura das arquibancadas.

As treliças deixam espaço para uma ventilação natural, como podemos ver na foto abaixo.


 Na foto abaixo, podemos ver o detalhe da cobertura, que proteje mais uma parte atrás do gol. Isso se deve, provavelmente à proteção da entrada de jogadores, e a transparência permite a iluminação do campo, ao mesmo tempo que minimmiza a fachada norte. Possivelmente, o Morumbi, que não pretende abrir mão de seus mega shows, deve ter seus palcos sob este trecho reto da cobertura, protegendo-os da chuva.



A nova proposta teve acompanhamento do Ruy Ohtake, e visou preservar a arquitetura do estádio, assim como os profissionais envolvidos são brasileiros.

Leia mais do que já saiu sobre o Morumbi:
Morumbi: 5 propostas de cobertura
Morumbi com cobertura feita pela GMP
Porque ninguém convencerá a FIFA
Porque ninguém convencerá a FIFA (continuação)

14.7.12

Prêmio top blog 2012

Ano passado o Gol da Arquitetura foi indicado ao prêmio Top Blog e este ano novamente. Agradeço desde já pelos que votaram, pelos novos leitores e a todos que me apoiam. 

Hoje começa a votação deste ano, peço, encarecidamente que votem novamente se assim acreditarem, isso me dá cada vez mais força para continuar escrevendo e tentando melhorar a cada postagem. 

É possível votar três vezes (email, facebook e twitter), quem puder vote nos três. Lembrando que quem votar por email precisará confirmar um email que será enviado automaticamente pelo site no momento em que você digitar os dados na caixa. 

VOTE CLICANDO AQUI. http://www.topblog.com.br/2012/index.php?pg=busca&c_b=13100394

Obrigada novamente e boa sorte e bom andamento ao blog. Quem tiver com algum problema para votar, é só clicar no banner do prêmio aqui no canto superior direito.

12.7.12

Análise das arenas da copa na Universidade do Futebol

Quem não sabe, sou colunista semanal da Universidade do Futebol, site que que reune diversas áreas de estudo, todas sobre futebol, em um único portal com notícias e cursos.

Atendento ao pedido deles, fiz uma análise das arenas, mais atual que a que deu origem a este blog, com direito a notícias, opiniões minhas e novos desenhos e informações das arenas agora já desenvolvidas e em execução.

Vale a pena conferir. Tem bastante informação nova, inclusive pouco divulgadas ainda.
Abaixo, o link de cada cidade. E fiquem a contade para interagir aqui no blog ou pelo email que tem abaixo do texto de cada cidade-sede.

Rio de Janeiro
São Paulo
Porto Alegre
Brasília
Manaus 
Recife
Curitiba
Fortaleza
Natal
Belo Horizonte
Salvador
Cuiabá

Para quem quiser conferir os projetos originais, a partir deste post, aqui no blog Gol da arquitetura, teve início a análise dos estádios.

Construções lucram com a copa

Equipamentos esportivos e públicos devem ter desenvolvimento baseado em materiais descartados de estádios da Copa.

Com a certificação LEED (Leadership in Energy e Enviroment Design) é estipulado que, para não estourar nas pontuações que dão o selo de edificação verde, qualquer entulho e materiais sejam destinados a locais a um certo raio de distância. Com isso, aterros devem contar com entulhos de demolição de estádios como o Fonte Nova e a Arena Pantanal, em Manaus. Já assentos como os do Maracanã, em enorme quantidade, já estão sendo doados a equipamentos menores, onde não há exigência e padrão de qualidade tão alto quanto um estádio. 

Abaixo, foto de um dos equipamentos que receberam tais assentos e um link para a matéria que fala mais deles.

Estádio Moça Bonita
"Cadeiras antigas do Maracanã equipam arenas de todo o estado"

Daria , inclusive, para fazer novas brincadeiras com as cores, deixando as arquibancadas mais trabalhadas.

Mais uma vez, a copa não traz benefícios somente aos estádios, nem mesmo somente ao esporte. Muita coisa se envolve... se o país assim quiser.


Arena de Gdansk - acessibilidade, arquibancadas e assentos

Terminou a EURO UEFA, mas aproveitei a ida de um amigo pessoal, Jadson Almeida, como voluntário para pegar mais detalhes da PGE Arena, em Gdansk - arena já abordada aqui no blog.

Como estive postando bastante sobre a acessibilidade baseado na nova NBR 9050 que está prestes a sair e em relação a debates e propostas apresentadas para alguns dos estádios da copa, aproveitei para pedir fotos desses trechos da arena.

Inicialmente vou mostrar alguns detalhes dos assentos vips, com qualidade, assim como as poltronas do Allianz arena. Retráteis também nesta área, o que garante boa circulação na arquibancada, quando combinado com um espaçamento adequado entre as fileiras - geralmente não costumam falhar neste setor.



Como podemos ver abaixo, todas as poltronas são numeradas, de acordo com o pedido, e elas são fixadas nos degraus, em uma parte inclinada, o que  ajuda também na circulação e que pode colaborar levemente com o escoamento em lavagens, etc. O pecado fica pelo gradil logo a frente da arquibancada.


As fotos abaixo mostram os assentos comuns, já mais simples - mais simples inclusive que o estádio do Soccer city, sem muitas características ergonômicas, como as caeiras vips, mas também retráteis. Possivelmente esta aberta na foto deve estar com algum problema para volra à posição inicial.



Abaixo podemos ver o detalhe do início das arquibancadas e a sua proximidade com o campo de jogo. Bastante perto, com acesso por degraus o que pode dificultar a vida de funcionários e visitantes com dificildade de locomoção.. 


Abaixo, uma curiosidade sobre o banco de reservas. Embora o estádio tenha o seu, a UEFA optou por usar um padrão de banco de reservas móvel, com rodízio, sem conforto algum,  somente com a proteção de cobertura que a FIFA exige para torneios internacionais reconhecidos pela entidade.Provavelmente a escolha padronizada seja para garantir que todos os times tenham uma igualdade de competição independente do estádio que jogue. No Brasil, bem como fora, vemos assentos com design arrojado, feito por marcas renomadas de automóveis e com aquecimento. 



 Já uma curiosidade tosca fica por conta da solução achada para a parte da 'quina' do estádio. Bem na curba, onde há a abertura para ambulância dando acesso ao campo, forma-se uma junção de arquibancadas em ângulos diferentes. Normalmente, a solução é dada em curva, mas, neste caso, a junção foi literalmente aceita colocando uma circulação em diagonal. Terrível solução, sem segurança alguma, e ainda sem corrimãos de ausílio - mas também seria muito difícil colocar corrimão com uma solução destas.

Mais uma solução que não é bem sucedida é a área para os cadeirantes. Em parte!
Enquanto a visibilidade em relação à arquibancada convencional é boa por estar bem acima e nem mesmo um torcedor em pé barre a visão, a segregação da pessoa com dificuldades de locomoção é evidente.  Além de só ter direito a um acompanhante, o acompanhante ainda fica atrás do cadeirante, sem visibilidade e completamente sem contato, atrás, sem poder estar de fato junto ao seu parente/amigo. Foi uma infeliz solução encontrada, infelizmente. Sobre as barreiras em vidro e moldura metálica poderiam ser menos invasivas à visibilidade se não tivessem essa parte metálica, com mais leveza e limpeza visual.




Podemos ver acima e abaixo o que garante a altura necessária para a visibilidade do cadeirante, uma rampa de acesso que os eleva a um nível um pouco acima do acesso convencional


Esse estádio é uma prova de que mesmo estádios novos pecam muito em acessbilidade e em soluções sem muitos estudos, geralmente resultantes de projetos feitos às pressas para eventos. Espero não ver tanto disso nos projetos para a Copa 2014.

Quem não se lembra, o estádio tem uma beleza e estética similar a alguns outros estádios e foi sede do evento da UEFA este ano, pela Polônia.


Todas as fotos, exceto a última, são de autoria de Jadson Almeida e vocês podem ver mais fotos e relatos de sua experiência na UEFA EURO 2012, em seu perfil do facebook

7.7.12

Concurso Arenas Culturais

Saiu o edital para um concurso que engloba uma série de coisas que acredito: a união da cultura da democracia para profissionais produzirem coisas para a Copa, a promoção do turismo e um complemento que vai além do evento esportivo, servindo não só para o turista, mas para o brasileiro.


O concurso visa criar arenas de cultura, em 12 espaços, que misturem tradição, gastronomia, moda, design, moda, dança, teatro, música, afro-brasileira, indígena independente da região. A idéia é não segmentar o Brasil, não regionalizar, mas dar uma visão global do que é o país.

Quem tiver interesse, o prazo é curto. Os projetos devem ser enviados entre 23 e 31 de julho. e os autores só podem inscrever um único projeto e tem que estar registrado no CAU ou sistema do CREA, ou seja, incluem uma  gama de profissionais como engenheiros e arquitetos. 

Quem não puder ou não quiser participar, vale a pena conferir o resultado final. 

O edital está aqui.

3.7.12

Tiger Stadium - estádio de pequeno porte

Mencionei várias vezes aqui no blog a importância de nosso país ser mais olímpico, de ter mais equipamentos e mais incentivo ao esporte e a várias modalidades esportivas. 

Hoje mostro aqui um pequeno projeto, um pequeno investimento, com arquitetura inteligente, simples e que não custa caro. Um equipamento de arquibancada que fomenta o acontecimento de eventos em um colégio americano em Arkansas, Estados Unidos. Neste caso, não fomenta muitas modalidades, mas atrai a atenção para o lado esportivo, incentivando-o.

A importância para o Brasil é tremenda, ainda mais que isso pode ser facilmente feito em colégios públicos e aproveitando a onda das olimpíadas 2016, teríamos grandes chances de democratizar esportes ou até mesmo só aumentar o número de praticantes, achando novos talentos, dando novas perspectivas e saúde aos jovens de hoje. 

Tiger Stadim - Green Forest complex

O tiger stadium se resume a arquibancadas simples, com gradis em alambrados, mas com plasticidade chamativa. Além disso, o equipamento conta com áreas de suporte sob a arquibancada (com 1000 assentos), como a lanchonete que podemos ver abaixo:


Esse tipo de equipamento pode propor boas soluções de espaço para os colégios.  
No Tiger Stadium, sob as arquibancadas estão os sanitários e esses espaços de concessão para lanchonetes, mas poderiam também ter vestiários, salas de equipamentos esportivos e possíveis troféus. 
Há, previsto no local, até uma sala de imprensa, que pode dar espaço a cobertura de eventos esportivos municipais ou regionais.



No Brasil não temos a tradição de cheerleaders como nos estados unidos - acho até bom-, mas podemos, em algumas escolas, usar para eventos de bandas, fanfarras, a para as modalidade que podem ser colocadas em equipamentos deste tipo, como: salto em distância, salto em altura, atletismo (com e sem barreira e de várias distâncias), lançamento de dardos e o futebol, claro. Este, sim, é um local para que um pouco de cada esporte seja mostrado aos alunos com direito, sim a pista de atletismo, mesmo que piore a visibilidade da arquibancada. Ela não é o foco, mas a estimulação das modalidades e a desmistificação de suas regras.

Bastante interessante é ver que a arquibancada prev~e um acesso por rampa, o que pode garantar certa acessibilidade para quem quer ver o evento, então, é uma solução interessante a ser colocada já na escola.

                                                                  Foto: timothy hursley

Foi um post, breve, sem grandes detalhes, mas mostrando uma solução simples e econômica para prestigiar e fomentar o esporte no Brasil com qualidade.

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