Livraria Cultura

27.5.12

Eventos esportivos vão além do esporte

Sempre saliento a importância destes megaeventos esportivos. Seja lá qual for, dificilmento um evento esportivo só abrange o esporte. Ele atua em muitos setores diferentes, como o social, da saúde, de voluntariado, de qualidade de vida, infra-estrutura temporária ou definitiva. Cabe cada organizador se envolver com a cidade realizadora para desenvolver o máximo possível de benefícios posteriores ao evento. E isso tudo, é o tal legado de que todos falam, discursam, mas que não fazem muito esforço para conseguir.

Um grande exemplo disso é o caso de Londres e os Jogos Olímpicos 2012. Assim como a Alemanha incentivava os cidadãos a se aprenderem a se comunicar, a limpar suas fachadas, espalhar bandeiras da Alemanha e dos países onde os times iriam se hospedar ou jogar, Londres deve tentar uma campanha mais colorida, em uma das capitais mais cinzentas do mundo. O nome do projeto é "Garden for Games".

A grande idéia da vez estimula e recruta 13 mil jardineiros voluntários a plantarem verduras e legumes em locais públicos ou em suas residências e vasos nas fachadas com plantas que tenham as cores do símbolo olímpico (preto, verde, vermelho, amarelo e azul) e também nas cores da bandeira do reino unido (repetindo: vermelho azul, mas também branco).

jardinagem em Londres 2012
Logotipo formado por voluntários com plantas nas cores do símbolo
 Fonte: Terra

É um leque bastante interessante de se trabalhar, incentivando também a criatividade, solidariedade e hospitalidade britânica, além de proporcionar mais espaços verdes. A campanha foi feita através de manuais que explicam como ser um líder na região e também técnicas de plantio - o que é bastante fácil.

Isso complementa o que falo de que o Brasil deve, desde já, trabalhar com campanhas para os nossos problemas, como limpeza pública, prostituição, violência nos estádios, por exemplo. Assim resolvemos nossos problemas, ou ao menos suavizamos, mas também mostramos um Brasil mais civilizado nestes eventos onde a mídia achará os piores casos do país e que pode interferir em turismo e negócios internacionais.

Quem encontrar imagens do que Londres prepara nessa campanha, favor comentar com link. Imagino que, em breve, surgirão inúmeras coisas criativas em torno do assunto.

Quem quiser conhecer um pouco mais sobre a campanha alemã visite o link abaixo:

25.5.12

Castelão atualizado

Como alguns sabem, aquela primeira análise, cidade-sede a cidade-sede, feita nos primeiros meses de existência do blog está sendo refeita, com a análise dos estádios. Agora, na Universidade do Futebol, onde sou colunista semanal.

Hoje saiu a cidade de Fortaleza, com o Castelão, e notícias a respeito das grandes mudanças que o projeto sofreu desde sua primeira apresentação, na época em que a cidade ainda era uma das candidatas à sede.

Para ver a coluna, clique aqui.

No entanto, complemento o texto com um vídeo oficial do estádio que mostra detalhes do que foi mostrado e explicado no artigo.


23.5.12

Programa 'A Liga': Itaquerão

Um programa do qual gosto muito, 'A liga', da Band, mostrou nesta última terça (22) várias facetas da região de Itaquera voltando o foco principal para as interferências da construção do estádio Itaquerão, que será sede da Copa do Mundo 2014.

Entre informações importantíssimas sobre a desapropriação de barracos de algumas comunidades bem próximas ao estádio, salientaram a forma como a Prefeitura de São Paulo tenta passar por cima da dignidade e direitos humanos através de bolsa aluguel de míseros R$300,00. Contou com a participação da urbanista Raquel Rolnik que tem representado muito bem esta questão perante a ONU, buscando respeito e direitos aos cidadãos que podem ser afetados com a Copa - sem dúvida, a principal ideia do programa foi passada através dela. Vale também mencionar a importância da parte onde mostra o movimento do metrô. Felizmente nossos horários de jogo não são os de pico no metrô. No entanto, com a Copa, não acredito que a Zona Leste seja liberada do trabalho para poder aliviar o metrô, portanto, se coincidirem os horários, o metrô pode ficar mais tenso que o mostrado no vídeo, estendendo-se para muitas outras estações.

No entanto, várias distorções ao longo do programa, o fizeram cair na questão credibilidade. Quem assistiu o programa pode notar em vários momentos uma ideia de que o vilão é o Corinthians, como se o clube estivesse consumindo o dinheiro público. Mencionou-se até 500 milhões de investimento público, como se o estádio fosse fruto do gasto da prefeitura. O estádio é financiado, ou seja, o clube deverá, em parcelas e com juros, pagar cada centavo gasto na sua construção. O incentivo ficasl, por outro lado, pode, sim, ser questionado. Há a isenção de impostos, o que não é implementação de renda pública, mas a inexistência de arrecadação - e isso é mais comum do que se pode imaginar. Há inúmeras áreas onde a Prefeitura tem interesse em desenvolver. Para isso, a Prefeitura incentiva o investimento, livrando as empresas, construtoras, institutos, indústrias ou residências de IPTU, por exemplo, para que haja mais interesse das empresas privadas. Isso ocorre até entre estados: a Arisco saiu de São Paulo e foi para o nordeste pois tinha isenção de impostos, assim como muitas outras indústrias. Quem preserva patrimônio histórico, na minha cidade (Atibaia-SP), ganha isenção do IPTU proporcional à manutenção atual da edificação. Ou seja, é prática comum e legal da prefeitura em desenvolver áreas passíveis de intervenção. Desta forma, o poder privado livra o poder público (parcialmente) de alguns investimentos ou faz com que seja mais fácil investir em uma região.

O que mais pode ser questionado é o valor que a prefeitura vai investir em arquibancadas removíveis, que usará como artifício para conseguir a abertura do evento. Mas, para São Paulo conseguir a atenção gigantesca com a abertura da copa, a Prefeitura vai investir um valor (que realmente não sei se é o real informado no programa - 70 milhões) e que, sem dúvida, voltará em diversas formas para a população (comerciantes, para o transporte, hotéis, etc.) e que, conseguiria em menor número se tivesse jogos, mas sem a abertura. Novamente, é o mínimo que a prefeitura pode fazer, buscar o melhor retorno para a cidade, ou alguém consegue ver alguma forma da prefeitura lucrar ao fazer arquibancadas desmontáveis?

Além disso, há uma incoerência entre o tom falado no programa (parte 4 aos 3:43) e o infográfico abaixo (que consta no site do programa). No vídeo pareciam 500 milhões absurdos investidos e nenhum centavo para ajudar a população, já na imagem abaixo, 'o lado bom'.

*Imagem do site do programa 'A liga' de 22/05/2012

Além disso, investimentos em transporte público, em facilidades viárias, iluminação pública, segurança, sinalização é um investimento para muita gente, ou seja, para a população, principalmente para frequentadores e habitantes da zona leste em geral, não só de Itaquera. 
*Lembrando que em momento algum acho correto usar isso como desculpa para o despejo de família.


E ainda saliento que é um caso completamente diferente ao de Cuiabá, onde, neste último, as arquibancadas serão removíveis porque querem um estádio mínimo depois da copa, como se ela nunca tivesse passado por lá. São casos diferentes e motivos diferentes para serem removíveis.

Quem vai sofrer com a Copa são os que sofrerão com a desapropriação de suas casas ou barracos, mas todo o resto da população reconhece o quanto Itaquera evoluirá com o evento. Agora, colocar a Sophia Reis (parte 5 do programa), com seu ar de rebelde de elite e petulância, ironizando funcionários públicos, interrompendo a explicação de outro para cantar parabéns é, no mínimo, uma falta de respeito. Não é porque a população é tratada como palhaça, que deve-se fazer circo nas ocasiões de reivindicação - que foi o que ela fomentou com primor no programa. Educação pode funcionar. 

Quanto à Prefeitura, esta deveria, no mínimo, ter feito uma reunião de apresentação do projeto com os possíveis moradores que deverão ser afetados pela avenida nova, debatido e com propostas razoáveis com moradias próximas e de qualidade para estas famílias.

Este post foi escrito por ver que muita gente se deixou influenciar por um tom parcial e, em certos pontos, ignorante durante um programa que deveria ter investigado dados e tomado mais cuidados com sua postura e palavras. Os vídeos podem ser vistos no site do programa.


Textos que podem interessar relacionados ao assunto:

Habitação x Copa do Mundo e Olimpíadas - sobre o posicionamento da Raquel Rolnik nesta causa
Valores das arquibancadas desmontáveis segundo o portal da copa 2014, clique aqui.

Agenda: Copa for All - 11 a 13 de Junho



Finalmente surge um debate importantíssimo que deveria ter sido feito ainda antes dos projetos dos estádios. 
Ainda assim, é válido considerando a Copa do Mundo 2014, mas também a acessibilidade digna em todas as cidades, sede da Copa ou não.

Aos poucos vemos, cada vez mais, cidades colaborando com projetos de acessibilidade, mas nem sempre bem executadas ou, as vezes, sem pensar como aqueles que realmente necessitam e sentem na pele a dificuldade.

Um debate que pode abranger a circulação e acessibilidade nos estádios, no seu entorno e, principalmente, até eles. Acessibilidade é tudo, desde o momento em que se sai da casa, até a porta do estádio, obstáculos e suas sinalizações.

Fica aqui uma dica importante de discussão. Participem.
Inscrições no site abaixo. GRATUITO



A elitização dos estádios

Na última segunda-feira, o jornalista Alberto Helena Junior deu sua opinião favorável à elitização dos estádios e de que a massa deve ver pela televisão. Isso tudo em favor de um 'espetáculo'. 

Mesmo contrariado por outros jornalistas, Alberto continuou com sua ideia de venda de ingressos para grandes empresas. Leia mais sobre a discussão.

A origem do futebol no Brasil se deu quando estrangeiros trouxeram o esporte e equipamentos de fora (trazidos por Charles Miller) com times exclusivamente de brancos. Aos poucos foram surgindo times de operários e negros e alguns negros foram aceitos naqueles primeiros times - na época, alguns até usavam pó de arroz para melhorar a aceitação em alguns times e diminuir o preconceito. A evolução e democratização do esporte, seja racial ou social, é uma vitória para o Brasil e encontramos no futebol um dos entretenimentos mais democráticos em termos de misturas de classes, crenças, cores, origens, etc. O estádio é onde o rico e o pobre se encontram, seja ele evangélico, judeu ou ateu, branco, mulato ou índio. Felizmente, mulheres e crianças, apesar de ter, ainda em números menores, crescem nos estádios. Mas depois de uma conquista dessas, focar em um 'espetáculo' onde o intuito é somente tornar o esporte um artigo de luxo para poucos, como se fosse o cirque du soleil, é ir contra um dos maiores valores do futebol no Brasil. Será que vale a pena focar tanto nos valores do futebol europeu ou valorizar o que temos de mais bonito e de mais coração no esporte brasileiro?

Muitos enxergam o futebol como o 'pão e o circo' romano, mas sabemos que tem uma importância social  e educativa muito maior e característica brasileira. O futebol se torna, cada vez mais, comercial, mas não deve tornar-se totalmente assim. O quanto não se perdeu com as vendas e jogadores por valores exorbitantes onde o amor à camisa deixou de existir? Hoje, o amor à camisa é o amor à camisa que paga mais. 

Os estádios tem condições de serem reformados e proporcionarem espaços confortáveis, para ricos e pobres, garantindo segurança e maior lucro. Mas tirar o pobre do estádio é um desrespeito e falta de gratidão de clubes que sempre encheram seus bolsos com o dinheiro do pobre que sempre foi ao estádios, com times bons ou ruins, com chances de vitória ou não, em grandes multidões, enfrentando chuva ou vento e estádios sem segurança alguma.

Vale a pena investir em assentos caros? Claro! É necessário para que o estádio se sustente, mas tirar o torcedor real dos times e colocá-los em frente a TV, isso é uma afronta à sociedade e à história do esporte no Brasil.

Quem quiser ler mais sobre a história e estabilização do futebol no país, recomendo este livro:

16.5.12

Cavaleiro Fiel, o novo nome da estátua do Corinthians

Há algumas semanas coloquei aqui a notícia que havia saído sobre a futura estátua de São Jorge, em frente ao estádio do Corinthians, em Itaquera. Pouco tempo já fervilhava a polêmica religiosa, já que quando se mexe com religião, há muita falta de aceitação de quem não compartilha da mesma fé. 

Fato é que São Jorge está envolvido com o clube há muito tempo. Há discordâncias dos motivos e datas, mas está ligado de diversas formas: construção da capela, nome do parque onde o Corinthians construiu seu clube permanecendo somente o nome, ligação à origem inglesa do clube, e também às referências de São jorge, um padre guerreiro, militar e que buscava com afinco seus objetivos, ao time, que também tem em suas veias este espírito de garra. Leia mais aqui em texto sobre as referências.

No entanto, nenhum corinthiano até então reprimia o time pela crença no santo (símbolo no catolicismo e também relacionado às religiões afro-africanas e umbanda), por tê-lo como padroeiro, nem mesmo pelo nome do clube ser Parque São Jorge. Onde é que foi cutucada a ferida? Na criação de uma estátua, que va contra a crença dos evangélicos (em grande número e crescimento no país), não acreditam em imagem. 

Acredito ainda na estratégia do clube, como mencionei em texto sobre o assunto (links no fim deste texto), mas também acredito que poderiam ter escolhido com mais cautela, de repente, escolhendo o mosqueteiro, ou o gavião. No entanto, é direito do clube escolher o que desejar, principalmente pois o padroeiro está ligado de diversas formas.

Acredito que seja questão de aceitação da fé alheia, independente de qualquer outra coisa. Se alguém for se incomodar com a imagem e possíveis peregrinações ao santo, podemos dizer então que os outros que não são evangélicos possam se incomodar com a arquitetura infeliz da maior parte das igrejas evangélicas. É justo? Não!

São diferenças que temos que aceitar ou continuaremos sempre a colocar a fé acima de direitos humanos, liberdade de expressão ou qualquer coisa do gênero.

Entendo quem está contra, faz jus a sua crença, mas faz um bom tempo que o time tem este padroeiro, imagino que a grande maioria tenha escolhido o time quando ele já estava vinculado ao S. Jorge. Eu mesma, não sou católica, embora tenha sido criada e instruída para ser, no entanto, não me incomodo. Se alguém realmente quiser ir até a estátua, rezar para são jorge, acender velas ou qualquer outro ato religioso, que assim o faça. Eu simplesmente não o farei. Posso conviver muito bem com a religião alheia e mesmo se ela for relacionada ao meu time, para mim, Corinthians é futebol, pode ter quantas relações com qualquer religião, que, para mim, o único interesse será o esporte. A única coisa com a qual me preocupo é com a boa manutenção da estátua, se isso de acender vela realmente acontecer, o que duvido um pouco pois não é tão assim venerado no catolicismo como mencionam.

A mudança de nome foi ridícula, uma forma em que Rosenberg achou para minimizar a polêmica, mas uma vez feito, não vai conseguir voltar atrás, é tentar ludibriar o povo. Mas enfim, ele mesmo afirma que não há nada com S. Jorge, que se alguém peregrinar será uma peregrinação ao tal 'cavaleiro fiel'. 

Veja abaixo um vídeo da estátua, convenhamos que tirando os 'torcedores' ao redor, é o São Jorge no cavalo.

Somente um esclarecimento para mais fácil aceitação. Entendo a não aceitação de imagens, no entanto, como fui criada como católica, tenho uma boa noção do que as imagens representam. Em nenhum momento uma imagem é para formar uma imagem física de um santo como traços, cor de pele, tipo de cabelo, etc, mas um ser humano genérico, com itens/objetos que façam com que os fiéis lembrem de seus fatos, que não caiam no esquecimento. Imagino que seja como a quipá dos judeus, que tem função de lembrar que sempre tem alguém acima de nós. É como um lembrete e estímulo para que oremos a quem acreditamos, para quem somos devotos. É somente um valor agregado à religião, não há nada de errado com isso, só pode trazer maiores valores morais ao fiel.

Não deve ser uma questão religiosa, mas uma aceitação à história do clube, a sua relação com o catolicismo e não é porque cresce uma nova religião no país que isso deve mudar. Não é porque tem novos torcedores do time, que o clube deve se desligar completamente do que ele cultuou por um certo tempo. Além do mais, o Brasil é um dos maiores países católicos no mundo.

Pode até ser positiva a construção da estátua para tentar mostrar que não há nada demais em conviver com mais de uma religião sem conflitos, sem um ficar enojado com o outro, e até mesmo aceitar quem não tem religião. Pode ser um avanço para o país, um avanço para a sociedade.

Estádios trabalham com e para o marketing
Itaquerão terá estátua de São jorge

*Espero não ter ofendido ninguém com qualquer comentário, não foi minha intenção em nenhum momento. Somente acredito que pode ser bom financeiramente para o clube, valorizando sua história.

15.5.12

3 anos de Gol da Arquitetura

Dia 12 de Maio, o blog completou 3 anos de existência, muitos comentários, muitas conversas por email, trabalhos de TFG e novas parcerias.

Acima, bolo em formato de estádio (Fonte: google)

Agradeço a cada um de vocês que participou, comentou, sugeriu temas, compartilhou informações, criticou, elogiou, enfim, que fez o blog conseguir o meu principal intuito: discutir o assunto da arquitetura esportiva. 

Espero que cada vez mais consiga elaborar materiais bons e com mais frequência. Infelizmente, não vivo do blog, e, como ele consome um bom tempo de pesquisa, nem sempre consigo mantê-lo atualizado ou sempre alimentado.

Peço desculpas se, em algum momento, cometi erros ou se fui ofensiva. Estarei focando cada vez mais em diminuir qualquer problema! 

Vida longa ao blog. Mantenham-no com suas valiosas opiniões.  

Muito obrigada,

Lilian de Oliveira

10.5.12

Voluntariado para Copa 2014

Muitos, ao longo do decorrer do blog, me perguntaram como é, quando é e por onde é, a inscrição para tentar se tornar um voluntário da Copa do Mundo.

Como alguns sabem, fui voluntária na África do Sul, por interesses pessoais mesmo, para buscar conhecimento sobre o andamento do evento, sobre os estádios, sobre o que funciona ou não e relatei um pouco aqui, um pouco no Portal da Copa. confiram lá no blog arquibancada.

Foi anunciado recentemente que as inscrições se abrirão até dia 30 de junho e elas sempre são feitas através do site da FIFA. Fiquem espertos os quem tem interesse em participar. É somente o inicio da seleção onde você faz quase um currículo e escolhe áreas de atuação de seu interesse. Pense bem, pesquise para depois não se arrepender da área escolhida e você pode escolher 2 ou 3 opções de preferência, normalmente.

Conta para sua classificação: voluntariado em eventos esportivos, voluntariado em geral, praticante de esportes, idiomas e habilidades com portadores de necessidades especiais de diversos tipos, área de atuação/formação também ajuda. Dá para se dedicar um pouco até lá e aprimorar os seus conhecimentos. Nada será perdido. Na pior das hipóteses em não conseguir a vaga, a experiência e aprendizado ninguém tirará de você. Ninguém é recusado por não ter estas experiências, mas saibam que colabora. 

Quem tem pouco conhecimento em idiomas, aproveitem que algumas cidades-sede estão providenciando cursos de idiomas e também profissionalizantes, informem-se.

Após uma triagem, eles chamam alguns selecionados para uma entrevista e posteriormente para treinamento in loco e também online. 

Boa sorte a todos os interessados. Quando souber da abertura, de fato, aviso aqui novamente para ninguém perder a oportunidade.

Leia mais sobre o que já escrevi sobre voluntariado em Copa do Mundo:
Voluntariado; prós e contras e como se tornar um 

Um saibro azul em Madri

O que, de repente, era uma estratégia dessas que valorizo em deixar um lugar marcado com uma referência arquitetônica, virou uma lambança. A unicidade de um estádio, seu ambiente, seja por sua arquitetura ou por fatores e valores muito característicos proporcionados pela mesma, ao meu ver, é bastante válido no quesito financeiro.

Isso é diretamente ligado ao turismo que leva junto a publicidade, a mídia em geral, ou seja, marca um evento ou local e faz com que ele seja distinto e, por isso, mais interessante que os outros equipamentos e outras competições. E isso serve para qualquer arquitetura, não só a esportiva.

Masters 1000 de Madri e o saibro azul

O assunto do post de hoje é o saibro do torneio Masters 1000 de Madri (tênis).



As críticas são principalmente sobre ser mais escorregadio que o saibro vermelho, com difícil recuperação, mas também podemos incluir o quique da bola, que tem um ritmo diferente, e altura diferente, contrariando o que se disse no vídeo acima sobre ter feitos testes e chegar a conclusão de que é igual ao saibro vermelho (tradicional).

Depois da crítica ao piso feita pela maioria dos atletas, deve-se pensar até onde vai esse intuito. Não é cabível piorar as condições da prática esportiva somente por esta razão. Ainda mais sem discutir com os atletas, como foi noticiado.

Foi um elenco bom que reclamou do piso da quadra: Federer, Nadal, Djokovic, Ferrer, Almagro, o brasileiro Bellucci, Gasquet, entre outros. Caroline Wozniacki que inclusive chegou a cair em quadra e se contundiu, não chegou a fazer reclamações, mas por seu discurso, também nota-se que sentiu diferença na velocidade. Alguns comentários foram mais sutis e teve gente, como a própria Wozniacki, até que aceitasse a quadra apesar de sentir diferença.



No entanto, este é um post para mostrar também que há limites. O saibro azul pode ter sido colocado também por conta de um patrocinador, o que agrava ainda mais o caso - interferência no esporte por conta de patrocínio e quem paga é o atleta. Só se coloca em jogo um novo material, se este está completamente adequado ao esporte. Para o tênis onde há três diferentes tipos de piso (saibro, grama e lisonda), para diferentes calçados e diferentes ritmos de jogo. Mudar mais alguma coisa pode interferir muito na partida. No saibro usa-se um solado tipo colméia, ou zigzag, sem elevações na sola para não marcar o piso e por este motivo escorrega tanto na terra. Alguns atletas, como Belucci e Djokovic mencionaram usar até chuteiras.

Ficou sim mais agradável para o público e para a transmissão, mas também quebra o tradicionalismo, ao qual muitos são fiéis, como Nadal mencionou. Já as irmãs Williams discordam entre si. Enquanto Serena está junto com Djokovic alegando que a opinião dos atletas não foi considerada e que foi feito o que tinham vontade de fazer e pronto, Venus vibra na futilidade das cores dizendo que cores brilhantes estão na moda e que queria ela ter inventado isso.

Mas vai muito além disso, o equipamento é para o público, para a TV e para os atletas. Mas, se para estes últimos não estiver adequado, qual será o show para o público e para a TV? Quem é primordial na escolha? 

Vejam algumas reclamações feitas:

"... para mim, é impossível se movimentar. Ataquei apenas cinco vezes. No resto, só queria passar a bola, acertar meu saque e buscar o erro dele. Isso para mim não é tênis. Ou uso chuteiras ou chamo o Chuck Norris para jogar nesta quadra",  Novak Djokovic

"Ano que vem, se fizerem o torneio em saibro azul novamente, não posso esquecer de trazer minhas chuteiras de cravo", Thomaz Bellucci

"O piso é complicado, muito escorregadio, não te faz sentir confortável", Rafael Nadal

"Esta quadra esta um pouco além de ser uma quadra de terra. Pedi para me deixarem jogar com tênis para grama, mas não permitiram. Agora vamos nos adaptar. As condições são as mesmas para todos. Estamos em plena temporada de saibro e esta é uma quadra bem longe de ser [de terra]", Rafael Nadal


E mais - fugindo da arquitetura, mas continuando em Madri -, em breve pretendem colocar bolas de tênis verdes ou laranjas fluorescentes, para contrastar mais com a quadra - como se o amarelo vibrante já não fosse contrastante com qualquer coisa.

Vi uma opinião diferente da minha, do Wagner Brenner. Uma opinião em que se vê tudo isso como genial, como deveria ser se a qualidade fosse igual. Claro que ele só está palpitando daqui, como eu, e não em quadra em um dos torneios mais importantes do tênis. Vale a pena dar uma olhada, inclusive porque menciona o gramado preto do Corinthians. Clique aqui para ser redirecionado ao texto.

Será que se o estádio do Corinthians tivesse um gramado preto a bola também teria que mudar de cor para ser mais visível pelos torcedores e pela televisão? 

9.5.12

Habitação x Copa do Mundo e Olimpíadas

Já mostrei em vários textos como a Copa do Mundo e Olimpíadas podem trazer reais benefícios à diversas áreas e não somente ao esporte, como muitos enxergam quando querem ir contra o fato do Brasil sediar os eventos. No entanto, a habitação é um ramo com o qual não enxergo qualquer relação, qualquer forma de trazer benefícios. Muito pelo contrário! Sabe-se muito bem o quanto a China desabrigou e desrespeitou cidadãos, moradores, para desocupar e também 'limpar' a cara da cidade do que consideram desprezível: mendigos, sem-teto, pobreza, etc., mandando de volta ou simplesmente expulsando pessoas de Beijing.

Pensando no Brasil é óbvio que o governo tentará fazer o mesmo - o que acho muito difícil, principalmente no Rio de Janeiro, - mas vontade é o que não falta, claro. Nosso governo quer passar por cima de direitos humanos e direito à habitação para fazer seu evento de sucesso e ganhar dinheiro de várias formas.

Em Porto Alegre, há um bom tempo, já existe um comitê que defende a obediência aos direitos humanos e confronta e se comunica com o comitê local para atrocidades aconteçam. Espero que consigam bons resultados.

A especulação imobiliária e valorização dos imóveis nas cidades acontecerá, não há muito como fazer - imagino eu -, mas dá para evitar, ao menos, que milhares de pessoas sejam tiradas de suas residências, relocadas para qualquer lugar aleatório. Não é só questão de qualidade de moradia, mas mudar pessoas de região, bairros, etc, implica diretamente em suas vidas, trabalho, proximidade de outras pessoas da família, escola, não é simplesmente mudar de local como se fossem objetos, mesmo que seja para um residência melhor - o que, na maioria das vezes, não é, resumindo em bairros distantes, longe dos holofotes, sem equipamentos ou até mesmo provisórios.

Esta semana me deparei com o texto da brilhante arquiteta e urbanista, Raquel Rolnick, que é relatora das Nações Unidas para o Direito à Moradia e neste texto dá-se uma noção de como sofre a habitação e um histórico de megaeventos esportivos e suas atitudes quanto à moradia. Abaixo, o link do texto:

Olimpíada e Copa trazem prejuízo social


Fiquem a vontade para sempre debater o tema dos posts, realmente gosto quando se tem discussões, opiniões, referências novas sobre o mesmo assunto ou algo relacionado. O blog cresce com quem comenta.

2.5.12

Estrutura de base para um país olímpico

Bato muito na tecla de que o Brasil está aproveitando mal os eventos esportivos que o país sediará - tanto Olimpíadas como Copa do Mundo.

Sempre próximo aos eventos, o país quer um resultado melhor, embora não invista nem nos atletas, nem em equipamentos, sempre dando valor às poucas e sortudas modalidades como futebol, natação e quiçá um volley, volley de praia, ginástica ou atletismo. Isso só porque temos destaques com atletas que surpreendentemente tiveram resultados basicamente conquistados através de seu talento e esforço árduo, pouco por causa do apoio do governo.

Esse é o momento para angariar verba para equipamentos de modalidades que possam virar potencial para um Brasil olímpico no futuro, ou que possa, inicialmente, colaborar com uma melhora e buscar uma melhora simbólica em medalhas nos Jogos Olímpicos de 2016. Porém, o quanto vemos de equipamentos bons e públicos para que tenhamos revelações e treinamentos de ponta para os atletas? Nada. E quanto ouvimos atletas sem patrocínio, sem lugar, sem salários e sem equipamentos decentes para treinar e se sustentar? Aos montes. É por este motivo que fiz este post, para mostrar equipamentos de qualidade pelo mundo, que poderiam ser feitos até com patrocínio privado, mas iniciativa pública. Não precisa ser um projeto 'estratosférico' nem 'megalomaníaco', mas algo específico para as modalidades, como treinamento de base, para democratização de modalidades esportivas ou para diminuir o custo de algumas delas, como tênis, esgrima, entre outras. E não vale só Rio de Janeiro. Se o Brasil é olímpico, o Brasil tem que ter equipamentos. Não vale considerar que todo interessado tenha que se mudar para o RJ - isso não é democratização do esporte, isso não facilita ter um contato inicial com uma modalidade. Para se achar talentos, tem que ter espaço e treinamento por todo lado, é por este motivo que o futebol tem tantos talentos, pois escolinha de futebol e campinho desenvolvem e divulgam talentos em qualquer parte do país, com custo baixíssimo.

Em breve, farei post de equipamentos de múltiplas modalidades (como a Arena Bilbao) ou de modalidades diferentes do futebol.

Podemos ver que nossos projetos para a Copa são somente estádios, poucos pensam em outras modalidades e estas deveriam ser preocupações governamentais, inclusive para manter o uso dos equipamentos após os eventos e, pelo 3º caso citado acima, dá para ver que dá, facilmente de promover mais esportes em um único equipamento, desde que um, não interfira na qualidade do outro - como estádios com pistas de atletismo, por exemplo, influenciando na visibilidade e proximidade do campo (principalmente atrás dos gols.

Lembro também que equipamentos deste tipo podem ser estimuladores de desenvolvimento urbano. Funciona da mesma forma como defendo a construção de alguns estádios da Copa. O equipamento leva o que deveria ser obrigação do governo para bairros geralmente esquecidos, também fomenta a circulação noturna, o que traz segurança ao bairro, leve interesses comerciais, o que traz mais investimento privado. São consequências da construção que vêm por meio indiretos.

Vamos então à equipamentos interessantes em termos urbanos, mas que são de futebol. Clicando no título delas, você será redirecionado à uma matéria do projeto no portal Arch Daily (em inglês, com o tempo se procurar, no Arch daily Brasil, poderão encontrar em português):





Fica uma excelente dica de leitura sobre o dinheiro 'investido' no esporte, por José Cruz:

"Verbas para o esporte: um desperdício olímpico"
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