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28.8.09

Wimbledon e sua cobertura retrátil

A partir deste ano, o mais renomado torneio de tênis teve em sua quadra principal uma cobertura retrátil. Wimbledon, acontece todo ano em um período de chuvas, e este período é o responsável por várias interrupções nos grandes jogos.


Foto do site oficial - Vista 360º clique aqui

Finalmente, depois de muitos anos, resolveram colocar a cobertura retrátil na quadra central (quadra dos jogos mais importantes) que é capaz de se fechar em minutos. O projeto foi desenvolvido pelo escritório Populous (responsável por grandes projetos de arquitetura esportiva, como o Emirates Stadium, por exemplo) e , através dessa cobertura, visam melhorar a qualidade do espetáculo tanto para o jogador, quanto para o torcedor. A estrutura metálica, com película transparente, permite a incidência de luz natural no gramado (que deve ser perfeito para evitar desvios das bolinhas). O projeto também considerou fluxos de ar para que o calor gerado não se condense. A capacidade passou de 13.800 pessoas para 15.000.


Foto do site Oficial

Apesar de uma crítica ou outra, a principal feita pelo tenista Andy Murray, a cobertura foi bem recebida. No caso do tênis, em qualquer tipo de quadra (grama, caso de Wimbledon, saibro ou lisonda) a chuva atrapalha bastante, principalmente nos dois primeiros tipos, pois o piso torna-se extremamente escorregadio e a bolinha fica pesada. A paralização dos jogos, também pode favorecer um jogador cansado, ou "esfriar" um jogador. Em contrapartida, além da chuva, claro, a cobertura ajuda combatendo o vento - cruel inimigo! É bastante importante ter essa opção de se fechar a cobertura, pode tornar o jogo mais justo.

No caso do futebol, é um pouco diferente, não é tão necessário quanto no tênis. Mas é bom para o público, principalmente pelo simples conforto.

Mas porque Wimbledon¹ demorou tanto para instalar essa cobertura? Custo! Por mais que o evento seja um dos maiores no setor esportivo, é extremamente cara a tecnologia, ainda mais quando fecha tão rápido como esta em questão. Será que precisamos necessariamente de coberturas retráteis para a Copa de 2014? Não necessariamente. Podemos por depois, com um pouco mais de calma e depois que conseguirmos programas adequados para viabilizar o projeto financeiramente. Mas coberturas das arquibancadas... essas, sim, deveriam ser obrigatórias!
Somos nós torcedores que movimentamos esse mundo que é o futebol. Agora precisamos nos preocupar com a qualidade do evento, atender as exigências mínimas, sem chorar por flexibilidade da FIFA e tentar bolar coisas que surpreendam o público brasileiro e internacional que espera ver uma copa exemplarmente sustentável.

1 - Wimbledon é realizado desde 1877 !!!

27.8.09

Arquibancada: Novo blog no Portal da Copa

A convite do Portal da Copa, começo hoje a postar também no blog Arquibancada, onde me proponho a acompanhar as notícias e andamento dos projetos para a Copa, tendências, analisar a parte técnica e de gestão dos estádios que se candidataram ao evento.

As postagens lá, seguem a mesma linhagem dos que posto aqui. No entanto, vou deixar lá um material mais relacionado à Copa, e aqui, à arquitetura esportiva em geral. Espero que gostem de ambos os materiais, que continuem acompanhando e comentando, afinal, a discussão que se gera é a mais saudável para a promoção de uma Copa mais produtiva, para o evento e para o país.

Deixando bem claro, esse blog não será abandonado pela criação deste novo.

Quem já quiser conferir o primeiro post no Arquibancada, clique aqui. Depois acompanhem diretamente lá!

26.8.09

Morumbi com cobertura feita pela GMP

Conforme o Portal da Copa e o Blog do jornalista Victor Birner, o Morumbi, após longo tempo de acordo, fecha parceria do escritório alemão com Ruy Ohtake para elaborar a cobertura do Morumbi.

O Morumbi é um dos maiores alvos de discussões por vários problemas que ainda possui, por ser um clube privado e por sua localização. Recebeu ainda várias críticas da FIFA na última reunião que a federação fez no Rio de Janeiro.

Como é uma das cidades que tenta ser a sede da abertura do evento, o São Paulo Futebol Clube junto ao comitê de São Paulo, vai, sem dúvida, tentar jogar todas as cartas para surpreender, ou conseguir outras qualidades para o estádio. Sem dúvida a cobertura é uma boa estratégia. Audaciosa e muito bem vinda!

Eu, particularmente, confio muito no que pode vir por aí, pela própria experiência que a GMP tem.

Ponto para o Morumbi!
Só falta resolver os outros problemas...que não podem ser esquecidos!

24.8.09

Dubai...único!

Mais um post sobre referências...

Há algumas semanas, me peguei pensando em Dubai... como seria um estádio lá? Tudo lá é meio absurdo, inédito, um tanto exagerado (ok, bastante exagerado). Aí resolvi dar uma pesquisada, já que não sou uma das pessoas que acompanham o extremamente rápido avanço da cidade. Cidade esta, que passou de um local vazio, para um dos maiores destinos "luxuosos" e desejados de muitos turistas milionários.

Nada ali pode ser convencional, pelo próprio conceito da cidade que visa trazer turistas para ver as coisas mais inusitadas, astronômicas, únicas e "glamourosas" possíveis, algo que você não vê em nenhum outro lugar.

Dubai cria o Dubai Sports City - Projeto pioneiro de um centro esportivo capaz de se adequar aos eventos esportivos de maior prestígio, firmando, assim, Dubai como destino do turismo esportivo.

Encontrei, então, três propostas.
A primeira, como esperava (exagerada - mas bem legal - adequada ao que se propõe e chama a atenção):



O projeto acima, encontrei como sendo da GMP architekten. Trata-se de um complexo com mais de um estádio, um deles com capacidade de 60.000 torcedores, outro de 10.000, mostrando novamente a tendência de não termos novos maracanãs pela inviabilidade e segurança. Se nem em Dubai passa de 60.000... acho que é bom acreditarmos.
Esse estádio de 60.000 atenderiam todas as exigências para esportes como futebol, futebol americano, rugby e alguns eventos de atletismo (não me perguntem sobre a pista de atletismo! vai ver tem arquibancada retrátil). Já o estádio de 10.000 torcedores abrigaria outros eventos como hockey no gelo, tênis, basquete e volley. O complexo também seria capaz de abrigar outros tipos de aglomerações. (Mais informações - Fonte)
No complexo também teria mais um estádio com capacidade de 30.000 espectadores para cricket e mais um de 10.000 para hockey além de um campo de golf -18 buracos- (fotos abaixo) desenhado por Ernie Els, uma escola de futebol do Manchester United, e a Academia de Tênis David Lloyd. (Mais Info)

Fotos do campo de golf, em 09 de Abril de 2009.


A idéia seria dividir com o mundo os melhores projetos de design para um espaço esportivo - cidade que já conta com o SkiDubai (foto abaixo), da arquiteta Zaha Hadid - considere o clima da região e a idéia de se fazer uma pista de ski ali.


Foto retirada do site que mostra a evolução de Dubai em poucos anos e seus projetos mais irreverentes.

2º Proposta: Achei pouca informação, mas aí está ela



Esse projeto, Hunters, propõe um condomínio abaixo das arquibancadas... isso mesmo. Permitindo que os moradores tenham mais acesso às facilidades esportivas dessa infra-estrutura. O projeto parece uma caricatura... algo onde as características são evidenciadas... chegando a ser meio distorcido.

Finalmente, a 3º proposta - que é a final, a que está sendo construída (imagino que usando o programa da primeira proposta).

As imagens já bastam para mostrar o tamanho do empreendimento. E porque dará certo? Porque é algo único! E adequado às exigências.

Acima a esquerda, o estádio de Cricket e ao lado, obras do futuro estádio de futebol.


Acima, a maquete geral da implantação e uma perspectiva do projeto.

Abaixo, imagens da construção do campo de golf e vista panorâmica geral do Dubai Sports City - somente uma pequena parte do DubaiLand - espaço destinado ao lazer (primeira foto - topo)





Mais fotos aéreas em Dubai Based Chopper Shoot

Fotos do site Oficial do Dubai Sports City:


Acima: Estádio com campo de hockey e, à direita, e estádio coberto de múltiplo uso.

Acima: Cricket Stadium
Abaixo (em ordem): Perspectivas, Cricket Stadium e Estádio aberto de múltiplo uso






Aqui não parecem ter uma estrutura tão absurda, embora todos juntos, um ao lado do outro o tornem um complexo gigante.

23.8.09

Volcano Stadium



Para dar uma quebrada nos assuntos mais polêmicos (na minha opinão) e dar uma mostrada no que temos pelo mundo, coloco aqui algumas fotos do Volcano Stadium, do Chivas Guadalajara, um estádio único, mostrando o que eu acho que realmente é importante, ser único - além, claro, de propor um estádio adequado à sua função principal: o futebol.

Projetado por Jean-Marie Massaud, arquiteto francês, o estádio tem uma implantação única. Externamente, vemos somente a cobertura do estádio sobre um acabamento externo que se assemelha a um vulcão, e as entradas, claro. Guadalajara fica localizada entre vales e vulcões, por isso, essa plasticidade adotada para o estádio, cria uma identidade com o local.

Sobre sua inserção, ainda foi mencionado que o gramado interno também serve para atrair famílias fazendo diversas atividades até mesmo picnici e atletas treinando.
Junto ao programa do estádio ainda há espaço para um parque de skateboard, esporte geralmente deixado de lado em vários locais no mundo.


O "estádio dentro do vulcão" tem promessa de ficar pronto em meados de Dezembro deste ano.


Pelo corte que vemos acima, podemos notar que o acesso direto do nível externo para as arquibancadas, permite uma acessibilidade facilitada a deficientes físicos, ponto positivo do projeto.

Como características do estádio temos, também:
A grama artificial, de origem belga, orgulho do Chivas, por ser a mais nova tecnologia em gramas artificiais. A empresa responsável é a Desso D-Vision, a maior no mercado de gramas artificiais.
Arquibancada: Cadeiras de plástico de alta densidade, com design ergonômico (visando o conforto) e sendo fixas e numeradas. Um modelo superior será utilizado em zonas de mais prestígio.
A Comunicação visual, publicidades, etc. serão projetadas no teto, ao invés de em painéis, assim os ambientes, tem espaço para visualização do campo, garantindo iluminação.

Além do projeto, o Chivas comemora o acúmulo de horas de trabalho sem acidentes, pois realizam as obras com um plano de premiação e incentivos a todos os trabalhados que se dedicam a trabalhar com segurança e higiene. Leia mais. Bem legal se tivessemos, finalmente isso para as nossas construções, não só para a Copa, mas para todos.

21.8.09

A importância do programa dos estádios para a obtenção do tal "legado" presente em todos os discursos

O programa consiste nas atividades a serem desenvolvidas. Esse é o primeiro item que um escritório de arquitetura deve receber para que o projeto seja desenvolvido da melhor forma possível. No entanto, podemos notar que, até agora, e ainda pedindo mais um mês, os estados ainda não tem esse estudo realizado, mas já tem o projeto "pronto".

A viabilidade dos estádios, se baseia na rentabilidade para pelo menos se manter com a mesma qualidade depois da Copa. Para isso, temos que prever os gastos e o que geraria renda suficiente.
Sobre a questão "legado", palavrinha mágica que está presente nos discursos e em todas as apresentações relacionadas à Copa 2014, podemos definir que não é viabilidade financeira, mas algo para o país.

Agora pense nas principais propostas que as cidades-sede apresentam: shoppings, centros comerciais (??? o que seriam? é uma palavra um tanto aberta "comercial"), hotéis, restaurantes.
Agora pense em um hotel. O custo para sua própria manutenção tem um valor generoso.
Um restaurante: gera renda para sua própria manutenção e grandes manutenções de um estádio? Dificilmente.
Complexo esportivo: Tem custos astronômicos de manutenção, assim como um estádio, ou mais! É um risco se não for muito bem estudado como ele gerará renda e se será aberto ao público para que não fique ocioso.

Podemos ver que grandes complexos podem disfarçar futuros problemas pelo número de atividades, pois ao mesmo tempo que aumentam as funções, aumentam muito os seus gastos pelo aumento do número de edificações a serem mantidas.
O ideal seria ter atividades internas, abaixo das arquibancadas, e, no máximo, em campo.

Voltando à questão das atividades ideais... O que significa Legado?
Dicionário Houaiss: o que é transmitido às gerações que se seguem.
Shopping center pode ser considerado algo como legado? Não acho que possa. Não acrescenta nada. Na minha opinião, vejo com potencial o estudo individual de cada estado, vendo quais setores estão defasados ou quais são promessas de sucesso, para o desenvolvimento junto ao estádio de espaços previamente destinados à atividades específicas que colaborarão posteriormente para o desenvolvimento dessas cidades, do estado e, também, do Brasil. Para isso faço exemplos do que vejo como potencial em algumas dessas cidades que abrigaram o evento da FIFA em 2014, embora existam outros temas a serem desenvolvidos:

Cuiabá: Poderia ter um centro de estudos gastronômicos com alimentos orgânicos, com cursos de capacitação da população, e estudos avançados em gastronomia. Além disso, poderia ter espaços destinados à alimentação vegetariana, à culinária local, restaurantes conceituais, espaços com biblioteca, promoção de concursos. Além de um centro de exposição e estudos científicos no setor do agronegócio.
Curitiba: Acredito que pela característica organizacional da cidade, possa ser de bom desenpenho atividades relacionadas à estudos alternativos de transportes, estudos científicos, em parceria com outras cidades-sede, como cuiabá, em combustíveis, estudos para o país todo, museu sobre o transporte nacional, exposições temporárias de novas soluções, história e exemplares de veículos, desde carros, ônibus, bicicletas, trens, metrôs e porque não até mesmo o 14 bis. Algo que conte a história da cidade em atividades sustentáveis. Estudos de desenvolvimento das cidades de forma verde, com integração de faculdades, em congressos, e produção de material para uso e consulta pública, com biblioteca para documentários, livros, teses, sobre o assunto.
Manaus: Poderia ser criado um local para estudos avançados/pesquisas com a fauna e flora (em medicina e cosmética), com exposições fixas (como, por exemplo, a história e curiosidades da amazônia) e temporátias com temas relacionadas à sustentabilidade em diversos setores e em diversos países, com concursos de fotografia, workshops de práticas sustentáveis em construção, em práticas do cotidiano, congressos, experiências sensoriais. Nesse mesmo estádio poderiam ter agências que fomentariam o turismo ecológico, incentivando ainda mais atividades que já existam ou que ainda podem ser criadas. Além dos possíveis usos com shows, festivais e congressos. ONGS, de repente, podem ter interesse em desenvolver essas atividades freqüentes de conscientização.
Recife: A cidade tem destaque no cinema nacional. Os espaços poderiam ser destinados ao cinema: produção e consumo. Workshops, cursos pagos e gratuitos, projetos sociais de produção do audiovisual. União de cineclubes que possam, nesse espaço formar uma "videoteca" onde as pessoas podem assistir curtas e longa-metragens produzidas no país todo e com seções de filmes estrangeiros como referência. Congressos e festivais nacionais ou internacionais. Praticamente um centro cultural destinado à sétima arte. Contando com espaços de lazer para apreciação de filmes individualmente, realmente aberto ao público, com biblioteca, e elaboração de concursos e cursos técnicos específicos de cada setor que o cinema envolve (aúdio, vídeo, câmeras, produção, roteiros, cenografia, etc.) que podem arrecadar dinheiro para a manutenção de seus espaços. Com bastante interação dos usuários com recursos de mídia. Além de conseguir verba, pode alavancar o cinema nacional, que vem ganhando espaço no mundo do cinema, aos poucos.
Rio de Janeiro: Possível centro cultural baseado na cultura da Brasileira, por ser uma das cidades mais conhecidas mundialmente, tem o potencial de abrir espaço para mostrar a vasta cultura brasileira, de todas as regiões (com apoio de todos os estados), para mostrar o que tanto o Brasil tem. Mudando a percepção estrangeira do Brasil e mostrando aos brasileiros tudo o que o país tem a oferecer, incentivando o turismo nacional. Poderia ser algo bem dinâmico também, onde o usuário pode interagir, crianças podem brincar, com espaços destinados a todas as idades e bastante brasileiras, sem padrões europeus, algo legitimamente nacional.
Salvador:
São Paulo: Poderia ter um museu da moda (internacional e nacional), mostrando toda a história, exposições, recebimento de desfiles (extra São Paulo Fashion Week), abrindo espaços e oportunidades para estudantes, workshops integrando universidades dos principais focos da moda no mundo (como frança, itália, Estados Unidos, por exemplo). Poderia ter também espaço de pesquisa em tendências, trabalho de tecidos e materiais com novas tecnologias que podem ser utilizados em diversos esportes (como natação, por exemplo) e com produção sustentável. Workshops que unam o uso de materiais recicláveis e clothing design. Cursos gratuitos para capacitação de costureiras, cursos para formação de modelos, de repente até parcerias com tvs, para elaboração de projetos televisivos que abrem as portas para designers e modelos jovens no mundo da moda, como programas que já firaram sucesso no mundo todo como o Project Runway e America's Next top model e brazil's next top model, por exemplo. Estudos em diversos ramos do vestuário e a interferência na vida do brasileiro e em outros países, enfim... tem muito espaço.

O problema pode vir com um estudo tardio. A arquitetura genérica de estádio, às vezes, pode complicar na elaboração desses espaços internos. O ideal é que tivessem sido feitos desde o início, sabendo exatamente quais funções os espaços que iriam abrigar para que tudo privilegiasse, ao máximo, estas funções sem posteriores complicações, limitações e falta de identidade.

Mais: Cada programa dentro do estádio tem que ter uma identidade própria, que o marquem como algo único, atraindo assim mais visitação. Sendo algo comum, não há a necessidade, curiosidade, interesse de um turista querer visitar, sendo ele brasileiro ou não. Precisamos de espaços atrativos, inusitados, inovadores.

Pena que essa palavra "legado" aparece em todos os lugares, sem ninguém saber direito do que fala.

20.8.09

Cidades-sede: Fortaleza

Última cidade a ser estudada para completar esse meu estudo pessoal, Fortaleza terá como palco da Copa de 2014, o Castelão, estádio esse que passará por reformas.

Iniciando pelo projeto do estádio, já saliento a existência de duas torres de energia eólica, o que já mencionei em outros posts ser um potencial para o país, principalmente no litoral nordestino. A simples existência dessas torres, já coloca este projeto a frente de outros no quesito sustentabilidade. Não se trata de uma inovação, mas uma preocupação maior do que o simples cumprimento das exigências mínimas, como a captação de água de chuva. Além disso, é algo estudado cuidadosamente dando relevância aos potenciais da região. De nada adianta importar tecnologia que deu certo na Europa se aqui não temos mesmas condições climáticas ou mesmo financeiras.
* Essas torres eólicas aparecem só em algumas imagens, considerarei que contam com essa tecnologia

Sobre o projeto em si, tenho algumas coisas a salientar:



A cobertura - Como a própria imagem acima mostra, os detalhes da cobertura geram uma sombra um tanto elaborada e incrementada no campo. Esse ponto poderia ser suavizado com uma cobertura mais livre de detalhes. Apesar de ser uma cobbertura legal, pode ter este, como um ponto contra. Quanto mais lisa, mais simples (em relação a quantidade de materiais, e desenhos e cores), menos sombra pode gerar no campo. No entanto, ainda considerando essa cobertura, temos um ponto positivo: por ela ter a parte mais próxima ao campo com material transparente, evitamos aqueles "cantos" do campo sem insolação suficiente para a manutenção do gramado (assim como no Mineirão e Maracanã, por exemplo). No entanto, o sol é forte em Fortaleza, essa transucidez pode incomodar um pouco! O ideal seria manter a translucidez no setor noroeste-oeste da cobertura e, no restante, algum material mais opaco, podendo até ter certa transparência, que crie algo interessante, mas ainda protegendo o público não só da chuva. Já que a própria apresentação do estádio justificava o clima como agradável e sem possibilidades de chuva (durante a copa, pelo menos), essa cobertura está lá mais para a suavização do sol.



Implantação: Sobre a área de circulação livre do estádio, podemos dizer que é uma área relativamente boa. Sobre o trabalho de piso, acho que poderia acrescentar mais. Ainda está muito cru, mas é algo fácil de se melhorar. Acho que as áreas de suporte e estacionamentos foram relativamente bem organizadas e dispostas. Ainda nessa área de circulação em volta do estádio, foram dispostas árvores ritmadas - falta um trabalho de paisagismo ali, com algo mais elaborado, com plantas nativas da região.



Identidade: Falta algo que poucos estádios apresentaram: algo que identifique o projeto com o local. Algo que você olhe e saiba que ele está inserido em Fortaleza. Por mais que seja simbologia, acho que isso faz parte da linguagem arquitetônica que uma construção deve passar ao usuário. Isso pode transparecer na escolha dos materiais de fechamento lateral ou cobertura, o trabalho desses materiais, o desenho, inovações, referências aos hábitos ou cultura da região, enfim, é isso que acrescenta valor e dá à construção uma identidade e fácil identificação com o local onde ele se insere.

Acesso interno: Nota-se duas rampas de acesso ao interior do estádio. Rampas, sem dúvida, são a melhor forma, mas elas não interagem muito com o projeto. Não é uma questão ruim, mas que pode ser melhorada em termos de estética (questão de opinião). Aceitável se não mudar, ponto de vista , puro.

O papel e investimentos de Fortaleza: Todas as cidades tem seus problemas e desafios. Alguns em comum outros bens específicos. Fortaleza, tem como desafio comum, a capacitação profissional e capaticação de cidadãos em ter contato com idiomas. Para isso, Fortaleza está oferecendo cursos, assim como o amazonas já demonstrou estar desenvolvendo também. Esses cursos visam a capacitação para recepção de turistas além da própria oportunidade que dá à população. (Clique aqui, para ver a matéria do Portal da Copa e info sobre esses cursos).
Além dos cursos, Fortaleza já tenta envolver a comunidade, principalmente as crianças e mostrar a função e benefícios da Copa através de uma visita ao Castelão. Depois da visita, as crianças são colocadas para fazer uma redação sob o tema "A importância de se preservar o Castelão" e a melhor é premiada. Leia mais sobre o "Projeto Escola, Viva o Castelão". Claro que a visita monitorada deve ser feita por pessoas competentes, com experiência e didática para lidar com as crianças, mas o simples fato de envolver e ainda ligar com a redação, educação, valores de cidadania já é um exemplo que poderia ser seguido por outros estados.

Programa: Assim como outros estádios, acho que ainda peca na programação. Segundo o site do Governo do estado do Ceará, "a nova área terá ainda shopping, cinemas, restaurantes e hotel." Já demonstrei em outros textos o porquê de eu discordar de shoppings: não é o único meio de obter retorno, não acrescenta nada no DESENVOLVIMENTO dos cidadãos, das cidades, é simples consumismo, portanto não é o tão falado legado, presente em todas as apresentações, palestras e textos. Sobre restaurantes, é bom que tenha, mas não é de lá que vem a renda para a manutenção de um equipamento de tamanha grandiosidade. Hotel é uma estrutura a parte, que se sustenta, mas não vejo isso como argumento de viabilidade, para nenhum estádio, a renda serve para sua própria manutenção. "A concepção do Estado é transformar o maior equipamento esportivo do Ceará, o estádio Castelão, em um dos grandes centros olímpicos do País e também um enorme complexo turístico.", complementa o site. Sobre isso, é muito bom, no entanto, tem que se achar formas de se garantir esse uso. Muitos equipamentos são feitos, e ficam ao léu pois os equipamentos são caros, aí não abrem para qualquer um e o ócio toma conta, deixando um senhor equipamento sem gente usando, enquanto temos muitos atletas que procuram esses espaços. Precisam de uma garantia de uso - público de preferência, com partes privadas para ajudar na rentabilidade e manutenção, claro.

Arquibancada: Haverá aproximação do público de 41m para 21m, com a construção do anel inferior, no entanto ainda não vi informações da distância mais longe de um torcedor. Imagino e espero que não seja 190m, máximo que a FIFA exige (muito menos 191m), mas algo mais próximo ainda. (Mais informações no site da Globo - Verdes Mares).

Uma das coisas com as quais me preocupo, é a interferência no bairro, mais exatamente nas construções vizinhas, que podem receber menos insolação pela construção um tanto alta desse complexo. No período da manhã, as construções podem sofrer bastante.

Outra coisa que poderia ser trabalhado, é o entorno, com paisagismo, e trabalho das áreas verdes públicas, proporcionando espaços de lazer para a sociedade.

Quem tiver interesse, no skyscraper tem um monte de informações e histórico.

O aeroporto receberá investimentos para ampliação e espaços para manutenção de aviões e o transporte público receberá investimentos para beneficiar os municípios ao redor de Fortaleza (espero que sejam baseados em transportes mais saudáveis e não a construção de meras rodovias).

Grandes problemas que a cidade deve combater logo são, em geral, problemas sociais de desigualdade e prostituição (principalmente infantil). Acho que a prostituição é algo que realmente devemos tentar resolver para a Copa. A mulher brasileira tem uma péssima imagem lá fora. Claro que muita coisa se deve aos valores que algumas mulheres se dão, merecendo títulos, mas há muito desrespeito e isso deve ser corrigido.

Bom, resumindo, acho que Fortaleza tem um projeto bom, está no meio termo (nem nos melhores, nem nos piores), mas tem algo mais fundamentado em relação à sustentabilidade e tem realizado programas legais com a sociedade. Acho que o jeito é continuar com esses projetos, e buscar algumas melhorias, tentar agregar valor ao projeto, e solucionar alguns problemas sociais.

18.8.09

Morumbi: 5 propostas de cobertura

No site Portal da Copa, matéria diz que Caio Luiz de Carvalho, coordenador paulista da Copa, alega que o São Paulo tem 5 propostas para a coberura do Morumbi. Uma delas teria partes retráteis que dividiriam o estádio em partes menores para shows e eventos de menor porte.

Não encontrei nada publicado além disso... imagino que ainda não deve ter sido divulgado e provavelmente só será, após 31 de agosto ou "mais um mês", prazo para apresentar a viabilidade dos estádios à FIFA.

A proposta, imagino eu, que seja mais ou menos a idéia do StadiArena, que conheci há pouco tempo. (Cliquem no link para ver o vídeo demonstrativo... é interessante a idéia).
Essa proposta para o Morumbi de coberturas retráteis é do escritório de arquitetura holandês, Amsterdam Arenas.

Quanto às outras propostas, assim que souber como são e de quem é a proposta, postarei aqui.

Apesar desta cobertura dar mais viabilidade de uso, o custo provavelmente será bem maior. Será mais um ponto a ser estudado pela viabilidade financeira e de onde virá essa verba.
Além disso, acho que apesar de mostrar grande avanço e viabilidade pela abertura a muito mais usos, acho que ainda há mais trabalho a ser feito.

Bom, vejo esse avançao como um ponto positivo e a favor do Morumbi. No entanto, ainda vejo problemas no entorno que já citei em outros posts. Espero que algo de novo seja apresentado.
Vejo como ponto a ser estudado também, a cor dessa cobertura. Até hoje, a cobertura que foi apresentada é vermelha, em um material que tem translucidez. Dependendo do grau dessa translucidez, o estádio corre o risco de ficar avermelhado, sem dúvida atrapalhará na transmissão televisiva e também para quem assiste jogos e shows nos estádios durante o dia.
Questão a ser pensada.

Ainda sobre o Morumbi, saiu no globo esporte, que o Morumbi pode ser "rebatizado" com o nome de um de seus parceiros na reforma do estádio. Chamado de "Name Rights" isso já aconteceu no Allianz Arena (seguradora) e no Emirates Stadium (companhia aérea). Acho um tanto estranho. Se o estádio é novo, ainda vai. Mas sendo um estádio que já é conhecido há tempos por um nome, já tem seu nome homenageado a alguém, acho isso um certo desrespeito.
Além do mais, passando o tempo, pode gerar certa confusão, como sinto que acontece com a Arena da Baixada, que muitos ainda chamam de Kyocera Arena. No entanto, não deixa de ser fonte de receita.

Leia o caso da Kyocera Arena/Arena da Baixada aqui.



13.8.09

Green Goal + Green Guide + LEED = Green 2014

Em busca de uma Copa verde, sustentável, que seja adequada às necessidades mundiais em construção civil e hábitos cotidianos da sociedade, orientações como o Green Goal (FIFA), o "Green Guide" (elaborado pelo DCMS - Department for Culture, media and sports) e o selo "LEED" (Leadership in Energy and Environmental Design), colaboram para o desenvolvimento de estádios de forma mais saudável, que darão nova visibilidade ao país e bom andamento da Copa do Mundo FIFA 2014, no Brasil.

Green Goal:
Inserido no Football Stadiums - Technical Recommendations and Requirements, elaborado pela FIFA e publicado em 2007, este item ainda sofrerá mudanças (possíveis contribuições vindas da Copa de 2010, na África do Sul, e novas metas para o Brasil, pois tem esse ponto como foco e lema da Copa de 2014).
O programa Green Goal, da FIFA, orienta os seguintes itens, para a construção de estádios:
- Armazenamento de água de chuva para irrigação - uso racional da água potável;
- Diminuição de desperdícios gerados no estádio e separação desses materiais;
- Energia: uso de energia proveniente de placas fotovoltáicas se possível e procedimentos que reduzam o uso de ar-condicionado;
- Transporte: estímulo do transporte público e mecanismos mais saudáveis (combustíveis, por exemplo).

"Green Guide", "Guide to Safety Sports Grounds":
Sugere formas de calcular a capacidade segura para os equipamentos esportivos, exemplifica distâncias e espaçamentos ideais para circulação, acessos, acomodação do espectador, barreiras, e orienta para o bom planejamento dos espaços em prol da segurança. Além disso, desenvolve orientações para o serviços de mídia (comunicação, elétrica), para segurança contra incêndios, atendimento médico e discorre sobre o assunto de usos alternativos em espaços esportivos.

No caso do Brasil, além disso, podemos contar com a Norma Brasileira de Acessibilidade (NBR 9050), que normaliza tudo relacionado a segurança em construção civil.

LEED, "
Leadership in Energy and Environmental Design":
Selo que certifica a construção como uma construção "sustentável". O Brasil ainda está desenvolvendo material para propor ao U.S. Green Building Council (Conselho da Construção Verde dos Estados Unidos), para regulamentações específicas para o país, e pretende finalizá-lo até o fim do ano.

"Temos como meta, já acordada com o USGBC, a conclusão deste trabalho até o final deste ano, garantindo desta forma que a nova versão do LEED, já possa trabalhar com os itens regionalizados para aplicação no Brasil."

O LEED conta com inúmeros profissionais, de diversas áreas, que se complementam para definir os padrões de adequação do projeto (Certificado, Silver, Platinum e Gold).

Além dessas orientações, acho que o país teria que desenvolver algo inovador no setor da construção civil e de todos os outros setores envolvidos na Copa. A imagem verde deve estar presente em cada pequeno setor em que o evento influencia, seja na culinária, seja na produção de materiais de divulgação, de brindes, conceitos, transporte, algo que surpreenda, que mostre que estamos com essa sustentabilidade integrada no nosso cotidiano e que estamos a frente nesse setor. Ainda não estamos, então uma campanha tem que ser feita para mudar o olhar da sociedade e para que quem tenha idéias, tenha espaço para desenvolvê-las e aplicá-las da melhor forma possível, com o maior apoio possível para que aí sim possamos ser considerados referência.

Sites que sugiro que tem a sustentabilidade como foco, independente de setor específico e que tentam fazer uma revolução do setor e que noticiam tudo o que tem de referência acontecendo pelo país ou fora dele:
Planeta Sustentável
Planeta Orgânico
Projeto Copa Verde
The Green Guide (National Geographic), em inglês
Inhabitat, em inglês

11.8.09

Estádios que visam à sustentabilidade

Meu texto publicado originalmente pela Universidade do Futebol, em 3/11/2008

Não é de hoje que o tema da sustentabilidade vem rodeando todos os assuntos em nossa vida. De fato, é um ponto a ser devidamente considerado de forma a rever nossos conceitos de destruição e preservação do nosso habitat natural (já não tão natural). É por isso, que há algum tempo muitos projetos arquitetônicos visam esse meio de se auto-sustentar perante a Natureza. Seja reaproveitando a água da chuva, reciclando seus resíduos, emitindo menos poluentes ou neutralizando-os, e até mesmo aproveitando melhor a luz solar como simplesmente aumentando a captação dela durante o dia, ou usando-a como geradora de energia elétrica. Seja qual for a forma de tentar colaborar, ela é bem-vinda.

No setor esportivo, os projetos também vêm usando a tecnologia para evitar esses desperdícios. Nas Olimpíadas de Sidney, Austrália, em 2000, muitos estudiosos, com apoio do Greenpeace, fizeram um programa sustentável para o evento, contribuindo para reciclar o lixo gerado pela massa humana que um evento desses atrai, programando o destino final de móveis que deveriam ser usados nas vilas olímpicas, colocando placas fotovoltaicas para geração de energia capaz de absorver gastos parciais. Outros eventos como os Jogos de inverno de Lillehammer na Suécia (1994) e em Nagano, no Japão (1998) já abrangeram estudos verdes para a realização de eventos esportivos.

O Brasil, que agora deve começar a se preparar para a Copa do Mundo de 2014, também poderia visar tais benefícios, não só temporários, mas permanentes, suprindo as necessidades que um estádio tem durante os campeonatos nacionais ou até mesmo sul-americanos. Exemplos que podem ser seguidos é o estádio de Kent, no Reino Unido e até mesmo o estádio brasileiro em Curitiba, o Janguito Malucelli, com capacidade para 6000 torcedores.

Acima, estádio de Kent, Reino Unido

No primeiro, em Kent, por ser pequeno, os arquitetos responsáveis, do escritório Urban Edge Studio, projetaram dois lagos artificiais, que recolhem águas pluviais destinado às regas diárias do gramado. Painéis solares nas coberturas de alguns equipamentos são encarregados da eficiência energética e econômica do estádio. Os lagos, além de contribuírem para a beleza da região, ainda atraem animais.

Já no segundo, um projeto nacional, também trabalha essa maneira inteligente de se construir um estádio. Neste caso, o estádio está instalado de forma coerente, aproveitando o desnível do terreno para a escavação das arquibancadas (forma similar à inserção do Pacaembu, em São Paulo). Como complemento, essa arquibancada é completamente coberta por grama, permitindo mais permeabilidade da água de chuva. A consciência veio a partir da responsabilidade de respeitar á área onde o estádio está localizado, uma área bastante arborizada. O concreto, só foi utilizado em setores exigidos por lei, como, por exemplo, calçadas para circulação dos torcedores. As madeiras utilizadas são provenientes de reflorestamento e toda a ferragem vem de dormentes de uma ferrovia desativada.

Acima, estádio J. Malucelli, em Curitiba

São maneiras simples que algumas pessoas encontram de promover um estádio com a funcionalidade necessária e ainda com consciência ambiental. Talvez essa seja uma solução que o Brasil possa encontrar nesse caminho que agora deve ser escolhido em relação às reformas dos estádios e construção de novos. De alguma forma, algo sempre é inovador nas copas do mundo. Na última, por exemplo, na Alemanha, tecnologias de replays, show de luzes, sistemas de transportes, etc. O Brasil poderia adotar essa política ambiental como partido dos projetos. Ainda temos tempo e esse benefício em grande parte seria nosso; como marketing, como referência e principalmente, como benefício ecológico para o país. Teríamos um longo caminho pela frente, com possibilidades imensas de tornar essas idéias simples em algo extraordinário, capaz de ser referência turística e de estética agradável. Não é necessário que seja rústico para ser eficiente, e esse é o ponto em que a comissão de desenvolvimento poderia focar. Usar a tecnologia a nosso favor para tornar nossos estádios ecologicamente viáveis sem perder o padrão de qualidade estético e funcional.

Bibliografia:

http://www.jmalucelli.com.br;

http://www.treehugger.com/files/2006/08/first_eco_footb.php;

Revista Época, 14 de Fevereiro de 2000.

Facilidades no transporte

Bom, tanto nos estádios quanto no país, a circulação, acessibilidade e bom entendimento dos fluxos são necessários, tanto para a realização dos jogos, quanto para o dia a dia de uma cidade.

O Brasil já teve os ônibus rápidos de Curitiba como referência, no entanto, em outras regiões do país os problemas de transporte em massa são evidentes e são responsáveis por grande parte da população. Até mesmo o transporte em Curitiba, apesar de ser bastante inteligente, já começa a ser pressionado pelo crescimento da cidade e novas exigências.

Inspirado nesse transporte, Bogotá criou o sistema que mais transporta passageiros por dia. Entitulado pelo Planet Green, da Discovery Channel, como "um híbrido entre metrô e ônibus" o sistema está sendo adotado por vários países na américa latina, e se mostra bem mais saudável ao meio ambiente que qualquer outro meio. A solução para nossas cidades não está em corredores de ônibus, ampliações de marginais, construções de pontes e também não é extremamente necessário meios de transportes caríssimos, com tecnologia importada, mas no simples entendimento de nossos fluxos adotando as tecnologias mais convenientes.

Leia a matéria original no site do Planet Green.

9.8.09

Um estádio inflável, móvel e reciclado



Projetado pelo Various Architects, da Noruega, o estádio, apesar de pequeno porte, capaz de abrigar até 3.500 pessoas, pode servir como referência para o Brasil do ponto de vista sustentável.

O estádio atende às necessidades do cliente em relação às funções de projeção e instalação do sistema de som e, ao mesmo tempo, atende às outras exigências feitas aos arquitetos: uma estrutura única e que fosse um ícone.


Como é um estádio itinerante, para tentar neutralizar os gastos de carbono com transporte, toda sua estrutura deveria ter seu volume e peso reduzidos o máximo possível. Para isso, sua estrutura é em alumínio (material reciclável e de baixo peso) e sua envoltória, fechamento lateral, é feito de um PVC resistente à abrasão, inflável, que é, também, 100% reciclável. Resultado disso, é uma estrutura que pode ser montada em 2 semanas, desmontada em 1 semana, e que cabe em cerca de 30 containers tamanho padrão na hora do transporte (bem pouco considerando o tamanho do estádio).



Além disso, o design colabora bastante para uma estética muito mais atraente da população, chamando a atenção para o equipamento. Diferente de alguns estádios que temos para a Copa.

Uma questão que não foi mencionada em nenhum texto que li, é a iluminação. Pelo tipo de estrutura e por ser branca, muita coisa pode ser trabalhada na luminotécnica, interagindo com a cidade.

Bom, como já disse, porte diferente, funções diferentes, mas tecnologias que podem ser consideradas para uma imagem mais verde na inserida em nossa sociedade até 2014, não necessariamente nos estádios, mas podendo ser utilizada em qualquer tipo de infra-estrutura que venha ser construída, seja no transporte, em hospitais, hotéis, entre outras.

6.8.09

Workshop durante a 8º Bienal de Arquitetura elaborará propostas para a Copa 2014


Durante a 8º Bienal de Arquitetura, que acontece sempre no Parque do Ibirapuera(São Paulo), haverá um workshop que elaborará propostas urbanas para as cidades-sede escolhidas para a realização da Copa de 2014. Cada cidade-sede contará com uma equipe e produzirá mais de uma proposta, podendo ou não serem utilizadas pelas cidades em questão. Cada cidade contará também com um coordenador, com experiência em práticas urbanas.

Para quem se interessar, o Site do IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil) apresenta mais informações do workshop e da forma de inscrição. O preço é um pouco salgado, mas creio que o resultado é bastante interessante. Práticas de workshop são muito mais comuns fora do Brasil e trazem um enorme desenvolvimento urbano. Estudantes, profissionais de arquitetura ou não podem participar, mas as vagas são poucas e a escolha das cidade-sede são por ordem de pagamento. Acredito que misturando forma de desenvolvimento de projetos, seja de brasileiros com estranhgeiros, profissionais de arquitetura ou de outras áreas e de estudantes, podemos criar projetos muito mais interessantes para nossa cidade, desde que se tenha um bom intuito de proporcionar desenvolvimento das nossas cidades.

A iniciativa do IAB, também visa dar maior entrosamento do arquiteto e urbanista com esse tipo de evento que o Brasil acolherá.

Abaixo, alguns trechos do site do IAB que salientam um pouco o foco do evento que tem como título ECOS URBANOS.

"O tema proposto,...foca a qualificação de áreas degradadas em centros urbanos a partir de megaeventos e usa a Copa de 2014 como pano de fundo." "A 8ª BIA acontecerá de 31 de outubro a 6 de dezembro de 2009 no Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera. A temática, ECOS URBANOS, é uma alusão direta à proposta desta edição sobre o potencial para grandes transformações dos centros urbanos e metropolitanos que sediam eventos de porte internacional." "Bons exemplos não faltam. Outras cidades, como Barcelona, Lisboa e Milão, reúnem um conjunto rico de experiências arquitetônicas e urbanísticas a partir do instante em que receberam ou recebem grandes eventos internacionais. A escolha do Brasil como sede da Copa de 2014 suscita um debate muito mais amplo que o esportivo: a reboque, chegam ao cidadão outras importantes benfeitorias, do planejamento urbano até a arquitetura de novos edifícios, iluminação, mobiliário urbano, interiores e paisagismo de espaços públicos e semi-públicos, construção de uma nova infraestrutura urbana e metropolitana e soluções, enfim, que se baseiem nas inovações espaciais, na conectividade e na originalidade, com o objetivo de propor um futuro sustentável para a população local."

Para sócios do IAB e estudantes há descontos. Já inscrições depois de 31 de agosto, há um acréscimo no valor da inscrição.

Quem se interessar... visitem o site... o resultado de um trabalho de um workshop é geralmente muito interessante. Experiência própria.

5.8.09

Vuvuzelas, Kuduzelas e Roiroizelas!



Tá na boca de todo mundo essas tais vuvuzelas, que causam um barulho tremendo e que virou febre nos jogos da Copa das Confederações. É tanta mania, que a vuvuzela já ganhou até uma nova versão: a kuduzela. Com mesmo fundamento, fazer barulho nas torcidas e pelas ruas, a kuzudela agrega algo que remete à África. Seu formato é contorcido, como o chifre do animal nativo, o kodu, e é feito com o mesmo material que é feito o para-choque. Além disso, tenta suavizar as críticas que a vuvuzela tem recebido pelo seu som alto.

Mascote da Copa do Mundo FIFA 2010, tocando a kuduzela

A kuduzela, emite um som com menos decibéis, tentando não causar aquele "zumbido de mosquito" que ouvimos durante as transmissões da Copa das Confederações.



Algumas emissoras européias protestaram à FIFA para tentar proibir o uso das mesmas durante a Copa do Mundo FIFA 2010, pois atrapalhariam as transmissões. A África do Sul revidou dizendo que é um atentado à cultura esportiva local. Nessa disputa, tomo partido e fico do lado da África do Sul.
A FIFA não exige um isolamento, especificando até o material usado para isolamento de camarotes VIPS, VVIPS e das cabines de transmissão? Então o caso é cobrar que esse isolamento acústico seja melhorado, não que a torcida deixe de comemorar do seu jeito.

Vuvuzela, segundo o blog fazenda virtual, significa “ 'falo comprido para soprar'. A raiz vuvu- significa 'soprar' ou 'por a boca em algo' e o sufixo -zela denota 'objeto comprido e oblongo'."
Apesar do nome, o brasileiro já vem querendo criar em cima, anunciando a roiroizela. (o zela aí não se encaixa muito bem hahaha). A globo produziu uma reportagem sobre o barulho que a torcida brasileira também produz, mesmo com o time na 4º divisão.



Além disso, víamos bastante nas arquibancadas, praticamente escolas de samba, geralmente pelas torcidas organizadas, dando um show de comemoração. Geralmente, em eventos esportivos, que não o futebol, podemos ver também um apetrecho um tanto barulhento. Não consegui descobrir o nome exato, mas praticamente uma marca (Promostix). Ele consiste em um inflável, muito utilizado na Ásia, EUA e Europa, que, quando batidos um contra o outro, produz um som metálico, com o barulho equivalente a 10 vezes o som do aplauso. É inflado com a boca, evitando o uso de qualquer tipo de gás. As fotos abaixo mostram quais são eles, todo mundo deve conhecer... geralmente vejo em jogos de volley, natação e no Pan vi nos jogos de tênis (até fazendo barulho inconveniente nos momentos de silêncio sagrados das partidas). Nesses promostix, é feita a publicidade das empresas. O custo é super barato e o barulho, estrondoso.


Fotos retiradas do site da Promostix
No entanto, acho que durante a copa, o melhor mesmo é o controle do isolamento acústico e não da proibição da comemoração da torcida, seja ela como for. No máximo uma campanha para que a torcida tenha um pouco de respeito, o suficiente para não interferir no andamento dos jogos, na arbitragem ou concentração, limitando-se às comemorações de pontos, gols, ou fim de jogos e intervalos.

História da Vuvuzela e seu criador, pela Globo.

Criatividade brasileira fará o 3º setor lucrar na Copa de 2014

Sempre comento que quem mais vai lucrar com a copa é o comércio!
O aumento de turista durante e, provavelmente, depois (nosso intuito) fará com que turistas gastem muito aqui, seja com artesanato, comida e/ou souvenir. É aí que entra a criatividade! Fazer um prato especial da Copa, algo que demosntre o bom humor brasileiro, e que faça com que o turista tenha boas lembraças do país. É como as famosas Vuvuzelas da Copa da Confederações. Nesse caso, por exemplo, deu oportunidade para um cidadão comum. Assim como os brasileiros terão espaço para criar.

É sobre esse assunto que o Jornal Placar, publicou uma matéria no dia 31/07/09 sobre 11 opções que você pode desenvolver para lucrar com a Copa. É uma matéria bem humorada e, em alguns casos, é até viável! Eu ficaria com a opção número 1. Saudável, não restringe a participação de nenhuma nacionalidade e é uma rivalidade bem humorada.

No jornal impresso tinha imagens que, na opção 1 era muito engraçada - alguém deve ter jogado fora aqui em casa, mas caso encontre, posto as imagens depois.

3.8.09

Cidades-sede: Manaus

Penúltima cidade a ser estudada, Manaus apresenta um dos projetos mais grandiosos para essa Copa. Ao mesmo tempo que pessoas alegam que o Vivaldão se tornará um grande elefante branco, vejo nele, mais potencialidade para o evento e para o pós-copa que muitos outros.

Como já mencionei aqui várias vezes, enxergo a construção de um estádio como a construção de inúmeros equipamentos para que este funcione adequadamente. A contrução de um estádio implica na construção de hospital de qualidade nas proximidades, vias de acesso capazes de suportar grande fluxo de pessoas e também carros, melhorias no transporte público (seja metrô, ônibus, trem, bonde, VLT, VLP, enfim... qualquer um), facilidades na comunicação, saneamento, existência de uma rede hoteleira significativa, sinalização adequada na cidade como um todo (de preferência em português E inglês).

Vemos que o desenvolvimento no país tem seu foco na região sudeste/sul. A copa levará, obrigatoriamente, às outras regiões um investimento que trará maior desenvolvimento urbano a essas regiões, dando oportunidade dessas regiões ganharem mais espaços e visibilidade em algumas áreas em que se destacam.

Além disso, o projeto apresentado, na minha opinião é um dos melhores. Um dos poucos dignos de Copa do Mundo. Começarei pela plasticidade. Sem dúvida, é um cartão-postal e sendo um, atrai o turista, gerando renda também na pura visitação. Além disso, a cobertura faz referência à cultura local e fauna: o trançado de um cesto de palha e as escamas de lagartos e cobras. Para a construção, o único material que não é nacional é a cobertura em PTFE, que é extremamente importante para a plasticidade em si e para a garantia de insolação suficiente no gramado (pois tem vários níveis de translucidez). A estrutura da cobertura é metálica, garantindo uma montagem rápida e ausência de formas de madeira que são geralmente grande parte do desperdício da construção civil.


Materiais (entulhos) da implosão do antigo Vivaldão, serão usados em aterros em regiões próximas, ou na construção deste novo estádio, que também tem parte em concreto armado, já que é um dos materiais mais em conta no país.
Sobre sua implantação, em torno do estádio há uma "esplanada" (não tão grande quanto em outros estádios propostos, mas suficiente), que garante uma circulação livre dos torcedores, melhorando a acessibilidade, evacuação e segurança. Sobre a acessibilidade, podemos ver na foto acima, à esquerda, que os acessos à parte interna do estádio são nítidas pela inexistência da película de PTFE. Já sobre o acesso para quem vem de carro, ou pelos funcionários, profissionais, etc, também parece ser bastante fácil, já que o estacionamento (como vemos no corte abaixo, à direita) é dividido em 3 níveis, em uma parte e em 2 níveis em outra, permitindo acesso direto a áreas específicas e podendo ter as divisões internas necessárias e especificadas pela FIFA, garantindo entrada exclusiva de atletas, mídia, VIP, FIFA, etc.


Internamente, o arquiteto Ralf Amann, diz em entrevista, para o Portal da Copa, que o estádio não prevê lojas ou equipamentos no interior do estádio, embora o governo esteja estudando opções de comércio no entorno. Ao meu ver, está indo contra todos os estudos que já se provaram eficientes. Todos os estádios, hoje, juntam funções e atividades para a manutenção do equipamento que tem alto custo. Para isso, as atividades tem que ser dentro! Sendo fora, serão mais estruturas e equipamentos a serem mantidos, ou seja, eleva-se o custo de manutenção e a renda dessa "opção de comércio" tem que ser muito alta para sustentar os custos de suas próprias estruturas + o estádio. Além disso, sendo fora, o estádio fica parado.
No caso, não é culpa de quem projeta, mas de quem pede. Sem dúvida os arquitetos tem noção de que hoje os estádio não servem somente para futebol, e tentam proporcionar uma arquitetura aberta a outros usos, proporcionando flexibilidade à estrutura. Embora seja feito da melhor forma pelos profissionais, não é o arquiteto o responsável pelo estudo de programação. Claro que podem ser feitas sugestões, mas o governo tem mais condições para formular o programa de atividades por ter mais noção dos potenciais da região.

No caso de Manaus, um dos pontos que estão estudando é o uso do estádio para outros esportes, que não o atletismo. Pela sua forte cultura, muitos eventos podem ser levados ao estádio posteriormente ao evento. Exposições, Cursos, congressos, feiras nacionais e internacionais, adicionando equipamentos que salientem a cultura, fauna e/ou flora da região. Há mercado e várias opções para isso. No entanto, tem que ser feito um grande estudo. Martelo nesta questão pois acredito que esse deveria ter sido o primeiro passo a ser dados por TODOS os estádios. Antes do estádio deveria ter vindo o estudo de coisas que podem funcionar junto aos jogos de futebol, num mesmo espaço.

Podemos ver que, na imagem abaixo, até o paisagismo, mesmo que ainda em estudo, já representava bem a flora nativa com esse "canteiro" de vitórias-régias. Na verdade há duas imagens diferentes, essa com o paisagismo, e a outra com um piso desenhado que dá certa continuidade bastante discreta ao desenho da cobertura. Imagino que elas se complementem pois vi no livro "Vitrine ou Vidraça: desafios do Brasil para a Copa de 2014", do sinaenco, uma foto mesclada.
Abaixo, à direita, a visão de uma sala VIP.



Voltando às questões da cidade, o turismo manauara é o potencial, principalmente ao se mencionar o ecoturismo. Ponto que deve favorecer muito o país com a imagem sustentável que queremos passar para os turistas e como país exemplo neste âmbito.
Em palestra no 4º Salão do turismo, Manaus apresentou um material em que dizem se preparar para a Copa promovendo reformas na rede viária, melhorando a mobilidade urbana e rede hospitalar, ampliação e modernização da rede hoteleira e reurbanização da região metropolitana.
A representante do estado também disse que estão se preparando para melhorar a recepção do turista através da capacitação de profissionais na prestação de serviços. Dentre estes serviços, taxistas, recepcionistas de hotéis e, principalmente, de gastronomia, setor que mais recebe críticas de turistas. A rede hoteleira será ampliada, principalmente porque o principal ideal é o retorno do turista depois da copa, pela maior visibilidade do país e de Manaus, local de necessária visitação pela maioria dos turistas estrangeiros.

Sobre o transporte, nesta mesma palestra foi mencionado o investimento que o Aeroporto Internacional Eduardo Gomes receberá, sendo ampliado e proporcionando ao turista europeu um acesso muito mais lógico, diminuindo o tempo de vôo, já que hoje ele deve fazer escala em São Paulo. Além do aeroporto, deve ser realizada a construção da ponte Manaus-Iranduba e a promoção de barcos turísticos (projeção para 280 unidades até 2014) e de um Terminal Fluvial Turístico, próximo ao Mercado Municipal Adolpho Lisboa).

Foram mencionadas outras questões bastante interessantes quanto aos intuitos de manaus e que seu público alvo seriam os japoneses e chineses pelo tipo de turismo que Manaus proporciona.
Os pontos salientados foram:
-Construção do centro de convenções do Amazonas: para 20.000 pessoas (rouba um pouco o uso que o estádio poderia ter, mas enfim, existem N atividades);
-Projeto paisagístico na orla dos rios;
-Fim das palafitas;
-Drenagem dos rios;
-Sinalização turística (até 2010);
-Centros de treinamentos em Manaus + 5 cidades (impulsionando o desenvolvimento do futebol na região e o surgimento de novos talentos);
-Centro de atendimento turístico no aeroporto + policiamento turístico;
-Operadoras de pesca esportiva (embora eu, particularmente, não ache isso muito bem visto, assim como as touradas);
-Aumento do número de táxis;
-Previsão de 700 pessoas estudando em cursos de idiomas como qualificação para 2010 (pouquíssimo para a oitava cidade mais populosa do país) - houveram duas palestras com duas represetantes, uma dizia ser 300 qualificados, outra 700, em diversos idiomas, no entanto, acho que ambos os dados sejam abaixo do necessário.

Como principal preocupação, vejo como o desmatamento da Amazônia. Deve ser feito algo a partir de agora, já que já deveria ter sido feito há muito tempo. A não obtenção de um bom resultado, pode ferir muito a imagem do país já que a mídia do mundo todo estará por aqui mostrando o que tem de melhor e de pior no país, e todas nossas características.

O foco de Manaus é o turismo, e com um estádio destes e facilidades no acesso (vôos, principalmente) e custos de passagens, favorecerá não só o turista estrangeiro, como o brasileiro. Uma comparação que foi feita pela representante de Manaus, foi que o paulista, por exemplo, viaja facilmente ao Recife e justifica que Manaus é longe. No entanto, Manaus rebate dizendo que o tempo de vôo é igual e o custo cairá para R$480,00.

Bom, finalizando, acho que Manaus tem um grande potencial e começou com o pé-direito, no entanto, tem coisa para ser trabalhada ainda. Provavelmente fará jus ao país e ainda terá um bom retorno, desde que tudo seja estudado cautelosamente.
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