Todos que me acompanham desde o começo do blog e desde quando o Brasil foi escolhido como sede da Copa 2014, veem que tenho um ponto de vista positivo em sediar o evento - se soubermos aproveitar. No entanto, o Brasil tem feito muito pouco. Tudo é resumido aos estádios e pouco foi feito nos outros setores que uma copa do mundo incentiva a evoluir como, por exemplo, maior instrução de prestadores de serviço, transporte público mais eficiente e inovador, novos planos urbanos que aproveitam para resolver problemas de moradia e para desfazer barreiras, investimentos em segurança e conscientização, incentivar estudos para evoluir na questão de tecnologia, sustentabilidade e, claro, sem benefícios à saúde, sendo que muito mais poderia ser feito ou incentivado (através de iniciativa privada), em relação a novos hospitais.
Muito pouco!
Tivemos o que nessa preparação? Cursos do Pronatec para ajudar uma pequena parcela do público e cursos de idiomas, que, sinceramente, começou tarde demais em alguns estados para ter algum resultado até julho deste ano ou 2014.
Até aí, estamos 'só' perdendo oportunidades, deixando de usar o evento para trazer investimentos e desenvolver projetos engavetados, para sim, ficar na construção dos estádios. Estamos realizando o evento da pior maneira possível. Mas o pior é a política de fazer a qualquer custo.
Começou com a avenida em Itaquera (SP) que passa por uma comunidade e tirava a moradia de muitas pessoas, agora passamos pela questão do Museu do índio, com uma demolição para fazer estacionamento. Em Porto Alegre, até um comitê de defesa foi criado e que tenta conversar com o governo para evitar desapropriações. Além da atrocidade com os índios, mostrando que em todos esses anos nada foi aprendido, nada foi e será respeitado, ainda vemos que o motivo da desocupação é para valorizar novamente o carro, indo contra toda política mundial e negando todos os fatos que comprovam que, de fato, o rodoviarismo não é o caminho.
Recomendo a leitura do texto sobre essa violência social escrito pela professora Fernanda Sánchez, da Universidade Federal Fluminense (UFF), publicado no site da Raquel Rolnik.
Em janeiro o Ministério Público Federal, com apoio do Crea e do IPHAN, tentou barrar a demolição. Leia mais.
Vale a pena? Nem se valesse. Precisamos aproveitar o evento, mas jamais passar por cima dos nossos deveres, da nossa honra, e respeitar todas as classes sociais, indiferente de cor, raça, credo ou status social. Mas, no Brasil, quem manda não é a ética.
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