Livraria Cultura

25.11.09

Ralf Amann - sobre a arena de Manaus

Durante a 8ª Bienal de Arquitetura está acontecendo um ciclo de apresentações sobre as arenas das cidades-sedes da Copa 2014. Tive a oportunidade de ver semana passada a apresentação da cidade de Porto Alegre, Minas Gerais, Manaus e Salvador. Todas as apresentações foram bem completas, mas a de Manaus foi a que mas me deu satisfação.
Tive a oportunidade de perguntar ao Ralf Amann sobre algumas questões que eu levantei e que foram questionadas no post de análise da cidade-sede, Manaus.
Além disso, uma questão que desconhecia, até então, foi abordada:
Na cobertura, Amann salientou a existência de "brises" fixos, próximo à arquibancada superior que poderá permitir um fluxo natural do ar, melhorando a sensação que o clima que Manaus tem, economizando, ao mesmo tempo, custos com energia para ventilação forçada.
Também mencionou que os pisos serão drenantes e que, em parte desse piso, será feita uma impermeabilização abaixo para recolhimento de água para uma cisterna e reuso na irrigação do gramado e abastecimento dos banheiros.
Minhas perguntas foram as seguintes:
1ª - Se existia um trabalho da transparência na cobertura, para permitir melhor a insolação natural do gramado, evitando danos ao mesmo, já que a cobertura tem sua projeção bem colada ao limite do gramado. Nas imagens de divulgação do projeto não aparece nenhuma variação de translucidez.
Existe, sim, a preocupação com a transparência para que o gramado não tenha que ser trocado, como acontece em alguns estádios europeus onde se troca cerca de 4 vezes ao ano. O material escolhido (PTFE) também permite essa variação em degradè para conseguir o resultado.
2ª - Sobre os entulhos da demolição do Vivaldão, uma matéria falava que seriam utilizados na construção da nova arena ou transportados para outras obras da região. Gostaria de saber como esse material seria utilizado, se seria parcialmente ou totalmente utilizada na nova arena e como seria o transporte e distância dessas outras obras, considerando o custo financeiro e ambiental desse transporte.
Parte do entulho será triturado para usar como matéria prima para a nova construção. O restante será utilizado, sim, em novas obras. A distância é um dos quesitos para que se consiga o certificado LEED, há uma pontuação mínima requerida e isso restringe a distância até onde pode ser utilizado o restante do entulho. Por isso, às obras serão necessariamente próximas - cerca de 400km, o estipulado pela certificação LEED.
Fiz mais uma questão sobre os usos, se foi pedido algo específico, algum programa já definido de uso ou se era mais um conceito de múltiplos usos mesmo. A pergunta foi feita pois ao lado do estádio já há um espaço destinado a shows e um centro de convenções, captando, assim, possíveis usos do estádio. Ralf me respondeu que a arena estaria apta a receber inúmeros usos com a intenção de se sustentar financeiramente e que nesse estádio poderiam acontecer mega shows e eventos de porte maior.
Apesar do projeto ser muito bom ainda acho que poderia ser estudado um programa de eventos, de uma forma diferente: vendo quais eventos poderiam ser trazidos, quais já existem, quais tipos de eventos (shows, eventos religiosos, esportivos, convenções, etc.), ver se estão bem distriuídos ao longo do ano. Enfim, um esquema mais prático, como uma previsão da agenda, um calendário.
Além disso, durante a Bienal de Arquitetura, também acontece, pela primeira vez, um workshop de desenho urbano e estudos urbanísticos relacionando as propostas para cada cidade-sede aos seus problemas, sugerindo complementos ou modificações. Na primeira semana foram realizados os trabalhos dos grupos de Manaus, Porto Alegre (do qual participei) e Rio de Janeiro.
Sobre Manaus, foi levantada a questão do estádio com seu entorno e a possibilidade de tornar esse estádio num marco/ícone/símbolo arquitetônico, capaz de receber inúmeras visitas (garantindo mais uma fonte de renda), como o Ninho do pássaro em Beijing. Para saber mais, e como isso poderia ser feito, acompanhem as novidades do IAB-SP que disponibilizará material após o término de todos os workshops. Vale a pena conferir, acho que são questões a serem pensadas.
Grade de apresentações durante a 8ª Bienal - Clique aqui.

5 comentários:

  1. LILI!

    MUITO LEGAL ESTE SEU "COMPACTO" SOBRE A APRESENTAÇÃO DO PESSOAL DE MANAUS... MAS O FINAL DO SEU POST DEU VONTADE DE SABER MAIS SOBRE O WORKSHOP...

    FALE MAIS SOBRE ESTE ASSUNTO, E SE FOR POSSÍVEL, POSTE A EXPERIÊNCIA DE VOCÊS MAIS TARDE! QUE TAL?!

    FOI MUITO BOM ENONTAR VC NA BIENAL! BEIJOS, DANI!

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  2. Lilian, desculpe, mas o projeto de Manaus é um equívoco. Um delírio digno de Fitzcarraldo. O projeto arquitetônico pode ser lindo, bem verdinho, mas não possui um mínimo de viabilidade economica. Será um elefante verde. Justifica-lo imaginando que receitas marginais o tornarão viável é um erro. A viabilidade de um projeto como esse impõe necessáriamente sua sustentabilidade via atividade principal que é o futebol. E o Amazonas não possui massa crítica de futebol para sustentá-lo. Os times levam em média 3 mil pessoas po jogo e isso não irá mudar com uma nova arena (até porque a nova arena imporá custos mais altos para os clubes e para os torcedores). Não é por outra razão que só será erguido através de uma PPP "chapa branca"...Abraço.

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  3. Não acho que seja um equívoco. Mas acho que deve ser estudado o que realmente vai acontecer ali naquele espaço e correr atrás de possíveis novas atividades. assim se justifica a construção. Sem estudo sim, é um equívoco!

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  4. O problema Lilian é que a DECISÃO de construir já foi tomada...decidir construir primeiro e estudar a utilização depois, é uma inversão de ações que contraria o be-a-bá do planejamento de arenas (ou de qualquer outro projeto..). Será que ninguem lê nada sobre o "case" Wembley ?????

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  5. A construção dessa Arena pode ser o ponta-pé inicial para crescimento desse esporte no Amazonas, na verdade esse foi o pensamento dos seus idealizadores antes de se lançar este projeto, não creio que se tornará um "elefante verde", avante Manaus.

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