O programa consiste nas atividades a serem desenvolvidas. Esse é o primeiro item que um escritório de arquitetura deve receber para que o projeto seja desenvolvido da melhor forma possível. No entanto, podemos notar que, até agora, e ainda pedindo mais um mês, os estados ainda não tem esse estudo realizado, mas já tem o projeto "pronto".
A viabilidade dos estádios, se baseia na rentabilidade para pelo menos se manter com a mesma qualidade depois da Copa. Para isso, temos que prever os gastos e o que geraria renda suficiente.
Sobre a questão "legado", palavrinha mágica que está presente nos discursos e em todas as apresentações relacionadas à Copa 2014, podemos definir que não é viabilidade financeira, mas algo para o país.
Agora pense nas principais propostas que as cidades-sede apresentam: shoppings, centros comerciais (??? o que seriam? é uma palavra um tanto aberta "comercial"), hotéis, restaurantes.
Agora pense em um hotel. O custo para sua própria manutenção tem um valor generoso.
Um restaurante: gera renda para sua própria manutenção e grandes manutenções de um estádio? Dificilmente.
Complexo esportivo: Tem custos astronômicos de manutenção, assim como um estádio, ou mais! É um risco se não for muito bem estudado como ele gerará renda e se será aberto ao público para que não fique ocioso.
Podemos ver que grandes complexos podem disfarçar futuros problemas pelo número de atividades, pois ao mesmo tempo que aumentam as funções, aumentam muito os seus gastos pelo aumento do número de edificações a serem mantidas.
O ideal seria ter atividades internas, abaixo das arquibancadas, e, no máximo, em campo.
Voltando à questão das atividades ideais... O que significa Legado?
Dicionário Houaiss: o que é transmitido às gerações que se seguem.
Shopping center pode ser considerado algo como legado? Não acho que possa. Não acrescenta nada. Na minha opinião, vejo com potencial o estudo individual de cada estado, vendo quais setores estão defasados ou quais são promessas de sucesso, para o desenvolvimento junto ao estádio de espaços previamente destinados à atividades específicas que colaborarão posteriormente para o desenvolvimento dessas cidades, do estado e, também, do Brasil. Para isso faço exemplos do que vejo como potencial em algumas dessas cidades que abrigaram o evento da FIFA em 2014, embora existam outros temas a serem desenvolvidos:
Cuiabá: Poderia ter um centro de estudos gastronômicos com alimentos orgânicos, com cursos de capacitação da população, e estudos avançados em gastronomia. Além disso, poderia ter espaços destinados à alimentação vegetariana, à culinária local, restaurantes conceituais, espaços com biblioteca, promoção de concursos. Além de um centro de exposição e estudos científicos no setor do agronegócio.
Curitiba: Acredito que pela característica organizacional da cidade, possa ser de bom desenpenho atividades relacionadas à estudos alternativos de transportes, estudos científicos, em parceria com outras cidades-sede, como cuiabá, em combustíveis, estudos para o país todo, museu sobre o transporte nacional, exposições temporárias de novas soluções, história e exemplares de veículos, desde carros, ônibus, bicicletas, trens, metrôs e porque não até mesmo o 14 bis. Algo que conte a história da cidade em atividades sustentáveis. Estudos de desenvolvimento das cidades de forma verde, com integração de faculdades, em congressos, e produção de material para uso e consulta pública, com biblioteca para documentários, livros, teses, sobre o assunto.
Manaus: Poderia ser criado um local para estudos avançados/pesquisas com a fauna e flora (em medicina e cosmética), com exposições fixas (como, por exemplo, a história e curiosidades da amazônia) e temporátias com temas relacionadas à sustentabilidade em diversos setores e em diversos países, com concursos de fotografia, workshops de práticas sustentáveis em construção, em práticas do cotidiano, congressos, experiências sensoriais. Nesse mesmo estádio poderiam ter agências que fomentariam o turismo ecológico, incentivando ainda mais atividades que já existam ou que ainda podem ser criadas. Além dos possíveis usos com shows, festivais e congressos. ONGS, de repente, podem ter interesse em desenvolver essas atividades freqüentes de conscientização.
Recife: A cidade tem destaque no cinema nacional. Os espaços poderiam ser destinados ao cinema: produção e consumo. Workshops, cursos pagos e gratuitos, projetos sociais de produção do audiovisual. União de cineclubes que possam, nesse espaço formar uma "videoteca" onde as pessoas podem assistir curtas e longa-metragens produzidas no país todo e com seções de filmes estrangeiros como referência. Congressos e festivais nacionais ou internacionais. Praticamente um centro cultural destinado à sétima arte. Contando com espaços de lazer para apreciação de filmes individualmente, realmente aberto ao público, com biblioteca, e elaboração de concursos e cursos técnicos específicos de cada setor que o cinema envolve (aúdio, vídeo, câmeras, produção, roteiros, cenografia, etc.) que podem arrecadar dinheiro para a manutenção de seus espaços. Com bastante interação dos usuários com recursos de mídia. Além de conseguir verba, pode alavancar o cinema nacional, que vem ganhando espaço no mundo do cinema, aos poucos.
Rio de Janeiro: Possível centro cultural baseado na cultura da Brasileira, por ser uma das cidades mais conhecidas mundialmente, tem o potencial de abrir espaço para mostrar a vasta cultura brasileira, de todas as regiões (com apoio de todos os estados), para mostrar o que tanto o Brasil tem. Mudando a percepção estrangeira do Brasil e mostrando aos brasileiros tudo o que o país tem a oferecer, incentivando o turismo nacional. Poderia ser algo bem dinâmico também, onde o usuário pode interagir, crianças podem brincar, com espaços destinados a todas as idades e bastante brasileiras, sem padrões europeus, algo legitimamente nacional.
Salvador:
São Paulo: Poderia ter um museu da moda (internacional e nacional), mostrando toda a história, exposições, recebimento de desfiles (extra São Paulo Fashion Week), abrindo espaços e oportunidades para estudantes, workshops integrando universidades dos principais focos da moda no mundo (como frança, itália, Estados Unidos, por exemplo). Poderia ter também espaço de pesquisa em tendências, trabalho de tecidos e materiais com novas tecnologias que podem ser utilizados em diversos esportes (como natação, por exemplo) e com produção sustentável. Workshops que unam o uso de materiais recicláveis e clothing design. Cursos gratuitos para capacitação de costureiras, cursos para formação de modelos, de repente até parcerias com tvs, para elaboração de projetos televisivos que abrem as portas para designers e modelos jovens no mundo da moda, como programas que já firaram sucesso no mundo todo como o Project Runway e America's Next top model e brazil's next top model, por exemplo. Estudos em diversos ramos do vestuário e a interferência na vida do brasileiro e em outros países, enfim... tem muito espaço.
O problema pode vir com um estudo tardio. A arquitetura genérica de estádio, às vezes, pode complicar na elaboração desses espaços internos. O ideal é que tivessem sido feitos desde o início, sabendo exatamente quais funções os espaços que iriam abrigar para que tudo privilegiasse, ao máximo, estas funções sem posteriores complicações, limitações e falta de identidade.
Mais: Cada programa dentro do estádio tem que ter uma identidade própria, que o marquem como algo único, atraindo assim mais visitação. Sendo algo comum, não há a necessidade, curiosidade, interesse de um turista querer visitar, sendo ele brasileiro ou não. Precisamos de espaços atrativos, inusitados, inovadores.
Pena que essa palavra "legado" aparece em todos os lugares, sem ninguém saber direito do que fala.
Lilian,
ResponderExcluirMe perdoe a ignorancia, mas as suas sugestoes sao, basicamente, de que os estadios se tornem uma especie de centro de convencoes com foco em determinados topicos. Ate ai, OK.
Mas agora vamos pensar as coisas do ponto de vista do usuario.
O centro de estudos da moda em Sao Paulo sao os cursos oferecidos pela FAAP e pela AnhembiMorumbi essencilamente. O publico consumidor se encontra majoritariamente do lado direito do Rio Pinheiros. O centro de exposicoes e o shopping Morumbi. E a maioria dos hoteis de classe internacional estao proximos a Berrini.
Portanto, fica muito dificil pro estadio do Morumbi atrair qq um destes eventos. E muito mais simples fazer tudo onde tudo ja e feito.
Tanto e verdade que ha alguns projetos de shopping de alto luxo (onde se vende moda da melhor qualidade) em Sao Paulo. TODOS entre a Reboucas e o Bandeirantes.
O Morumbi teve uma ideia legal de colocar uma academia la pro pessoal ali do bairro. Boa ideia. Casa bem com restaurante, loja de produtos dieteticos, artigos esportivos. Mas e pouco.
O que os estadios precisavam fazer e se tornarem polos geradores de conhecimento com foco em educacao continuada porque isto atrairia um publico de renda mais alta continuamente. Poderiam ate se tornarem frequentadores assiduos.
No caso do Morumbi, e preciso pensar bem o tal foco, pq ao cruzar a ponte da Eusebio Matoso, o mais provavel e que a pessoa vire a direita em direcao a USP com a qual o Morumbi nao tem chance nenhuma de competir. Do lado rico do Rio Pinheiros, tem IBMEC, IBTA, GV, Mack, FAAP, etc. Todas proximas dos centros comerciais da cidade.
Este e UM dos motivos pelos quais eu considero o Jockey o melhor lugar de Sao Paulo prum novo estadio. Pirituba e longe de tudo, o Morumbi e super fora de mao. Ja o Jockey esta pertinho, do mais importante universidade do pais e do principal eixo empresarial da cidade (Faria Lima-Berrini). Cursos de educacao continuada e eventos sobre inovacao (um mundo muito mais rico que o da moda) deveriam ser o foco.
As Fundacoes da USP estao subaproveitadas, em parte, pq lhes falta estrutura; de sala de aula, estacionamento, melhores restaurantes, etc. Alem do que ninguem na USP (exceto na FEA) gosta das fundacoes. Dependendo do evento sempre aparece gente pra invadir.
Estes dois mundos (academia e empresa) sao como aqueles namorados que se amam mas onde um nao se declara pro outro. Falta alguem pra uni-los. Este "alguem" e o estadio que deveria ser construido no Jockey, que seria um centro de discussao sobre a inovacao.
Pedro
Oi, Pedro... minhas sugestões são genéricas e de exemplo somente. Sobre São Paulo, como não defendo que seja no Morumbi, embora seja isso mesmo, dificilmente não será... o caso da moda seria em um possível outro estádio. Não acho que seria um centro de convenções, mas um polo temático com inúmeras funções complementares um ao outro e que poderiam sim gerar renda para o estádio. Também não acho que gerar renda seja somente atrair publico de alta rentabilidade. O "legado" pode incluir sim, vários públicos que também gastam!
ResponderExcluirSobre a tal competição que você disse, não acredito nisso. Não acho que é competição. Mas um outro ponto de estudos! Acho que é desenvolvimento das cidades isso. Não é preciso ser distante para ser único nem ser dominante. Tendo mais infra-estrutura, qualquer que seja a função, abre-se espaço para mais cidadãos.
Eu queria dizer também que não tenho qualquer contato com o mundo da moda, mas é super potencial, gera empregos, traz investimentos e movimenta não só o ramo de design como o de modelos. São Paulo e Rio (principalmente) já tem um bom destaque nesse setor, seria legal se pudessemos dar mais oportunidades para quem trabalha nesse setor.