Livraria Cultura

11.8.09

Estádios que visam à sustentabilidade

Meu texto publicado originalmente pela Universidade do Futebol, em 3/11/2008

Não é de hoje que o tema da sustentabilidade vem rodeando todos os assuntos em nossa vida. De fato, é um ponto a ser devidamente considerado de forma a rever nossos conceitos de destruição e preservação do nosso habitat natural (já não tão natural). É por isso, que há algum tempo muitos projetos arquitetônicos visam esse meio de se auto-sustentar perante a Natureza. Seja reaproveitando a água da chuva, reciclando seus resíduos, emitindo menos poluentes ou neutralizando-os, e até mesmo aproveitando melhor a luz solar como simplesmente aumentando a captação dela durante o dia, ou usando-a como geradora de energia elétrica. Seja qual for a forma de tentar colaborar, ela é bem-vinda.

No setor esportivo, os projetos também vêm usando a tecnologia para evitar esses desperdícios. Nas Olimpíadas de Sidney, Austrália, em 2000, muitos estudiosos, com apoio do Greenpeace, fizeram um programa sustentável para o evento, contribuindo para reciclar o lixo gerado pela massa humana que um evento desses atrai, programando o destino final de móveis que deveriam ser usados nas vilas olímpicas, colocando placas fotovoltaicas para geração de energia capaz de absorver gastos parciais. Outros eventos como os Jogos de inverno de Lillehammer na Suécia (1994) e em Nagano, no Japão (1998) já abrangeram estudos verdes para a realização de eventos esportivos.

O Brasil, que agora deve começar a se preparar para a Copa do Mundo de 2014, também poderia visar tais benefícios, não só temporários, mas permanentes, suprindo as necessidades que um estádio tem durante os campeonatos nacionais ou até mesmo sul-americanos. Exemplos que podem ser seguidos é o estádio de Kent, no Reino Unido e até mesmo o estádio brasileiro em Curitiba, o Janguito Malucelli, com capacidade para 6000 torcedores.

Acima, estádio de Kent, Reino Unido

No primeiro, em Kent, por ser pequeno, os arquitetos responsáveis, do escritório Urban Edge Studio, projetaram dois lagos artificiais, que recolhem águas pluviais destinado às regas diárias do gramado. Painéis solares nas coberturas de alguns equipamentos são encarregados da eficiência energética e econômica do estádio. Os lagos, além de contribuírem para a beleza da região, ainda atraem animais.

Já no segundo, um projeto nacional, também trabalha essa maneira inteligente de se construir um estádio. Neste caso, o estádio está instalado de forma coerente, aproveitando o desnível do terreno para a escavação das arquibancadas (forma similar à inserção do Pacaembu, em São Paulo). Como complemento, essa arquibancada é completamente coberta por grama, permitindo mais permeabilidade da água de chuva. A consciência veio a partir da responsabilidade de respeitar á área onde o estádio está localizado, uma área bastante arborizada. O concreto, só foi utilizado em setores exigidos por lei, como, por exemplo, calçadas para circulação dos torcedores. As madeiras utilizadas são provenientes de reflorestamento e toda a ferragem vem de dormentes de uma ferrovia desativada.

Acima, estádio J. Malucelli, em Curitiba

São maneiras simples que algumas pessoas encontram de promover um estádio com a funcionalidade necessária e ainda com consciência ambiental. Talvez essa seja uma solução que o Brasil possa encontrar nesse caminho que agora deve ser escolhido em relação às reformas dos estádios e construção de novos. De alguma forma, algo sempre é inovador nas copas do mundo. Na última, por exemplo, na Alemanha, tecnologias de replays, show de luzes, sistemas de transportes, etc. O Brasil poderia adotar essa política ambiental como partido dos projetos. Ainda temos tempo e esse benefício em grande parte seria nosso; como marketing, como referência e principalmente, como benefício ecológico para o país. Teríamos um longo caminho pela frente, com possibilidades imensas de tornar essas idéias simples em algo extraordinário, capaz de ser referência turística e de estética agradável. Não é necessário que seja rústico para ser eficiente, e esse é o ponto em que a comissão de desenvolvimento poderia focar. Usar a tecnologia a nosso favor para tornar nossos estádios ecologicamente viáveis sem perder o padrão de qualidade estético e funcional.

Bibliografia:

http://www.jmalucelli.com.br;

http://www.treehugger.com/files/2006/08/first_eco_footb.php;

Revista Época, 14 de Fevereiro de 2000.

5 comentários:

  1. Lilian,

    Além do Estádio, o proprio campo pode seguir um modelo de sustentabilidade.

    A reutilização da água das chuvas e da própria drenagem, na irrigação; O uso de irrigação automatizada que evita desperdícios; A utilização de máquinas de corte eficientes e que tenham baixo consumo de combustível e lubrificantes; A racionalização do uso de agroquímicos; A utilização de fertilizantes orgânicos; Etc . . .

    São apenas algumas das rotinas que podem ser introduzidas no campo, para que este contribua para a sustentabilidade.
    Artur Melo
    artur.melo@gramadosesportivos.eng.br
    82 9926-6666

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  2. Olha! Muito legal esse tipo de complemento que você fez, Artur.
    Gostei de saber como pode ser praticada a sustentabilidade no campo em si. Obrigada!

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  3. O Jotinha podia investir em um Estádio mais Moderno para 2014, O Janguito Malucelli é Ecológico, Mas é fora de Moda, Podiam construir um Ecológico, Mas com Modernidade ... Concordam?

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    1. Haha, gostei do comentário. Não é bem fora de moda né. Mas esteticamente não é tão agradável. Ele não tem formas tão bem elaboradas. Parece tudo meio artesanal. Acho que é mais isso. O que, para alguns, também é legal. Acho que entra um pouco questão de gosto. Mas acho que com a tecnologia, realmente, os efeitos podem ser potencializados, e, de repente, ser muito mais sustentável, desde que estudados a fundo a tecnologia utilizada. Mas já é legal ter esse iniciativa. De eles terem feito já há mais tempo, quando mais gente nem pensava em nada, quando a copa não era tão iminente.

      Obrigada pelo comentário. Espero que continuem investindo no estádio e aprimorando cada vez mais técnicas, ou inovando mais, nem que artesanalmente. Vai que inspiram os outros estádios com novas idéias e novas tecnologias baseadas nessas iniciativas... Abraços.

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  4. O Jotinha podia investir em um Estádio mais Moderno para 2014, O Janguito Malucelli é Ecológico, Mas é fora de Moda, Podiam construir um Ecológico, Mas com Modernidade ... Concordam?

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